terça-feira, 11 de outubro de 2011

Célestin Freinet

Célestin Freinet (1896 – 1966) nasceu na pequena cidade de Gars, na França e estudou numa pequena escola, onde não havia manuais escolares e, enauqnto estudante de uma Escola Normal, assumiu aos 18 anos sua primeira turma, em substituição a um professor convocado para a guerra de 1914. Logo chegaria a sua vez de enfrentar os horrores da guerra, onde é gravemente ferido no pulmão, em 1917. Não chega a concluir o Curso Normal, mas como grande leitor e pesquisador, adquire os conhecimentos necessários para a sua atuação como professor.

Apesar da deficiência respiratória, continua na profissão, mas sua dificuldade de falar por mais de 10 minutos o leva a procurar outra maneira de dar aula, diferente da adotada na escola tradicional. Tenta se informar sobre os movimentos de renovação da escola, através de leituras e visitas a escolas em outros países, mas constata que essas experiências não o ajudavam na sua sala de aula, por serem ou muito teóricas ou realizadas em condições diferentes das que vivenciava.

Iniciou, então, suas próprias experiências, levando os alunos a visitarem a cidade, observando o padeiro, o ferreiro e muitas coisas interessantes. Ao voltarem à escola, escreviam no quadro suas experiências, mas como precisavam ler e as leituras dos manuais não tinham interesse, Freinet procurou uma máquina para imprimir os textos dos alunos. Apesar de aconselhado a desistir, insistiu e acabou encontrando um limógrafo (uma pequena e limitada impressora). Cada dia imprimiam pequenos textos que eram lidos pelos alunos e, em seguida, passaram a ser enviados a um colega, Daniel, que também havia comprado um limógrafo. Com essa troca de correspondência, já tinham dois livros da vida. A troca de cartas foi seguida pela troca de pequenas encomendas e, mais tarde, de gravações e pequenos filmes. "As técnicas tradicionais são isoladas da vida e todos os alunos se desinteressam. Precisamos restabelecer o circuito para ligar a escola à realidade", afirmava Freinet.

Freinet preconiza o método natural de aprendizagem. O aluno tem de aprender na escola como aprende na família, através do tateio experimental. Veja o que fala o próprio Freinet: “É essencial o amor ao trabalho, juntamente com a curiosidade. Precisamos dissociar o trabalho do dever. Desenvolver o gosto pelo trabalho. A linha de montagem não é trabalho e deveria ter outro nome. É preciso integrar a criança a seu meio. Formar pessoas que saibam aonde vão, não importa a profissão. Não devemos facilitar a adaptação ao regime; O cidadão precisa ter coragem de protestar, de expressar seu ponto de vista. Esta é uma função da educação. O progresso vem das pessoas que não fazem o que os outros fazem. Aprender a se criticar e a criticar os outros.

A avaliação também tem de ser diferente. Adotamos o sistema de 'brevês'. Cada sábado e cada mês os docentes fazem exposições do que os alunos fizeram e, no final do ano, eles recebem os "brevets" variados: contador de histórias, nadador, ceramista, gravador etc. Cada um tem uma especialidade diferente. Procuram fazer a criança ter sucessos e não fracassos. A preparação profissional começa desde o início da escolaridade e não no final, mas sem escolhas prematuras.

Freinet e seus alunos - década de 1930
Não sabemos como será o amanhã. Precisamos preparar a criança para se desembaraçar nessa sociedade, para dominar a sociedade e não para ser dominada por ela."

A pedagogia Freinet é centralizada na criança e baseada sobre alguns princípios: senso de responsabilidade; senso cooperativo; sociabilidade; julgamento pessoal; autonomia; expressão; criatividade; comunicação; reflexão individual e coletiva; afetividade.

29 Invariantes Pedagógicas

1. A criança é da mesma natureza que o adulto.

2. Ser maior não significa necessariamente estar acima dos outros.

3. O comportamento escolar de uma criança depende do seu estado fisiológico, orgânico e constitucional.

4. A criança, mais do que adulto, não gosta de ser mandada autoritariamente. Toda ordem sob forma autoritária é um erro.
Construção da 'Escola Freinet' de Vence (1930-1940)

5. A criança e o adulto não gostam de uma disciplina rígida, quando isto significa obedecer passivamente (sem interiorização e compreensão) uma ordem externa.

6. Ninguém gosta de ser obrigado a realizar determinado trabalho mesmo que, em particular, ele não o desagrade (a imposição leva à passividade). Toda atitude imposta é paralisante.

7. Cada um gosta de escolher o seu trabalho, mesmo que essa escolha não seja a mais vantajosa.

8. Ninguém gosta de trabalhar sem objetivo, atuar como máquina,sujeitando-se a rotinas nas quais não participa.

9. É fundamental a motivação para o trabalho.
Alunos utilizam o Fichário de Consulta

10. É necessário abolir a escolástica (modelo de ensino medieval). Todos querem ser bem sucedidos. O fracasso inibe, destrói o ânimo e o entusiasmo. Não é o jogo que é natural na criança, mas sim o trabalho.

11. Não são a observação, explicação e demonstração processos essenciais da escola - únicas vias normais de aquisição de conhecimento, mas a experiência tateante, que é uma conduta natural e universal.

12. A memória, tão preconizada pela escola, não é válida, nem preciosa, a não ser quando está integrada no tateamento experimental, onde se encontra verdadeiramente a serviço da vida.

13. As aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis, como às vezes se crê, mas sim pela experiência. Estudar primeiro regras e leis é colocar o carro na frente dos bois.
Freinet e as crianças de seu Instituto - década de 1950

14. A inteligência não é uma faculdade específica, que funciona como um circuito fechado, independente dos demais elementos vitais do indivíduo, como ensina a escolástica.

15. A escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteligência, que atua fora da realidade e fica fixada na memória por meio de palavras e idéias.

16. A criança não se cansa de um trabalho funcional, ou seja que atende os rumos de sua vida.

17. A criança e o adulto não gostam de ser contrariados e receber sanções, isso caracteriza uma ofensa à dignidade humana sobretudo se exercida publicamente.

18. As notas e classificações constituem sempre um erro.

19. Fale o menos possível.

20. A criança não gosta de sujeitar-se a um trabalho em rebanho (grandes grupos). Ela prefere o trabalho individual ou de equipe (pequenos grupos) numa comunidade cooperativa.

21. A ordem e a disciplina são necessárias na aula.

22. Os castigos são sempre um erro. São humilhantes, não conduzem ao fim desejado e não passam de paliativo.

23. A nova vida da escola supõe a cooperação escolar, isto é, a gestão da vida pelo trabalho escolar pelos que a praticam,incluindo o educador.

24. A sobrecarga das classes constitui sempre um erro pedagógico.

25. A concepção atual dos grandes escolas conduz professores e alunos ao anonimato, o que é sempre um erro e cria barreiras.

26. A democracia de amanhã prepara-se na escola. Um regime autoritário na escola não seria capaz de formar cidadãos democratas.

27. Uma das primeiras condições da renovação da escola é o respeito à criança e por sua vez, a criança ter respeito aos seus professores; só assim é possível educar dentro da dignidade.

28. A reação social e política, que manifesta uma reação pedagógica, é uma oposição com o qual temos que contar sem que se possa evitá-la ou modificá-la.

29. É preciso ter esperanças otimistas na vida.

As Técnicas Freinet

1. Aula Passeio

Por acreditar que o interesse da criança não estava na escola e sim fora dela, Freinet idealizou esta atividade com o objetivo de trazer motivação, ação e vida para a escola.

2. Texto Livre

É a base da livre expressão, pode ser um desenho, um poema ou pintura. A criança determina a forma, o tema e o tempo para sua realização. Porém se a criança desejar que seu texto seja divulgado deverá passar pela correção coletiva.

3. Imprensa Escolar
Os próprios alunos montavam os textos para a Imprensa a
partir dos 'tipos' (letras) móveis.

Seu ponto de partida são as entrevistas, pesquisas,vivências e aulas-passeio. Freinet usava o limógrafo. Todo processo de construção e impressão é coletivo.

4. Correção

Para o texto ser divulgado é necessário que esteja perfeito e a correção é fundamental. Ela pode ser feita coletivamente, ou em auto-correção. Freinet acredita que o "erro" deva ser trabalhado com a criança para que ela perceba e faça o acerto.

5. Livro da Vida

Funciona como um diário da classe, registrando a livre expressão (texto,desenho e pintura). Esta atividade permite que as crianças exponham as seus diferentes modos de ver a aula e a vida.

6. Fichário de Consulta

Põe a disposição da criança exercícios destinados à aquisição dos mecanismos do cálculo, ortografia, gramática, história, ciências e etc. São construídas em sala de aula pelos professores na interação com a turma. Freinet criticava duramente os livros didáticos, pois muitos estavam fora da realidade da criança.

7. Plano de Trabalho

Tendo o currículo escolar como ponto de partida, os grupos de alunos se organizavam para escolher as estratégias de desenvolvimento das atividades que podiam ser realizadas em grupos, duplas, ou individualmente. Para registro do plano são elaboradas fichas onde são anotadas as realizações da semana.

8. Correspondência Interescolar

É uma atividade em que a criança faz a aprendizagem da vida cooperativa, uma classe se corresponde com a outra. Depois dos professores terem se comunicado e organizado a forma. Podem enviar: cartas, textos, fitas, desenhos, e é claro, e-mail.

9. Auto-Avaliação

A criança registra o resultado do seu trabalho em fichas de auto-avaliação que permitem constantes comparações entre os trabalhos realizados. Segundo Freinet, o aluno e o professor devem se avaliar regularmente.


Concluindo

Freinet, Elise (sua esposa) e Madeleine
(sua filha)
Freinet foi um grande inovador. Mostrou que, além de ninguém avançar sozinho em sua aprendizagem, a cooperação é fundamental. Freinet observava muito seus alunos para perceber onde tinha de intervir e como despertar neles a vontade de aprender. Ele compreendia que a aprendizagem se dá pelo tateio experimental. Quando a criança faz um experimento e dá certo, a tendência é que repita aquele procedimento e vá avançando. Mas, de acordo com Freinet, ela não avança sozinha. Tanto é assim, que a cooperação está entre os pontos fundamentais de sua pedagogia.



Para Freinet, o educador deve ter a sensibilidade de atualizar sua prática e isso, aliás, é o que faz com que ele ainda seja moderno.


Com base em procedimentos dessa natureza, fica mais fácil pôr em prática a pedagogia do êxito, defendida pelo educador francês. O sucesso da criança é o produto de seu trabalho que, ao final do dia, é apresentado aos colegas.

Fontes:
http://www.icem-pedagogie-freinet.org/node/6621

http://www.ecoles.cfwb.be
http://www.abril.novaescola.com

2 comentários:

Isabelle Ferreira Pinheiro disse...

ESTOU DESENVOLVENDO UM TRABALHO SOBRE FREINET, ADOREI O MATERIAL, FOI DE GRANDE AJUDA!

Isabelle Ferreira Pinheiro disse...

ESTOU DESENVOLVENDO UM TRABALHO SOBRE FREINET, ADOREI O MATERIAL!

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