terça-feira, 4 de outubro de 2011

Jean Jacques Rousseau

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi um dos mais importantes pensadores europeus de todos os tempos. Sua obra inspirou reformas políticas e educacionais, e tornou-se, mais tarde, a base do chamado Romantismo. Formou, com Montesquieu e os liberais ingleses, o grupo de brilhantes pensadores pais da ciência política moderna.

Sua vida

Jean-Jacques Rousseau não conheceu sua mãe, pois ela morreu ao lhe dar à luz. Foi criado pelo pai, Isaac Rousseau, um relojoeiro calvinista, cujo avô fora um huguenote que fugiu da França em razão de perseguições religiosas. Ainda criança teve que se afastar do pai e foi educado pelos tios. Depois de um tempo foi enviado a uma escola religiosa - ali foi aluno do pastor Lambercier. Gostava da natureza e de passear pelos campos. Em certa ocasião, encontrando os portões da escola fechados, quando voltava de uma de suas saídas, decidiu seguir seu próprio rumo, viajando e vagando pelo mundo.

Uma rica senhora afeiçoou-se dele e, sob seus cuidados, desenvolveu o interesse pela música e filosofia. Por algum motivo ignorado, ele se afastou dela e com uma amante (mais velha do que ele) partiu para Paris.

Na capital francesa sugeriu novidades no campo da música, o que lhe rendeu um convite de Diderot para que escrevesse sobre isso na famosa Enciclopédia. Escreveu uma Ópera intitulada O Adivinho da Vila. Aos 37 anos, participando de um concurso da academia de Dijon cujo o tema era: "O Restabelecimento das ciências e das Artes terá favorecido o aprimoramento dos costumes?", torna-se famoso ao escrever respondendo de forma negativa o Discurso Sobre as Ciências e as Artes, ganhando o prêmio em 1750.

Após isso, Rousseau experimenta a fama e é então convidado para participar de discussões e jantares para expôr suas ideias. Mas, ao contrário de Voltaire, Rousseau não gostava do ambiente da corte, das festas e da nobreza.

O Contrato Social
Rousseau teve cinco filhos com sua amante de Paris e, infelizmente, acaba por colocá-los todos em um orfanato. Um paradoxo, pois quando vir a escrever a obra Emílio, ou Da Educação ensinará sobre como se deve educar as crianças.

O que escreve como peça mestra do Emílio, a "Profissão de Fé do Vigário Saboiano", acarretar-lhe-á perseguições e retaliações tanto em Paris como em Genebra. Chega a ter obras queimadas por rejeitar a religião formal e estabelecida - a partir de então seu trabalho é fortemente censurado. Sua filosofia religiosa era a de que as pessoas deveriam seguir uma religião natural, na qual o ser humano poderia encontrar Deus em seu próprio coração.

Em seu novo romance A Nova Heloísa mostra-o como defensor da moral e da justiça divina. Mesmo com suas críticas à religião estabelecida, como filósofo Rousseau se mostra um espiritualista e terá por isso a inimizade de Voltaire, um cético naturalista, mas grande pensador iluminista. Na obra Confissões responde a várias acusações de Voltaire (François-Marie Arouet). Em suas obras é fácil perceber Rousseau como um cristão que não confia nas práticas e interpretações eclesiásticas. Sua famosa frase "Quantos homens entre Deus e eu", atrairá a de católicos e protestantes.

Em política e sociedade, exporá suas ideias no celebradíssimo O Contrato Social. Procura um Estado social legítimo, próximo da vontade geral e distante da corrupção. A soberania do poder, para ele, deve estar nas mãos do povo, através do corpo político dos cidadãos. Segundo suas ideias, a população tem que tomar cuidado ao transformar seus direitos naturais em direitos civis, afinal "o homem nasce bom e a sociedade o corrompe".
Discurso sobre o Fundamento da
Desigualdade entre os Homens

Entretanto, a partir da publicação de suas duas obras-primas (O Contrato Social e O Emílio), Rousseau começou a enfrentar dura perseguição na França, pois suas obras foram consideradas subversivas - politicamente ele contestava a monarquia e, no campo espiritual, criticava a religião formal.

O pretexto de seus perseguidores era que suas obras eram uma afronta aos costumes morais e religiosos. Voltou para sua terra natal e, como também foi rejeitado em Genebra, refugiou-se na cidade suíça de Neuchâtel. Pouco depois, em 1765, foi morar na Inglaterra a convite do filósofo David Hume, o filósofo mais cético (de todos os tempos). De volta à França, casou-se com Thérèse Levasseur, no ano de 1767.

Depois de toda uma produção intelectual, suas fugas às perseguições e uma vida de aventuras e de errância, Rousseau passa a levar uma vida retirada e solitária. Por opção, ele foge dos outros homens e vive em certa misantropia. Nesta época, dedica-se à natureza, que sempre foi uma de suas paixões. Seu grande interesse por botânica o leva a recolher espécie e montar um herbário. Seus relatos desta época estão no livro Devaneios de um Caminhante Solitário. Vem a falecer aos aos 66 anos, em 2 de julho de 1778, no castelo de Ermenonville, onde estava hospedado.

Seu pensamento sobre Educação

Na sua proposta educacional enalteceu a "educação natural" conforme um acordo livre entre o mestre e o aluno, levando assim o pensamento de Montaigne a uma reformulação que se tornou a diretriz das correntes pedagógicas nos séculos seguintes. Foi um dos filósofos da doutrina que ele mesmo chamou "materialismo dos sensatos", ou "teísmo", ou "religião civil". Lançou sua filosofia não somente através de escritos filosóficos formais, mas também em romances, cartas e na sua autobiografia.
O Emílio (ou Da Educação)

Os pressupostos básicos de Rousseau com respeito à educação eram a crença na bondade natural do homem, e a atribuição à civilização da responsabilidade pela origem do mal. Se o desenvolvimento adequado é estimulado, a bondade natural do indivíduo pode ser protegida da influência corruptora da sociedade. Conseqüentemente, os objetivos da educação, para Rousseau, comportam dois aspectos: a) o desenvolvimento das potencialidades naturais da criança e b) seu afastamento dos males sociais.

O mestre deve educar o aluno baseado nas suas motivações naturais. "Logo que nos tornamos conscientes de nossas sensações, estamos inclinados a procurar ou evitar os objetos que as produzem", diz ele.

Seu Método

Essencialmente o mestre deve educar o aluno para ser um homem, usando a estrutura provida pelo desenvolvimento natural do aluno, enquanto ao mesmo tempo mantendo em mente o contexto social no qual o aluno eventualmente será um membro. Isto somente pode ser conseguido em um ambiente muito bem controlado.

As mães deveriam amamentar e fortificar o corpo de suas crianças por meio de testes severos de força física e resistência. Seu método de educação era o de retardar o crescimento intelectual: ele demandava a criança demonstrar seus próprio interesse em um assunto e fazer suas próprias perguntas; no estágio da puberdade, no entanto, a sensibilidade do jovem deveria ser educada. O adolescente aceitaria com confiança um contrato livre e recíproco de amizade com seu mestre, que poderia então ajudá-lo a descobrir as alegrias da religião e as dificuldade de lidar com a sociedade.

O ambiente em que o aluno vive deve ser tal que não haja nenhuma restrição física que não venha do próprio aluno, e depois que desenvolve cognitivamente, até os 15 anos não deveria haver qualquer restrição moral em seu ambiente. O objetivo é que o aluno desenvolva plenamente seu Eu natural. Obviamente, uma tal educação só seria possível se o aluno fosse totalmente isolado da sociedade e não tivesse contacto social, senão com seu mestre. O aluno somente entraria na sociedade quando a tendência para a socialização surgisse como uma de suas necessidades naturais. Isto aconteceria na adolescência, após o desenvolvimento da razão. Diz Rousseau "Ele antes tinha apenas sensações, agora ele julga." Então o aluno experimenta um desejo de companhia e lhe será permitido desenvolver relacionamento pessoal. Então ele vai estudar história e religião. Finalmente ele vai entrar "na sociedade educada de uma grande cidade". Ele agora poderá entender o que significa ser um cidadão.

Na obra Émile, (O Emílio) ele apresenta o cidadão ideal e os meios de treinar a criança para o Estado de acordo com a natureza, inclusive para um sentido de Deus. A criança Émile deve, portanto, ser criada em um meio rural em vez de em ambiente urbano, de modo que ela possa desenvolver em continuidade com a natureza mais que em oposição a ela. Os primeiros impulsos da criança são permitidos a desenvolver mas são canalizados para um respeito genuíno para com as pessoas, um respeito nascendo do amor próprio e não do orgulho.

Émile, que laboriosamente adquiriu um senso de propriedade (aqui, uma referência a John Locke) enquanto cultivando seu jardim, descobre a vida difícil de um trabalhador quando se torna aprendiz de um carpinteiro. Trazido a comunidade por uma tendência natural, ou simpatia para com aqueles ao seu redor, Émile desenvolve um senso moral, e uma necessidade no sentido da perfeição e do crescimento interior permite-lhe elevar-se acima das paixões e alcançar a virtude. Então, através de Sofia, Émile descobre a natureza do amor. Ele tem que deixa-la, no entanto, para completar sua educação política, a qual requeria procurar através do mundo pelo país que melhor serviria a sua futura família.

Curiosamente, o único livro que se permite a Émile na sua educação é o Robinson Crusoe de Daniel Defoe, o qual nele mesmo demonstra o caminho no qual o caráter amadurece em harmonia com a natureza se a engenhosidade natural é permitida trabalhar desimpedida da corrupção da sociedade. O método de Rousseau foi a inspiração para os que vieram depois dele, começando com Pestalozzi, de métodos universais pedagógicos.


Pensamentos e Frases Famosas

"O homem nasce livre, e em toda parte é posto a ferros (grilhões). Quem se julga o senhor dos outros não deixa de ser tão escravo quanto eles."
"A maioria de nossos males é obra nossa e os evitaríamos, quase todos, conservando uma forma de viver simples, uniforme e solitária que nos era prescrita pela natureza"
"O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer 'isto é meu' e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: 'Defendei-vos de ouvir esse impostor - estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém'"
"E quais poderiam ser as correntes da dependência entre homens que nada possuem? Se me expulsam de uma árvore, sou livre para ir a uma outra"
"A meditação em locais retirados, o estudo da natureza e a contemplação do universo forçam um solitário a procurar a finalidade de tudo o que vê e a causa de tudo o que sente"
"A única instituição que ainda se constitui natural é a Família "
"O escravo não é propriedade do outro, mas não deixa de ser homem ".
"O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe."
"Mesmo quando cada um de nós pudesse alienar-se, não poderia alienar a seus filhos: eles nascem homens e livres, sua liberdade lhes pertence e ninguém, senão eles, pode dispor dela."
"Se houvesse um povo de deuses, ele seria governado democraticamente. Um governo tão perfeito não convém aos homens."
"Maquiavel fingindo dar lições aos Príncipes, deu grandes lições ao povo".

Fontes:
www.consciencia.org/rousseau.shtm

www.culturabrasil.org/rousseau
www.suapesquisa.com/biografias/rousseau.htmEm cache - Similares
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Jacques_Rousseau

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...