domingo, 1 de agosto de 2010

Três Provas da Existência de Deus por Descartes

Para René Descartes, três são as provas da existência de Deus:

a) a idéia de Deus supõe ao mesmo Deus;

b) o imperfeito pressupõe o perfeito, Deus;

c) a idéia do ser perfeitíssimo inclui a priori sua existência (argumento a priori).

Percebe-se que em Descartes, as provas seguem a linha de raciocínio de seu método. Aqui apresento apenas um esboço de suas idéias, pois ele as desenvolve com profundidade.

a) A idéia de Deus supõe ao mesmo Deus.

Há no ser humano uma idéia inata de Deus e considerando, por outro lado que as idéias são objetivas, só resta admitir que esta idéia inata nos faz conhecer efetivamente a existência de Deus.

Nesta prova estão implicadas duas condições: a objetividade das idéias e que de fato tenhamos tal idéia inata de Deus. Isto suposto, invoca-se a Deus como causa da referida idéia. Em outras palavras, a idéia de um ser perfeito tem como causa adequada um ser perfeito, Deus.

A existência da idéia de Deus, posta em nós sem poder ter sido produzida por nós, supõe antes de tudo que esta idéia efetivamente não possa ser produzida por nós.

Para Descartes, a realidade objetiva de nossas idéias requer uma causa, em que esta mesma realidade esteja contida, não só objetiva, mas também formal, ou eminentemente.

b) O imperfeito pressupõe o perfeito, Deus.

Para Descartes, o autor de nossa existência não poderia ser o próprio homem (dada a sua condição de imperfeição), mas somente Deus.

Em Meditações Metafísicas ele afirma: "... considerarei se eu mesmo, que tenho essa idéia de Deus, poderia existir no caso que ele não existisse. E pergunto: de que se teria originado a minha existência? De meus pais ou de algumas outras causas menos perfeitas que Deus, visto que coisa alguma pode imaginar-se mais perfeita, nem sequer igual a Ele".

Do perfeito para o imperfeito, o filósofo trabalha três questões: a criação, a existência e a conservação. O homem não pode ter criado a si mesmo, não pode existir por si mesmo e não pode conservar-se a si mesmo.

c) A idéia do ser perfeitíssimo inclui, a priori sua existência.

Aqui temos um argumento utilizado por Anselmo (de forma diferente) remodelado. Não nos é possível separar da idéia da essência de Deus a sua existência. Pelo método cartesiano da idéia clara e distinta, a idéia de um ser perfeitíssimo implicava na existência deste ser, pois do contrário não seria a idéia de um ser perfeitíssimo.

Em Descartes temos clara e distintamente que em Deus a existência é inseparável de sua essência. Sendo que tenho a idéia de Deus, conheço a sua existência. Em Meditações Metafísicas lemos “... é bem certo que acho em mim mesmo a sua idéia (de Deus), quer dizer, a idéia de um ser sumamente perfeito, como acho a idéia de qualquer forma ou maneira, conhecendo demais, que uma existência atual e eterna pertence a sua natureza, com não menor distinção e clareza que quando conheço que tudo quanto posso demonstrar de um número ou de uma forma pertence realmente à natureza deste número ou dessa forma... Vejo manifestamente que é tão impossível separar da essência de Deus sua existência, como da essência de um triângulo retilíneo o que na magnitude dos seus ângulos é igual a duas retas, como da idéia de uma montanha ou vale. De forma que não há menos repugnância em conceber um Deus, isto é, um ser sumamente perfeito mas a quem falte existência, isto é, a quem falte perfeição, que em conceber uma montanha sem vale...

Não que o meu pensamento possa fazer com que seja assim, nem que imponha necessidade alguma às coisas, pelo contrário, a necessidade que há na coisa em si mesma, quer dizer, a necessidade da existência de Deus é que me determina ter esse pensamento, pois não sou eu livre de conceber a Deus sem existência, isto é, a um ser sumamente perfeito sem perfeição, do mesmo modo que sou livre para poder imaginar um cavalo com asas ou sem elas.

Para filósofos anteriores como Platão, Aristóteles e Tomás de Aquino, as essências são absolutas e eternas. Para Descartes, ao tratar dessa forma a existência de Deus, vemos que as essências são também objetivas.

5 comentários:

Anônimo disse...

Na alínea b, fica claro a existência de um Deus supremo e perfeito! se olharmos para relação que o homem tem com a natureza e o facto da mulher possuir qualidade que o homem necessita e não pode encontrar na natureza, logo veremos que o homem foi feito por alguém para desfrutar dessas duas coisas magnificas:
Homem - natureza - mulher
Mulher – natureza - homem

Tanto o homem como a mulher possuem dois tipos de necessidades, espirituais (conhecimento, amor) e carnais (fome, luxúria,), e todas essas necessidades ele encontra na terra e em si próprio! Será que o caso poderia colocar no homem essas necessidades e dar-lhe a solução?
Será que um suposto 1º homem fez o outro homem dessa maneira? Logo, as respostas para ambas perguntas têm apenas uma resposta; alguém fez o homem e esse alguém não pode ter sido feito, pois se um feito tivesse feito o homem não existiria princípio!
Deus existe, é perfeito e supremo!

Anônimo disse...

Como ele avança sua argumentação? A que ponto ele chega? Qual sua primeira "afirmação indubitável"? Por que motivo ele supõe que ela não possa ser colocada em dúvida?

carlos disse...

É verdade mesmo que Deus existe? Tenho lá minhas dúvidas se o Mesmo realmente existe. Ou se não fomos nós que o inventamos...ainda depois da incrível refutação de Hume sobre a Metafísica de Dercates.

Anônimo disse...

Podem questionar o quanto nunca será racional a ideia de infinitos planetas diversos seres e mais seres humanos como nós com essa tendência para o bem e para o mal , inteligencia etc , faculdades mentais criadas pelo Ser Superior que chamo de Deus Todo Poderoso (pois o perfeito cria e pode oque quer) não teria como ser criado assim por um acaso pois algo imperfeito não se cria nada, eis a lei da evolução buscando o ''ponto de chegada'' chamado Pai celestial

Anônimo disse...

parabens pelo seu saber,por seu grau evolutivo, pelo seu esforço de propagaçaopelas provas filosóficas de DEUS.
Estas e outras devem ser fundidas às matemáticas e ás evidencias científicas formando uma teoria sólida que há de desbancar o nada , o acaso ou o mecanicismo materialista dominante por enquanto.
Se o Sr. não leu , leia a
A Grande Síntese de Pietro Ubaldi

Jose
Carlos

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...