segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Súplica

Súplica
Frank Viana Carvalho

Tenho andando com o coração tão inquieto
Que, somente ao Teu lado, tendo a Ti bem perto
É que no fim do túnel, consigo avistar uma luz
E sinto diminuir meu fardo, o peso da minha cruz

A felicidade, a paz, o sossego e a segurança
Se foram há tanto tempo, não os tenho como herança
E mesmo no convés do meu barco, sinto o mesmo adernar
Tão tempestuosas são as águas deste revolto mar

A experiência e o discernimento não me mostram uma saída
O que me faz pensar que na jornada da vida
A felicidade, tão almejada, é apenas passageira
(Pois) quando a queremos, ela deixa a viagem, sorrateira

E assim, as coisas que mais almejamos e amamos
Parecem nunca ocorrer da maneira que planejamos
Mas não desisto, persisto, buscando ainda encontrar
Um porto, um refúgio, para meu barco atracar.

Compus este poema em 1986, em um momento de reflexões difíceis e angustiantes. Bem, o tempo passa e é interessante olhar para trás para revisitarmos nossos conceitos.

Conquistando o Agulhas de Bike - Parte I

No final de agosto de 1998 estávamos na Dutra em direção à divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro. O plano inicial era ir ao Parque Nacional da Serra da Bocaina (PNSB) e começar os preparativos para uma travessia que faríamos com um grupo no feriado de setembro. Conversando, vimos que não daria tempo de chegar à trilha imperial e voltar para compromissos em São Paulo.


Numa análise tranqüila decidimos andar um pouco mais e visitar o Parque Nacional do Itatiaia, para uma escalada no Agulhas Negras. O fusquinha encarou com facilidade os 40 kms de subida de Engenheiro Passos-RJ até ao Parque do Itatiaia, mesmo com três marmanjos, bagagem e duas bikes no bagageiro. Chegamos cedo e logo estabelecemos o desafio: o Elias e eu colocaríamos as duas bikes no topo do Agulhas, enquanto o Eliandro levaria a mochila, o equipamento fotográfico e prestaria auxílio, se necessário. Por que a aventura? A verdade é que já havíamos subido o Agulhas e não queríamos simplesmente subir outra vez. No entanto decidimos ser cuidadosos e não desafiar a montanha, pois alguns trechos são extremamente perigosos e qualquer descuido pode ser fatal.

Às sete e meia saímos da casa de pedra, Abrigo Rebouças, ponto de referência para o início da subida. Como era bem cedo, decidimos deixar qualquer peso extra que pudesse nos impedir de conseguir o nosso alvo. Levamos na mochila apenas uma bússola comida e uma barraca. Olhamos na bússola e fixamos dois pontos referenciais: o topo e a estradinha atrás da casa de pedra. Bikes nos ombros ou nas costas seguimos com relativa facilidade até a base do Agulhas, no córrego Agulhas Negras. Aí a situação se complicou um pouco: como a subida era íngreme, o peso da bicicleta forçava o corpo para trás ou para o lado, desequilibrando-nos e nos levando a reforçar a atenção e os músculos. Agarrados às fendas na rocha nua, às vezes até deitávamos o corpo na pedra e puxávamos as magrelas. Em outros momentos a vegetação se fechava, dificultando levar as bicicletas às costas ou nos ombros e elas tinham literalmente que ser puxadas “à força”.

Outros grupos de montanhistas que subiam pelo mesmo caminho nos olhavam com ar de surpresa e reforçavam o desafio. Alguns não acreditavam. Uma moça nos perguntou diretamente: - Por que vocês vão subir com duas bicicletas lá no topo? Sorrimos educadamente sem dizer nada, e em seguida perguntamos a ela: - Por que você quer chegar no topo? E ela respondeu: - É, vocês me pegaram!

Finalmente chegamos à parte tecnicamente mais difícil. A canaleta na montanha que leva à fenda do estudante era desafiadora. Se passar por aquele lugar já era difícil, imagine com duas bicicletas. A partir deste trecho o Eliandro passou a nos ajudar para que conseguíssemos o nosso objetivo. Avançamos, ajudando algumas pessoas dos grupos que passavam pela trilha ou utilizando as cordas presas por eles. Em um trecho de 250 metros levamos cerca de duas horas e meia. Chegamos à fenda do estudante. Um de nós foi na frente, e com a “aranha” que levamos içou as bikes para a parte superior da pedra. Após a fenda, quando julgávamos que a coisa ficaria mais fácil, a situação se complicou um pouco. Carregar as bikes naqueles últimos trechos estreitos, tendo a pedra à direita e o precipício à esquerda não foi nada fácil. Mas conseguimos!


Chegamos ao topo! A turma que já estava lá aplaudiu o nosso feito e vibraram junto com a gente. O tempo estava muito bom e dava uma visão fascinante de todo o maciço do Itatiaia. Deu tempo para anotarmos os nossos nomes no livro e trocar endereços com várias pessoas que chegaram ao cume naquele dia.

Uma experiência de fato interessante aconteceu lá no pico. Vi uma fenda na Rocha e mais abaixo vi dois montanhistas. Imaginando que eles haviam descido pela fenda, escorando com as mãos decidi descer pelo mesmo local. Dessa forma, sem nenhum equipamento, a não ser minhas mãos e pés escorando de cada lado da fenda, desci vários metros. Ao chegar lá embaixo, vi que só poderia subir novamente com o auxílio de cordas.



Ao ser puxado para cima, o Elias me chamou de lado e disse que todos que viram aquilo ficaram boquiabertos e disseram - este cara é louco, é impossível descer por aí e desse jeito. Mas aconteceu - por não saber que era impossível e tão arriscado, eu fiz aquilo.

Ficamos cerca de uma hora lá em cima e às três da tarde começamos a descida. A maioria dos montanhistas e alpinistas decidiriu descer pelo caminho mais fácil: a chaminé da vovozinha. Apesar do cansaço, nós optamos por fazer novamente a passagem da fenda do estudante.

Conquistando o Agulhas de Bike - Parte II

Antes de atingirmos a fenda do estudante, a roda de uma das bicicletas se prendeu em uma fenda e se soltou da magrela, rolando ante os nossos olhos rumo ao precipício. Foi terrível. Ficamos paralisados vendo a danada voar despenhadeiro abaixo. Nosso grande temor era de que ela atingisse alguém lá embaixo, o que felizmente não aconteceu. Continuamos e embora a nossa descida estivesse indo num ritmo mais acelerado do que a subida, o cansaço fazia parecer uma trilha sem fim.


Por volta das cinco e meia, a neblina chegou e em minutos cobriu tudo. Não dava para ver nada. O frio aumentava junto com o cansaço. Quando chegamos no riozinho que marca a base do Agulhas, a noite já havia chegado e não conseguíamos enxergar quase nada. Com a neblina e a escuridão, sabíamos que seria fácil errar o caminho e avançamos meio às cegas, devagar, quase parando. Não dava para ver mais nada, nem o caminho, nem o monte às nossas costas. Como nessas horas sempre se busca o caminho mais fácil, acabamos seguindo por uma trilha adjacente à principal rumo ao Prateleiras. Em pouco tempo a trilha fácil foi parar em uma região de pequenas lagoas e pântanos. A bússola indicava o rumo certo, mas o cansaço, o frio, a fome e a escuridão pareciam se unir para impedir que conseguíssemos chegar à estrada. Seguindo à frente, eu me atolei tanto num pântano que só saí com a ajuda do Eliandro. Cansado e com muita dificuldade para enxergar, o Elias passou a bike para o Eliandro. Na frente, outra vez me atolei em outro pântano. Decidimos deixar as bikes e seguir em direção à estrada. Caminhamos seguindo o rumo da bússola, mas a cada passo as dificuldades aumentavam. O Elias bateu forte o joelho em uma pedra e sem enxergar, caí feio machucando uma das costelas. Decidimos não arriscar mais. Parar e esperar o dia amanhecer era a melhor decisão. A despeito de todos estes contratempos, agimos sempre com bom senso, em nenhum momento discutindo ou brigando.

Armamos a barraca rapidamente e entramos, pois o frio era pesado. Molhado e batendo queixo, fui colocado no meio para ficar mais aquecido. Choveu e depois veio aquele silêncio incrível das montanhas. Comemos um pouco e conversamos sobre aquela situação e sobre a oportunidade impar que ela significava no aprendizado e na experiência. Não haver colocado uma lanterna, fósforos e saco de dormir na bagagem foi excesso de autoconfiança e em certo sentido, erro inaceitável para montanhistas com a nossa experiência. Dormimos com os corpos doloridos e com o coração agradecido a Deus por estarmos abrigados e unidos numa situação adversa.

Levantamos cedo e às 5:45 já havíamos desmontado a barraca. Com o tempo claro avistamos a estrada a apenas 500 metros. Logicamente o caminho não era fácil, mas a bússola não errara e nós também não. Só que, na noite anterior, naquelas condições, gastaríamos entre três e quatro horas para chegar à estrada.

Às sete e meia já estávamos guardando nossas coisas no carro. Na entrada do Parque recebemos a roda que havíamos perdido na montanha. Pé no acelerador e às duas da tarde já estávamos em São Paulo, prontos para outras aventuras.


Frank V. Carvalho

sábado, 13 de novembro de 2010

Parque Nacional da Serra da Bocaina - Trilha do Ouro

                                                          Voltamos à Bocaina!!!


Matheus observa enquanto a Amanda já faz seus alongamentos. Mas ainda estamos em São Paulo (Cotia)
Chegamos em São José do Barreiro - SP, no Coreto que é a "foto tradicional" do começo da Aventura.

Ainda é tudo 'Festa'!!!

Chegamos à entrada 'rústica' do Parque Nacional da Serra da Bocaina:
(agachados) LeRoy, Leonardo, Amanda, Rodolfo (camiseta azul), Thaís e Renata; (de pé) Frank, Jhonathan, Helivelton, Letícia, Pâmela, Matheus, Larissa e Rodrigo.

Começou a Caminhada - só faltam 64 kms!!!

Uau, que gostoso! Cachoeira de Santo Isidro; E isso é só o começo!

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...