sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Atravessando o Deserto do Atacama

No porto de Arica, junto aos pelicanos.


Em janeiro de 1998, após minha aventura no Aconcágua, parti para o norte do Chile para tentar cruzar de bicicleta o Deserto do Atacama, o mais árido do mundo, pela Rodovia Panamericana. Escolhi o trecho entre Arica e Antofagasta, aproximadamente 700 kms.


Eu já havia passado pelo deserto do Atacama antes em mais de uma ocasião. Mas agora seria diferente nesta travessia solitária. Municiei-me com uma barraca, bastante líquido (pelo menos a quantidade de água que eu julgava suficiente), ferramentas e itens básicos da bicicleta e alimentos concentrados.






O deserto do Atacama possui algumas peculiaridades que fazem dele um lugar ímpar. Ele está localizado na região norte do Chile e com cerca de 1000 km de extensão, é considerado o deserto mais árido do mundo, pois chove muito pouco na região, em consequência das correntes marítimas do Pacífico não conseguirem passar para o deserto, por causa de sua altitude. Em alguns trechos ele é muito alto. Quando as correntes marítimas carregadas se evaporam, as nuvens úmidas descarregam seu conteúdo antes de chegar ao deserto, podendo deixá-lo durante épocas sem chuva. Isso o torna de aridez incrível. Segundo alguns cientistas, em alguns trechos do solo, não há nem bactérias.

Eu pedalava bem e a travessia, excetuando o cansaço e os ventos fortes que quase derrubam os ciclistas, era de uma monotonia só. A estrada era pouco movimentada e a paisagem, muitas vezes, monótona. Mas eu não podia reclamar - depois de dois dias cheguei no trecho mais próximo ao mar, de um verde e beleza indescritíveis.


No caminho encontrei-me com um brasileiro que estava vindo de motocicleta desde os Estados Unidos. Conversamos bastante no meio do deserto.



 Eu parava nos postos de combustível, onde reabastecia minha reserva de água e, se necessário, comprava algum alimento.




No final da tarde eu já começava a observar os cantinhos da estrada, à procura de algum lugar onde pudesse armar minha barraca a salvo dos olhares de quem passava pela estrada.





No final de cinco dias eu já estava em Antofagasta, onde, com uma enorme vontade de comer frutas, passei perto de uma feira e matei minha vontade. Hospedei em um hotel simplesinho e tomei um banho bem gostoso.



Estava tão bem condicionado fisicamente que aquela aventura pareceu fácil. Na rodoviária, antes de pegar a magrela e colocá-la no bagageiro do ônibus, foi que, conversando com outros ciclistas que apareceram por lá, vi que tinha realizado algo temerário - eu havia feito o percurso de forma solitária - algo não recomendado para o deserto do Atacama. Mais uma vez o lema de Lao Tsé tinha me conduzido. Agradeci a Deus por mais essa aventura. É isso aí.

"Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez". Lao Tsé.

2 comentários:

Vanderlei José Torroni disse...

Olá amigo,

parabéns pela viagem.

pretendo efetuar a viagem em 04/2013 e gostaria de maiores informações.

Obrigado

Vanderlei Torroni
vjtorroni@gmail.com

Anônimo disse...

Olá! !
Vou fazer a travessia no ano que vem.
Também gostaria de alguns conselhos.
Esde ja agradeço.

totalrioalexandre@gmail.com

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