O Segredo do Trabalho em Equipe
A Permanência nos Grupos
Frank Viana Carvalho
Quando estudantes, professores ou líderes de uma empresa propõem um trabalho ou
desafio em equipe (trabalho em grupo), eles às vezes pensam em uma única
atividade, uma única aula. Se nos atermos ao que é ideal para o aprendizado do “trabalhar
em equipe”, isso realmente não é bom. E porque não é bom?
Os
grupos atravessam fases desde o momento em que se conhecem – interagindo,
aprendendo e ensinando uns aos outros –, e isso leva tempo. São três as principais
fases pelas quais os grupos passam: a) Conhecimento/Interação, b) Conflito/Superação
e c) Aceitação/Produtividade. Cada fase tem suas características próprias: na
fase do Conhecimento todos tentam ganhar aceitação uns dos outros – é uma ação
psicológica intencional ou não, quer se deem conta ou não –, especialmente
quando o grupo é novo e nunca trabalharam juntos antes. Mesmo que já se
conheçam, sendo companheiros de uma sala de aula ou colegas de uma empresa, ao
se reunirem para trabalhar em grupo, eles tentam conquistar um lugar/espaço no
grupo e agem nessa direção. Essa busca por aceitação ocorre através de aspectos
subjetivos e objetivos, seja falando mais, seja dando ideias, seja copiando
algo, anotando, sugerindo, cada um do seu jeito.
Num
segundo momento, na segunda fase, pelas próprias diferenças, por serem grupos
heterogêneos (mesmo nos grupos chamados ‘heterogêneos’, os componentes da
equipe têm diferenças que os tornam únicos, e por isso todo grupo, é em boa
medida heterogêneo). Eles vão entrar em conflitos por causa da tarefa, por
causa da responsabilidade, das funções que precisam ser assumidas, dos prazos, em
razão de divergências sobre os materiais, das muitas ocupações de cada um no
grupo. Esses vários tipos de conflitos que acontecem na própria dinâmica do grupo,
fazem parte do crescimento dessa equipe e precisam ser superados para o
amadurecimento e aprendizado do grupo, por meio de mediação por alguns do grupo
e do docente. A resolução dos conflitos leva o grupo a um novo patamar. Quando
eles aprendem a administrar e superar esses conflitos, o grupo caminha para a
última fase que é a fase da produtividade.
Nessa
fase o grupo se torna eficiente, começam a se formar como equipe e não apenas
como pessoas realizando um trabalho lado a lado, porque depois do aprendizado
das fases anteriores, eles aceitam-se mutuamente, ajudam uns aos outros e
crescem como grupo.
Em
minhas pesquisas, essas três fases duram no mínimo de dois a três meses quando
há contínua atividade em grupo (duas ou mais vezes por semana). Em alguns casos
raros levará menos tempo, em torno de três semanas. Outros pesquisadores do
mesmo tema, como Calderon e Góvea chegaram ao tempo total de dois anos no
processo completo de formação de uma equipe produtiva enquanto tal.
Essas
pesquisas mostram que trabalhar em equipe enquanto processo de formação do
grupo, ou seja, aprender a trabalhar em equipe, de forma eficiente, leva tempo.
As interações necessárias para que o grupo construa seu aprendizado e realize suas
tarefas de forma eficaz leva tempo. Mesmo assim, muitos grupos são formados/reunidos
apenas para uma tarefa. O risco de sempre fazer assim é a superficialidade, o
imediatismo do resultado, e o foco, que é aprender a trabalhar em equipe, ou
seja, o processo para que, fruto disso, o resultado se apresente, isso se perde.
O processo, o qual enriquece a formação do aprendizado, por meio da interação
interpessoal e o conhecimento uns dos outros, em grupos rápidos (formados
apenas para a tarefa), se perde.
Como citar esse texto do Blog Filosofando:
Carvalho, Frank Viana. O Segredo do Trabalho em Equipe
– Permanência nos Grupos. Blog Filosofando. Disponível em: http://frankvcarvalho.blogspot.com/... Data: __/___/__.
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