quarta-feira, 20 de novembro de 2019

O Silêncio (nível de ruído) em Atividades Coletivas


O Silêncio em Atividades Coletivas

Será que é possível conseguir ambientes educativos mais silenciosos ao realizar atividades em grupo?


Quando nos propomos a atividade em grupo, constantemente lidamos com a questão do ruído em sala de aula, e frequentemente enfrentamos com o desafio do barulho ligado à pouca produtividade. Obviamente o ruído não é sinal de que os grupos não são produtivos e o barulho não é sinal de bagunça.  Muitas classes agitadas e onde parece haver algazarra e gritaria, são altamente produtivas quando se trata de atividades acadêmicas.
 Uma forma de conseguirmos um menor ruído nas atividades coletivas é distribuir no conjunto das atividades e metas do grupo, uma tarefa individual no começo. Nesse primeiro momento os estudantes terão que, individualmente, anotar algo, fazer uma leitura, construir uma parte da maquete, pintar ou colorir, buscar uma resposta, responder a um questionário, marcar, localizar ou anotar ideias num texto, e outras tarefas individuais. Ou seja, haverá uma construção individual a princípio. Mesmo já estando assentados ou reunidos em grupo, haverá uma primeira parte como desafio individual, e apenas depois o compartilhar esse conhecimento com os colegas do grupo. O primeiro momento do trabalho em equipe, portanto, será mais silencioso.  
          A fim de garantir a realização das atividades nesse primeiro momento, o professor caminhará pela sala acompanhando os grupos. Os estudantes estarão reunidos, trabalhando e estudando em silêncio, pois estão envolvidos em atividades individuais. Num segundo momento do trabalho em equipe, eles começarão a compartilhar justamente aquilo que eles estudaram ou realizaram inicialmente. Observe que é interessante e importante dividir as tarefas no  começo para que os estudantes tenham o que compartilhar com os colegas no segundo momento. Sem dúvida, a maioria tem têm alguma ideia sobre algumas temas gerais, mesmo que não tenham lido ou feito algo sobre aquilo. Mas estamos nos referindo a uma tarefa ou desafio específico designado pelo docente. Se logo a princípio, sem que tenham realizado algo individualmente, eles já começam a conversar e tentar compartilhar, temos um dilema. Eles ainda não leram os tópicos ou assuntos, não construíram nada, não se aproximaram individualmente do tema, não tentaram resolver nenhuma questão - eles não têm algo para apresentar -, e obviamente sua reflexão conjunta será diferente do que seria se tivessem algo a apresentar. Além disso, como ainda não têm ainda uma construção individual - ainda, o que gera muitas vezes ruído não produtivo. Num segundo momento quando eles já leram, já se aprofundaram no tema, já realizaram algo para apresentar aos colegas, esse ruído e esse barulho resultante são produtivos. Tudo o que dissemos referente ao primeiro momento pode ter sido realizado como tarefa de casa. Nesse caso, poderemos também desde o começo lançar desafios para os grupos com a produtividade desejada. 


Silêncio nas atividades

Para um desenvolvimento satisfatório e bem sucedido numa proposta de trabalho em grupo, alguns elementos que funcionam bem (ou deveriam funcionar) no ensino tradicional devem ser transportados para a nova metodologia.
Alguns cuidados são importantes, e somente um acompanhamento atento e interessado permitirá manter o silêncio ou o nível de ruídos que permitam à maioria um ambiente agradável de  aprendizagem. A princípio, alguns professores poderão confundir a movimentação e as conversas necessárias para a aprendizagem dentro dos grupos, com o barulho e o ruído não produtivo.  Assim, alguns cuidados são importantes:

NÍVEL DE RUÍDO - Um grupo fala mais alto do que deveria e o tom de voz tende a aumentar, pois a conversa de um grupo impede que o outro grupo se compreenda bem no tom normal de voz; este, por sua vez falará mais alto e isto fará com que o primeiro grupo (além dos outros) fale mais alto ainda, entrando num círculo vicioso e ruidoso.
SUGESTÕES:
1. Incentivar o grupo a usar a voz “interior”. Isto é, a voz (um tom de voz bem baixo) que só o 'interior' (o meio do grupo) ouve e entende. Motivar a classe e dar um retorno que seja positivo para o uso do tom de voz adequado.
2. Designar um responsável para manter o nível de som (ruído) mais baixo. Um componente do grupo, usando uma linguagem não verbal, estará atento para o nível de voz mais baixo, que possa ser compreendido pelo grupo e ajudará os demais colegas. Quando o volume da voz sobe, o professor se dirige a este aluno.
3. Intercalar atividades onde os alunos leem mais, ou escrevem mais, do que falam. Essa alternância e esses momentos servirão inclusive para que os alunos valorizem os momentos de maior silêncio.
4. Caminhar pela sala acompanhando as atividades. Assim como é importante para a dinâmica de aprendizagem e funcionamento dos grupos, o fato do professor caminhar pela sala, também é um ponto positivo para manter o silêncio.
5. Aproximar-se dos que estão conversando. Sem falar nada, apenas a aproximação física do professor ajudará nesse desafio.

Fonte:
CARVALHO, Frank Viana.  Trabalho em Equipe, Aprendizagem Cooperativa e Pedagogia da Cooperação. São Paulo, Editora Scortecci, 2015.

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