quinta-feira, 30 de junho de 2011

Os jesuítas e a Educação no Brasil Colônia

Os jesuítas no Brasil Colônia
Frank V. Carvalho

Os jesuítas são uma ordem fundada por Inácio de Loyola, em Paris (1534), com objetivos de levar o catolicismo a novos povos e de fazer frente à expansão da reforma protestante. Os primeiros jesuítas chegaram ao território brasileiro em 1549 juntamente com o primeiro governador geral, Tomé de Souza. À frente estava o famoso padre Manoel de Nóbrega. Contudo, o primeiro ‘professor’, no sentido da palavra, foi Vicente Rodrigues, que na época tinha apenas 21 anos. Durante os próximos 50 anos dedicou-se ao ensino e a propagação da fé católica. Mas o mais conhecido e (talvez) atuante foi o padre José de Anchieta.

Anchieta tornou-se mestre no Colégio de Piratininga. Além disso foi missionário em São Vicente (SP), onde escreveu na areia De beata virgine Dei matre Maria, missionário em Piratininga, Rio de Janeiro e Espírito Santo; provincial da Companhia de Jesus de 1579 a 1586 e reitor do Colégio do Espírito Santo. As rivalidades dos jesuítas com os protestantes também se apresentam em sua experiência - infelizmente participa da condenação em 1559 de um refugiado huguenote, o alfaiate Jacques Le Balleur. Mas os aspectos positivos se sobressaem e é dele o primeiro livro didático (e pedagógico) utilizado no Brasil: A Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil, impressa em Coimbra em 1595 por Antonio de Mariz. É a primeira gramática contendo os fundamentos da língua tupi.

Os jesuítas se dedicaram a propagação da fé católica e ao trabalho educativo. Dispuseram-se a ensinar aos índios a ler e escrever. De Salvador a obra jesuítica estendeu-se para o sul e em 1570, vinte e um anos após a chegada, já era composta por cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia).

Nas escolas jesuítas funcionavam alguns princípios que se mantiveram por mais de duzentos anos: unificação do método de ensino por todos os professores, ênfase na concentração e na atenção silenciosa dos alunos e um processo de ensino ligado à repetição e memorização dos conteúdos apresentados. Todos estes princípios se sobressaem na Ratio Studiorum (Ordem dos Estudos), síntese da experiência pedagógica dos jesuítas, composta de normas e estratégias, que visavam à formação integral do homem, de acordo com a fé e a cultura católica daquele tempo.

Os jesuítas não se limitaram à alfabetização; além do curso básico, eles ofereciam os cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes.

No curso de Letras estudava-se Gramática Latina, Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia estudava-se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Quem pretendia avançar (e possuía influência ou recursos), ia estudar na Europa, na Universidade de Coimbra, em Portugal, a mais famosa no campo das ciências jurídicas e teológicas, ou na Universidade de Montpellier, na França, na época, a mais procurada na área da medicina.

Para afastar os índios dos interesses dos colonizadores, os jesuítas criaram as missões, estas, mais afastadas, no interior do país. Nessas missões, os índios, além de passarem pelo processo de catequização, também foram orientados no trabalho agrícola, que garantia a todos (índios e jesuítas) uma fonte de renda. Essa ‘boa idéia’ acabou se transformando em uma armadilha: as missões transformaram os índios nômades em agricultores de endereço fixo, o que contribuiu para facilitar a captura deles pelos colonos, que conseguiram, muitas vezes capturar tribos inteiras nas missões.

Duzentos e dez anos de educação e influência dos jesuítas chegaram ao fim em 1759 (1760). Sebastião José de Carvalho, o Marquês de Pombal (primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777), acusou-os de conspirarem contra o reino e os expulsou de todas as terras sob a influência de Portugal. No momento da expulsão os jesuítas mantinham 36 missões e 17 colégios e seminários. Isso, além dos seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades onde havia casas da Companhia de Jesus. Com a saída dos jesuítas, a educação brasileira vivenciou uma grande ruptura histórica em seu processo educacional – afinal de contas, o modelo jesuítico era um processo implantado e consolidado como modelo educacional em nosso país.

Fonte da Imagem: www.histedbr.fae.unicamp.br

16 comentários:

Anônimo disse...

ótima definição, bem simples porem muito explicativa..

Anônimo disse...

Ótimo texto,nos permite ter uma visão direta de forma simples.

Anônimo disse...

What's up, just wanted to mention, I enjoyed this blog post. It was helpful. Keep on posting!

Also visit my blog: our website

Anônimo disse...

Gеnеrally I do nοt read post on blogs,
but I wоulԁ like to sаy that this wгitе-up vеry forced mе tο try and do іt!
Your writing ѕtyle has been surprised me.
Thаnk you, quite great post.

Look at my web site ... chatroulette

Anônimo disse...

Seu texto é fantástico. É de grande valia para a analise e pesquisa.

Anônimo disse...

Muito boa a explicação! O texto é simples e direto, além de difundir o conteúdo para todos que o leem. Parabéns!

Anônimo disse...

Muito bom simples e direto ao ponto.
Parabéns!

Anônimo disse...

Muito bom simples e direto ao ponto.
Parabéns!

Unknown disse...

Maravilha!!! o resumo dos resumos do meu livro

Anônimo disse...

Nossa! Perfeito! Obrigada por ser tão objetivo, simples e convicto.

Fernando disse...

Ótima publicação! É sempre muito gratificante ler publicações que levantam questões históricas importantes como estas, que ajudaram a construir a cultura de um povo e um país. Sou professor e educador, e como uma pessoa bastante engajada na área da educação e comunicação, recomendo que um povo tenha conhecimento histórico sobre sua cultura, país, idiomas, etc. Isto será a base de uma educação. Os jesuítas foram missionários. Sua missão como catequizadores foi levar os nativos a um sólido conhecimento acadêmico agregado à arte, cultura, construções, civilização e, principalmente, conhecimento espiritual.

Fernando disse...

Ótima publicação! É sempre muito gratificante ler publicações que levantam questões históricas importantes como estas, que ajudaram a construir a cultura de um povo e um país. Sou professor e educador, e como uma pessoa bastante engajada na área da educação e comunicação, recomendo que um povo tenha conhecimento histórico sobre sua cultura, país, idiomas, etc. Isto será a base de uma educação. Os jesuítas foram missionários. Sua missão como catequizadores foi levar os nativos a um sólido conhecimento acadêmico agregado à arte, cultura, construções, civilização e, principalmente, conhecimento espiritual.

Anônimo disse...

Òtimo, sua pesquisa e bons comentarios sob esta ordem...

Mas seria aplaudido se publicasse porque o marques de pombal o expulsaram do Brasil e etc.

"Conheceis a verdade e verdade vos libertará."

Jorge Rosseto disse...

Olá, sou um admirador da educação antiga e estudo avaliação do aluno se diretiva ou não diretiva. Oque se dava no passado como visível para que o aluno pertencesse o grupo dos que adquiram conhecimento ou não adquiriram conhecimento. Seria prova, teste, questionários oque?
Uma vez que mais a frente, anos depois estabelece regras neste sentido.

Se poder ajudar, já fico mui grato.

liggiany disse...

Isso mesmo Anónimo,tambem penso como vc,parabens pelo seu comentario

Unknown disse...

Texto excelente! Podemos perceber o poder de síntese do autor ao falar de um período histórico longo, porém de maneira rápida e sucinta. O citarei em minha pesquisa de monografia. Sucesso!

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...