quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Anísio Teixeira - Um grande Educador Brasileiro

Anísio Teixeira foi o mais importante educador brasileiro depois de Paulo Freire. Cronologicamente ele veio primeiro e seu esforço para que ocorressem mudanças de base na educação brasileira frutificou através dos órgãos, autarquias e instituições que ele criou ou ajudou a criar.


A luta de Anísio para defender a democratização do ensino no Brasil começou aos 24 anos de idade, quando assumiu o cargo de Inspetor Geral do Ensino da Bahia. Em 1928, foi para os Estados Unidos e trouxe para o Brasil as idéias pedagógicas de John Dewey, que o inspiraram na concepção da Escola Nova. Sem apoio político na Bahia, mudou-se para o Rio de Janeiro e lançou, com outros intelectuais, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova.


O manifesto defende um papel mais atuante para o Estado na Educação e tem como base a criação da escola pública, gratuita, obrigatória e laica.

O conceito básico é que não há como haver desenvolvimento real em um país sem investimentos em Educação.


Ao centro, Teixeira e Monteiro Lobato
Com base nessa perspectiva, incentivou a criação de Institutos de Educação nos anos 30, e na década de 40 criou a Escola Parque de Salvador, primeira escola pública integral com oficinas de trabalho e foi Conselheiro da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Na década seguinte, dirigiu a CAPES e o INEP direcionando seus esforços para a formação de professores.

Teixeira na fundação da Escola Base
Voltando o país ao regime democrático em 1946, Teixeira foi convidado por Octávio Mangabeira - um dos maiores líderes liberais do seculo XX, fundador da UDN, também exilado e então eleito para o Governo da Bahia - a ser o Secretário de Educação e Saúde. Dentre outras realizações, construiu na Liberdade - o mais populoso e pobre bairro da capital baiana - o "Centro Educacional Carneiro Ribeiro", mais conhecido por Escola Parque, lugar para educação em tempo integral e que serviria de modelo para os futuros CIACs e CIEPs.

Nos anos 50, dirigiu o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, ou INEP, órgão do Governo Federal que, no governo de Fernando Henrique Cardoso, passou a se chamar Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Foi também o criador e primeiro dirigente da Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (atual CAPES), criada em 11 de julho de 1951, pelo Decreto nº 29.741, pelo presidente Getúlio Vargas, ao mesmo tempo em que dirigia a Universidade de Brasília (da qual fora um dos idealizadores), mas com o golpe de 64 foi afastado e retornou para os Estados Unidos.

Em 1971, no Brasil, foi indicado para a Academia Brasileira de Letras. Neste mesmo ano, faleceu. Diversas circunstâncias obscuras cercaram a morte de Anísio Teixeira. Dois meses antes de sua morte, ele escreveu: "Por mais que busquemos aceitar a morte, ela nos chega sempre como algo de imprevisto e terrível, talvez devido seu caráter definitivo: a vida é permanente transição, interrompida por estes sobressaltos bruscos de morte". (numa carta a Fernando de Azevedo)
Casa onde nasceu Anísio Teixeira em Caetité

Por intercessão do amigo Hermes Lima, Anísio candidatou-se a uma vaga na Academia. Iniciou-se assim a série de visitas protocolares aos Imortais.

Depois da última visita, ao lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Anísio desapareceu. Preocupada, sua família investigou seu paradeiro, sendo informada pelos militares de que ele se encontrava detido.

Uma longa procura por informações teve início - repetindo um drama vivido por centenas de famílias brasileiras durante a ditadura militar. Mas, ao contrário das desencontradas informações e pistas falsas, seu corpo foi finalmente encontrado no fosso do elevador do prédio do imortal Aurélio, na Praia de Botafogo, no Rio. Dois dias haviam se passado de seu desaparecimento. Seu corpo não tinha sinais de queda, nem hematomas que a comprovassem. A versão oficial foi de "acidente".

Calava-se, para um Brasil mergulhado em sombras, uma voz em defesa da educação - portador da "subversiva" ideia de um país melhor. Era o dia 14 de março de 1971.

Deixou uma significativa obra sobre Educação com suas idéias cada vez mais necessárias e atuais: "uma escola (…) de iniciação intelectual, mas sobretudo, prática, de iniciação no trabalho, de formação de hábitos de trabalhar, de conviver, de participar de uma sociedade democrática, cujo soberano é o próprio cidadão." (trecho do livro Educação não é Privilégio).

"Com efeito, todo o presente modo de pensar do homem é modo de pensar em termos de mudança. A essência do método científico está em sua posição de juízo suspenso. Tudo que fazemos se funda em hipóteses, sujeitas obviamente a mudanças. Tais mudanças decorrem de novos conhecimentos, os novos conhecimentos decorrem de novas experiências e tais novas experiências do fluxo ininterrupto de mudanças..." A. Teixeira.

"Foi um gigante no pensamento e na ação. Sua presença se estende sobre o Brasil, é visível em todo nosso crescimento, não há setor da vida brasileira sobre o qual o trabalho silencioso de Anísio Teixeira pela educação e pela cultura não tenha exercido influência". Jorge Amado

Fonte:
http://elfikurten.blogspot.com/2011/02/anisio-texeira-o-inventor-da-escola.html

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