quarta-feira, 22 de julho de 2020

Bocaina, a Rainha das Trilhas! PNSB

Bocaina, a Rainha das Trilhas

Imagine uma travessia de cem quilômetros a pé no meio da mata... 

A primeira expedição/travessia do PNSB (Parque Nacional da Serra da Bocaina) que participei foi em setembro de 1989, quando liderei um pequeno grupo que ‘desbravou’ o caminho... os amigos Alisson, Caiuby, Sílvio e Robin aceitaram o desafio de seguirem ao meu lado... encontramos com o grupo liderado pelos amigos Sérgio Rígolli e Alexandre Vaz, onde seguiam Liliane, Eliandro, Raquel e Rebeca, e mais alguns amigos. Lamentavelmente não tenho fotos daquela épica travessia a pé desde a cidade de São José do Barreiro no interior de São Paulo até a praia em Mambucaba, distrito de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, perfazendo um total de mais de 110 kms em quatro longos e incríveis dias... chuva torrencial, a linda cachoeira de Santo Isidro, uivos e sons estranhos à noite, acampamento na montanha, o friozinho da mata, a ‘assombração’ da vaca, o fogo com um único palito de fósforo e o desafio de tentar não cair nenhuma vez em meio à lama e a chuva que deu poucas tréguas... Havíamos descoberto a sempre comentada, admirada e temida ‘Serra da Bocaina’ que abriga em seu interior a ‘trilha Imperial’, por onde era escoado o ouro na época do império, no lombo de animais em trechos estreitos e sinuosos da serra chuvosa e linda. 






























Em 1990 fizemos a trilha com amigos professores: Renato Gross, Eliseu de Oliveira, Rosevaldo Rocha e Paulo Vaz. Essa talvez tenha sido, das primeiras, a mais ‘hard’ das travessias, por causa dos quatro dias de chuva, que insistiu em ser do tipo 24 horas nos três primeiros dias, só cedendo um pouco no último trecho. No final do segundo dia decidimos seguir da Cachoeira do Rio do Veado até a Cabana do Caçador, no meio da trilha imperial... essa decisão nos custou caro com o rápido escurecimento e o fim das pilhas de todas as lanternas... com dificuldade e uma ajuda providencial dos céus, encontramos a cabana e dormimos após comer um miojo bem quentinho. Avançamos e chegamos a acolhedora Mambucaba. 

Em 1991 repetimos a dose no feriado de 7 de setembro, dessa vez liderando junto com o Marcos Ferreira, Paulo Vaz e Levi Nogueira, os desbravadores do Pioneiros da Colina (do UNASP), e em torno de trinta corajosos conquistadores desbravaram novamente a trilha das trilhas, dessa vez quase todos do primeiro grupo e mais uns vinte destemidos. 

Em 1992 fiz a primeira travessia de bike com o Elias Rolemberg e o Eliandro Tadeu, e num dos trechos, tive meu único acidente nesta trilha/percurso, quando uma das rodas prendeu-se num buraco e ao mesmo tempo em que travava bruscamente a bike, virou o guidon que veio de encontro ao meu peito fraturando duas costelas e me deixando muito mal – exatamente no meio da Serra da Bocaina, onde as opções eram voltar trabalhosamente até São José ou avançar até Mambucaba. Não tínhamos nenhum medicamento e as dores me consumiam e dificultavam em muito a respiração. O Tião da Bocaina, personagem querido que encontrei em todas as travessias, cuja morada fica pertinho do Pico do 'Tira o Chapéu' (2 088 metros acima do nível do mar), nos acolheu e dormimos ali. Depois de uma noite de dores e reflexão, optamos pela segunda opção e, mesmo com dor segui pedalando com meus amigos através da Serra até Mambucaba, e ainda demos uma esticada de bike até Parati, e pegamos um ônibus para São Paulo, onde cheguei e ainda tentei pedalar, mas não deu... fui levado direto ao Hospital... 

Em 1993 fui duas vezes: voltei de bike com os mesmos amigos em julho para garantir que era um meio seguro, e em setembro liderei o mais numeroso grupo até então – os amigos da IASD de Pinheiros que eram em número de 45 pessoas... todos chegaram são e salvos a Mambucaba, onde jogamos futebol no campinho de grama e terra da entrada/saída da cidade. 

Após uma pausa de alguns anos, em 2004 voltamos, dessa vez liderei a galera de Cotia-SP, do Lajeado, e dessa vez, minha família foi comigo: a Dany, a Pâm e o LeRoy, juntaram-se aos amigos queridos daquela comunidade (Elias Junior, Martin Duttas, Everton, Raquel, Ervino, Tânia, Jonas, Claudia, e outros queridos) e aconteceu algo quase miraculoso, em se tratando da Bocaina: não choveu nenhum dia dos quatro dias da travessia e nos divertimos bastante, exceto quando o grupo se distraiu e assentou-se sobre uma relva onde os cavalos costumavam dormir. Resultado: carrapatos que acompanharam a galera até a volta a São Paulo. 

Em 2010 a mais divertida de todas, quando a Pâm e o LeRoy me ajudaram a liderar um grupo formado pelos amigos deles. De fato, eles se animaram e desde o Coreto em São José do Barreiro (ponto de partida da primeira foto oficial), subimos de micro-ônibus até a entrada do Parque (segunda e obrigatória foto) e o percurso a pé foi encurtado, de forma que andamos só 80 kms cantando e nos divertindo no caminho inteiro (Pâmela, LeRoy, Leonardo, Amanda, Rodolfo, Thaís, Renata, Jhonathan, Helivelton, Letícia, Matheus, Larissa e Rodrigo). Após uma noite com barulho de animais que rondavam o acampamento, abafados pelo som da selvagem Cachoeira do Rio dos Veados com suas quatro quedas, amanheceu com uma névoa, e só aí percebi que, pela primeira vez desde 1989, não havia uma ponte de cabos sobre o rio Mambucaba, e com cordas e apoio em bastões, cada rapaz ajudando uma moça, atravessamos o trecho próximo à Cachoeira do Rio do Veado. Prosseguimos com valentia, resiliência e muitas risadas até o fim, pois além da dificuldade da trilha, a cada quilômetro a Larissa insistia em perguntar se já estávamos chegando a Mambucaba. 

Dois anos depois, no começo de 2012, o professor Márcio Pereira do IFSP-SRQ e eu fizemos outro trecho da Bocaina, com trilhas e caminhadas mais curtas, próximo à sede do Parque, em Bananal. 

No mesmo ano, em novembro de 2012, liderei o motivado grupo de estudantes de Biologia e Gestão Ambiental do IFSP São Roque, junto com o professor Sandro Gazzinelli no trecho principal de 80 kms. Naquela travessia a chuva voltou a dificultar, mas nada que Wesley, LeRoy, Alessandra, Ana, Carolina, Giovanni, Débora, Mayara, Ivan, Camila, Márcia, Diego, Elivelton, Paulo e outros queridos não pudessem enfrentar com destemor. As lindas flores, o canto dos pássaros e as pegadas da onça que gostavam da mesma trilha ficaram na recordação de todos que completaram o percurso e ainda passearam em Parati-RJ. 

Em setembro de 2016, a Pâm, o LeRoy e eu fizemos sós a travessia de toda a Bocaina, algo completamente inédito e corajoso, pois quanto menor o grupo, mas exposto ele fica. Mas nos revezamos em manter a vigilância no silêncio e escuridão da noite em que dormimos próximos à selvagem cachoeira do Rio do Veado, no coração da Bocaina, numa travessia que também não choveu. Muito tempo para meditação, reflexão e fotos lindas das muitas araucárias, cedros, embaúbas, palmitos e bromélias. 













Em 2019, mudamos a época do ano, e a Pâm, o LeRoy e eu nos aventuramos em janeiro, desta vez acompanhados pelo João (USP-FFLCH) que teve a coragem de nos acompanhar na intrépida aventura/expedição. Depois de tantas vezes, a Pâm e o LeRoy ficaram experientes no percurso cheio de entroncamentos, rios, montanhas, cachoeiras, trechos abertos e fechados da mais querida de todas as trilhas. Os dois conseguiram ver em cada nova expedição, detalhes que eu ainda não havia percebido depois de tantas vezes. 

Que trilha incrível e que Parque Florestal maravilhoso. É de fato a rainha das trilhas. E olha que esse elogio à Bocaina não é em vão, pois fizemos trilhas na Serra da Canastra e do Cipó (MG), em torno da Lagoa Juparanã (ES), na Serra do Caparaó (Pico da Bandeira MG-ES), Agulhas, Couto, Prateleiras (RJ e MG), em Mogi-Bertioga, Paranapiacaba, Trilha do Índio, Juquitiba, Tapiraí, Marins, Ilha do Cardoso, Picinguaba e próximo às cavernas do sul do estado de São Paulo. Na Bocaina, após os primeiros minutos, a gente se desliga completamente da civilização, da vida urbana, do corre-corre maluco do dia a dia e mergulha na natureza ao mesmo tempo agradável e bela, rústica e selvagem, doce e harmoniosa, desafiadora e convidativa, forte e sensível... ah, essa bela Mata Atlântica. Ah, maravilhosa obra da criação... Bocaina, rainha das trilhas... Quem sabe um dia a gente volta, ou voltamos... quem sabe... quem sabe um dia escrevo sobre essa trilha... quem sabe...

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Praticando a Interdisciplinaridade

Praticando a Interdisciplinaridade
Frank Viana Carvalho
Duzolina Alfredo Filipe de Oliveira

Desde o advento da escola moderna com Comenius (Didática Magna), a prática pedagógica, embora tenha muitas virtudes, ao longo dos anos levou a escola a tratar os conhecimentos e acontecimentos da realidade social de forma fragmentada e desvinculada das experiências significativas do educando, não dando o real valor e unicidade aos contextos culturais, científicos, sociais, políticos econômicos e pessoais. Há necessidade de se trabalhar a abordagem contextualizada fundamentada no ponto de vista globalizador, buscando a operacionalização através do aprendizado da interdisciplinaridade. Ao adotarmos o exercício interdisciplinar na escola, envolvemos todos os educadores de diferentes formações e conseguimos envolver os temas transversais às disciplinas. Só assim professores e alunos compartilham o aprendizado e constroem juntos o conhecimento.
Embora a escola considere que a divisão e subdivisão dos saberes em áreas e disciplinas visava facilitar o ensino, muitos educadores estão certos de que isso em grande medida fragmentou e dificultou a necessária interligação que há no conhecimento. A Interdisciplinaridade parte do pressuposto que a realidade é una e indivisível e concebe o conhecimento como aberto a despeito de suas múltiplas faces, exigindo de educadores e educandos uma maneira de ensinar e aprender que desenvolva a competência de estabelecer relações entre partes e o todo, superando a concepção unidirecional e fragmentada do conhecimento.

A prática pedagógica é uma atividade complexa e dinâmica, que se efetiva em espaços educacionais ou em ambientes voltados a esse fim, voltados à formação do estudante. Para entender a demanda do contexto atual, deve ser organizada de modo que possibilite a formação de um cidadão critico capaz de lidar conscientemente com a realidade cientifica e tecnológica na qual está inserido. A aprendizagem é sempre potencialização de reconstrução de conhecimentos científicos, culturais, sociais e políticos.
A melhor maneira de fazer com que isso aconteça é através da interdisciplinaridade que deve ir além da simples justaposição de disciplinas ao interagimos em busca de objetivos comuns. Mas para isso é necessário ter uma visão do que ocorre em outras áreas e disciplinas.  Devemos através do trabalho pedagógico incentivar uma aproximação para envolver docentes, discentes e disciplinas em atividades ou projetos de estudoprojetos de pesquisa e ação. A interdisciplinaridade poderá ser uma prática pedagógica e didática eficaz ao cultivarmos um diálogo constante entre os saberes e desafiarmos os alunos a posturas construtivas de questionamento, de aprovação, de indeferimento, de acréscimo e de transparência sobre a sua compreensão dos conhecimentos. Na interdisciplinaridade os alunos aprendem a visão do mesmo objeto sob prismas distintos.
A prática da interdisciplinaridade possui uma linha de trabalho integradora que pode agregar um objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Quando problematizamos uma situação, o problema causador do projeto pode ser uma experiência, um desencadeamento de ação para interferir na realidade ou aprofundar os conhecimentos de uma área. Por vezes o tema ou assunto unificador propicia várias abordagens e projetos nas diferentes disciplinas, e em outros momentos é o modelo de abordagem ou a estratégia metodológica que permitirá ao aluno visualizar a interação e proximidade dos temas comuns às áreas. Devemos nos conscientizar que os projetos integradores são interdisciplinares em sua compreensão, cumprimento e avaliação.
Em termos pedagógicos, a interdisciplinaridade também pode ser substituída por outros termos como multidisciplinaridadetransdisciplinaridade e pluridisciplinaridade, pois as mesmas permitem compreender a organização dos saberes em áreas e criam contextos para unificar ou aproximar estes conhecimentos.
A interdisciplinaridade envolve a contextualização do conhecimento, que mantém uma relação fundamental entre o sujeito que aprende e o componente a ser aprendido, evocando fatos da vida pessoal, social e cultural, principalmente o trabalho, os valores e a cidadania. Quando os alunos participam da tomada de decisão a respeito de um tema ou na construção de um projeto, é possível que constituam relações entre os novos conteúdos e os conhecimentos que já possuem, conseguindo aprendizagens mais significativas, comparando, criticando, sugerindo ajustes, novas relações e organizações, abrindo portas para a interferência em uma realidade, desencadeamento novas ações e construindo um compromisso com uma cidadania ativa.
Referências:
PERRENOUD, Phillipe. Construir competências desde a escola.
Sites: Nova Escola, Portal Educação, Brasil Escola.
Fonte da Imagem: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/jornal/materias/0440.html

terça-feira, 9 de junho de 2020

Três meses de Pandemia - Caminhos e Soluções na Educação

Três meses de Pandemia - Caminhos e Soluções na Educação

Frank Viana Carvalho

O mundo inteiro está apresentando respostas educacionais para que o processo educacional continue em meio à crise do novo coronavírus. Em minha perspectiva de pedagogo, gastei um tempo considerável pesquisando sobre o que está acontecendo em outros países, pois é uma pandemia, uma excepcionalidade. Além disso, há vários exemplos em nosso próprio país. 
  
Diferentes caminhos para o ensinar e o aprender
A Associação Internacional Global Partnership que promove ajuda e recursos para dezenas de países, numa parceria mundial pela educação afirmou sobre os meios de educação nesta pandemia:

“Não existe uma escolha “certa” para educação a distância no momento. Cada país deve escolher os melhores meios ou uma mistura de meios de acordo com acesso, infraestrutura técnica, conteúdo, capacidade de adaptar esse conteúdo aos meios apropriados à sua disposição e sua capacidade de fornecer aos alunos acesso a essas oportunidades de aprendizado o mais rápido possível.”

A UNESCO, braço da ONU para a educação, além da Internet, sugere vários caminhos para a educação a distância, que envolvem a todos, com inclusão real:

O mesmo incentivo para diferentes caminhos é feito pelo World Bank em suas políticas de educação para o mundo:


Ao pesquisar sobre o que diferentes atores estão fazendo nesta questão, vê-se que eles buscam respostas sem fechar ‘portas’ ou ‘possibilidades’, sem restringir o caminho da aprendizagem às TICs.

1. Na Colômbia (IDH 761, 79º), entre outras possibilidades, estão usando o Rádio, uma tecnologia centenária para o ensino na pandemia:

2. Na Argentina (IDH 830, 48º), além da internet, o uso da TV para educar na época do Coronavírus é oficial, são 14 horas de transmissão diária:

3. Na rica Áustria (IDH 914, 20º), no coração do continente europeu, além da internet, é também oficial o uso da TV para educar nessa pandemia com uma programação 24 horas: https://tv.orf.at/

4. Na Costa Rica (IDH 794, 63º), que possui um IDH dos mais altos entre os países da América Central, além da Internet e da TV, para as famílias que não têm internet, são enviados pelo Correio ou sistemas de entrega, todo o material de estudo impresso e apostilado a partir de um Programa do Ministério da Educação.


5. De volta ao Brasil (IDH 791, 69º).

a) Na UNICAMP, o Reitor Marcelo Knobel afirmou:
“A palavra chave neste momento é flexibilidade. É preciso dar flexibilidade para o estudante nesse momento tão complexo (...) Nós não tínhamos muito preparo [para o ensino remoto emergencial], mas ponderamos diversas questões, como nossa obrigação como instituição pública, de manter o funcionamento de algumas atividades (como nossos hospitais) e acreditamos que o ensino também é parte das coisas fundamentais de serem mantidas”.

A Universidade de Campinas deu liberdade aos Departamentos e docentes para a retomada de aulas e atividades não presenciais:

b) Na USP, mais de 90% das aulas teóricas dos cursos de graduação e mais de 900 disciplinas de pós-graduação estão sendo ministradas on-line. A instituição distribuiu 2.250 kits de internet aos estudantes em situação de vulnerabilidade acompanharem as aulas.

c) No IFRR, além de definirem como Plataforma AVA o Moodle, fizeram um leque amplo de possibilidades, materiais e recursos, e considerando que nem todos têm acesso à internet, estão fazendo chegar aos estudantes livros didáticos e materiais educativos impressos:

d) No IFES, além da internet, estão imprimindo instruções de atividades e apostilas, fazendo com que elas cheguem às casas dos estudantes: https://ifes.edu.br/noticias/19194-coronavirus

e) A Rede Estadual de São Paulo está utilizando a TV Escola e enviando às casas material impresso e kits de estudo:

f) O Instituto Unibanco lançou uma série de podcasts educacionais (seria como ouvir aulas no rádio) para os tempos da COVID-19:

g) A Prefeitura de São Paulo, além da internet, também está enviando material de aprendizagem impresso:
 

7. Na populosa Índia (IDH 647, 129º), 32 canais de TV Direct To Home (DTH) são dedicados à transmissão de programas educacionais, ampliando sua programação na pandemia para as 24 horas por dia e acessíveis em todo o país. 


8. No Peru (IDH 759, 82º), o governo está lançando mão de todos os caminhos para a aprendizagem dos estudantes: internet, rádio e TV. Além disso, o Ministério da Educação comprou mais de 840 mil tablets para os estudantes e professores.

9. Em outros países das Américas como Chile (IDH 845, 43º), Equador (IDH 758, 85º), Cuba (IDH 778, 72º) e Haiti (IDH 503, 169º), além das mídias digitais baseadas na internet, há muita utilização do Rádio e da TV para educar nos tempos da pandemia.

9. E os Estados Unidos (IDH 920, 15º)? Em Chicago, parte da programação televisiva foi adaptada para a educação dos estudantes. No Mississipi, a Rádio WTVA adaptou sua programação para fornecer programas de ensino à distância para estudantes em comunidades de pouco acesso à internet. Em Cleveland, uma emissora de TV faz transmissões de aulas em função da pandemia. Mesmo no país mais rico do mundo, Estados Unidos, há disparidades no acesso à internet e soluções inovadoras que não se restringem às TICs têm sido utilizadas. A frase da educadora americana Vickki Katz da Universidade de New Jersey (campus Rutgers, em New Brunswick) resume tudo:

"A noção de que devemos interromper o aprendizado digital para todos porque não temos como alcançar igualmente a todos é a preocupação certa, mas é a solução errada."



O retorno presencial e a vacina
Vários países já pensam no retorno presencial. Alguns que realizam educação à distância, após o pico da pandemia, tentaram voltar ao presencial e recuaram (Coreia e França, por exemplo). Avaliam que os riscos só diminuirão de forma efetiva com a vacina, mas deverão fazer novas tentativas quando houver menos infectados com o vírus e os riscos forem menores. Mas algumas experiências de retorno presencial antes da vacina com uma série de cuidados já começam a acontecer efetivamente na Nova Zelândia.

Essa pesquisa foi feita entre os dias 07 e 09 de junho de 2020.

quinta-feira, 5 de março de 2020

Trabalhando o "Projeto Político Pedagógico" com a Diretoria de Ensino de São Roque (SP)


Tivemos um Encontro muito agradável de formação com os Diretores de Escolas Estaduais de São Paulo, da Região Administrativa da Diretoria de Ensino de São Roque. Na ocasião, compartilhei as experiências práticas na elaboração dos projetos do Instituto Federal de São Paulo - campus São Roque, sobretudo do PDI em suas correlações com o PPP e com os PPCs dos Cursos. Analisamos todas as etapas em seus desafios, dificuldades e caminhos de superação e conclusão. Foram horas agradáveis onde muitas experiências e conhecimentos foram compartilhados.
Fica aqui o meu agradecimento à Diretoria de Ensino, em especial à profa. Catarina que organizou a logística do evento. Valeu pessoal!!!

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Metodologias Ativas - Começando e Implantando em suas Aulas ou Turmas

Introdução
Frank Viana Carvalho

Seja bem-vindo à vanguarda educacional e aos novos modelos de ensino e aprendizagem nesta era do conhecimento, da tecnologia da informação e do mundo digital. Você, que agora ouve falar das Metodologias Ativas, saiba que elas representam uma real transformação e modificação na forma de ensinar e aprender. Nesta postagem e nas outras cujos links aparecem aqui, você encontrará as orientações para seus primeiros passos nesse novo caminho didático-metodológico.

As principais metodologias ativas são as que estrategicamente se valem da força do trabalho em equipe para a promoção da aprendizagem e construção de competências: a aprendizagem baseada em problemas, a aprendizagem cooperativa e colaborativa, e a aprendizagem por meio de projetos
(CARVALHO e ANDRADE, 2019, p. 08).
Inicialmente é importante conhecer algumas referências que podem ajudá-lo(a) no aprofundamento e ampliação dos conhecimentos sobre as Metodologias Ativas: veja abaixo em referências.


Metodologias Ativas - Começando e Implantando em suas Aulas ou Turmas
Frank Viana Carvalho

I. Conhecendo as Metodologias Ativas
A primeira coisa é mostrar à sua equipe, aos seus alunos ou aos participantes do seu grupo de estudos e aprendizagens a importância das Metodologias Ativas e seus fundamentos. Para tal é fundamental a compreensão do significado do Trabalho em Equipe, da Interação, do Compartilhar e Cooperar nas Metodologias Ativas  (PBL, Aprendizagem Cooperativa e Projetos). Essa conscientização ocorrerá em etapas, mas desde o começo, ela deve ser trabalhada.
Objetivo: Apresentar e relembrar aos participantes de forma breve a importância do trabalho em equipe na construção do conhecimento.
Estratégia: apresentação de resumos dos conceitos, das definições, de palavras-chave e de sínteses das Metodologias Ativas através de slides e apresentações orais curtas.

II. Conscientização
Você necessitará se valer de ações ou agentes pedagógicos estimuladores para compreensão da importância do fazer coletivo, do engajamento e do trabalho em equipe para o desenvolvimento de habilidades e competências educacionais e profissionais. Este agente estimulador pode ser um filme sobre o assunto, um texto, um artigo, um site, uma excursão, um vídeo, uma reportagem, uma notícia importante e atual, uma propaganda, uma entrevista, um objeto, uma imagem, um produto, uma dinâmica, ou outra atividade que desperte a atenção para a importância da utilização da metodologia.
Objetivo: Preparar a equipe pedagógica, os docentes para o necessário processo de sensibilização e conscientização junto aos estudantes. Preparar o seu grupo de estudos e aprendizagens. Em algumas escolas este processo precisa ser desenvolvido junto a todos: direção, coordenação, estudantes e colaboradores técnico-administrativos.

Estratégia: leitura e análise de pequenos textos, pequenos filmes, apresentação de pesquisas.
Há vários filmes que podem levar à essa necessária reflexão. Filmes do final do século XX:
- “A Guerra do Arco-íris” (do individualismo, isolamento e preconceitos e conflitos, em direção à união, à superação, à compreensão, ajuda e cooperação).
- Together – Curta metragem sobre soluções criativas conjuntas.
- Time de Águias – (o trabalho em equipe, o incentivo, a motivação, a superação, a automotivação, a resiliência).
Filmes do século XXI:
- O Triunfo (a história do professor Ron Clark que teve que alterar completamente seus métodos e propostas para fazer com que alunos desacreditados aprendessem e se superassem)
- Escola da Vida (ficção que retrata de forma leve e divertida a história de dois docentes que se valem de estratégias e métodos heterodoxos ao ensinar aos seus alunos)
- Race to nowhere (documentário com um importante questionamento da escola tradicional focada em transformar pessoas para serem apenas bons alunos, esquecendo-se de que ela deve educar para a vida, para a sociedade, para o mundo do trabalho. Também traz propostas de mudanças).
Outros filmes que podem ser parcialmente utilizados com esse propósito: O Sorriso de Monalisa, Gênio Indomável, O Clube do Imperador, Escritores da Liberdade, Além da Sala de Aula, Uma lição de vida, Meu nome é Rádio, O melhor professor da minha vida, Educação para o brincar, Meu adorável professor, A Onda, O Substituto, O Primeiro da Classe, Sociedade dos Poetas Mortos.
Em cada um desses filmes, deve ser feita uma análise prévia para se saber quais partes dos filmes enfatizam mais os ensinamentos que se pretende destacar das Metodologias Ativas.

III. Utilizando o excelente Filme “A Guerra do Arco-Íris”
O filme deve ser assistido com pausas. Em cada pausa pedir aos participantes que anotem uma palavra que resuma o que viram naquele trecho do filme.

1º Momento - Atividade:
Primeira parte: Do início, até quando o Jovem do mundo ‘amarelo’ (dourado) começa a esboçar uma ideia na prancheta/caderno.
Segunda Parte: Da ideia que ‘voa’, até o retorno do jovem e sua condecoração por sua líder.
Terceira Parte: Do momento em que o jovem apresenta a flor que ele trouxe de outro reino e é punido até quando as cores se misturam e formam o ‘verde’.
Quarta (e última) Parte: Da percepção da mistura das cores até ao final do filme.

2º Momento - Atividade:
Ouvir e anotar na ‘lousa’, ou digitar para que apareça na projeção em tempo real as palavras ‘síntese’ do filme. Se forem muitos participantes, ouvir apenas alguns voluntários; se poucos, ouvir todos.
Objetivo: Reflexão e Sensibilização. Observar e destacar como as palavras representam a evolução da interação humana em qualquer contexto. Do isolamento e individualismo em direção aos conflitos e resoluções gerados pelo convívio, superação, descobertas, união, ajuda mútua e cooperação.
Estratégia: a) Assistir ao Filme Guerra do Arco-Íris por partes, refletindo sobre a aplicação das principais palavras-chave que resumem o filme.

IV.  Organizando em Grupos - Equipes de Trabalho
Há várias estratégias para fazer a divisão dos grupos respeitando a diversidade da turma e
promovendo a interação entre os componentes.
Na organização dos grupos nos espaços escolares e em sala de aula, quanto mais novos forem os estudantes, tanto mais fácil e adequado é ao docente organizar a divisão da turma em equipes. Quanto mais maduros, tanto mais deve o docente compartilhar com eles essa tarefa ou deixá-la a cargo dos próprios estudantes.
Dependendo da proposta, em sala de aula alguns docentes preferem grupos heterogêneos, envolvendo habilidades em diferentes componentes curriculares. Em outra proposta pode-se formar grupos por afinidade, proximidade, amizade, grupos de interesse. A formação aleatória (sorteios e dinâmicas lúdicas) também pode ser usada eventualmente, ou em atividades para unir duplas que previamente tenham se escolhido ou se formado por outro critério.
Várias estratégias podem ser utilizadas (CARVALHO e ANDRADE, Metodologias Ativas, p. 34).   

V. Trabalhando os Textos Resumidos “O que podemos aprender com os animais”
Imprima em quantidade suficiente para que cada grupo tenha o conjunto dos quatro textos. Distribua para os grupos. Peça que cada participante fique com um dos textos e eles deverão:
- ler silenciosamente procurando no textos frases que destacam ideias que podem ser aplicados ao contexto deles (educacional, trabalho em equipe, motivação, superação, empresarial, etc).
- após a leitura inicial, eles deverão compartilhar com seus pares (dentro dos grupos).
- ao final, de forma coletiva, em cada grupo, uma pessoa deverá destacar uma das ideias principais para todos.

A Lição dos Gansos

(1) No outono, quando se vê bandos de gansos voando rumo ao sul, formando um grande “V” no céu, indaga-se o que a ciência já descobriu sobre o porquê de voarem dessa forma.
(2) Sabe-se que quando cada ave bate as asas, move o ar para cima, ajudando a sustentar a ave imediatamente detrás.
(3) Ao voar em forma de “V”, o bando se beneficia de pelo menos 71% a mais da força de voo do que uma ave voando sozinha.

(4) Sempre que um ganso sai do bando, sente subitamente o esforço e a resistência necessária para continuar voando sozinho.
(5) Rapidamente, ele entra outra vez em formação para aproveitar o deslocamento de ar provocado pela ave que voa imediatamente à sua frente.
(6) Quando o ganso líder se cansa, ele muda de posição dentro da formação e outro ganso assume a liderança.
(7) Os gansos de trás gritam, encorajando os da frente para que mantenham a velocidade.
(8) Finalmente, quando um ganso fica doente, ou ferido perde as forças e cai, dois gansos saem de formação e o acompanham para ajudá-lo e protegê-lo.
(9) Ficam com ele até que consiga voar novamente ou venha a falecer e só então levantam voo sozinhos ou em outra formação a fim de alcançar seu bando.
Fonte: Kris Brown e Holy Rosary. Organizado sequencialmente por Frank Viana Carvalho. Citado por Simão de Miranda em Dinâmicas de Grupo. Campinas: Papirus, 2006.

Lobos em Formação

(1) Ao observar os lobos em linha na época do inverno, pesquisadores perceberam e relataram algo bem interessante:
(2) Os três primeiros eram os mais velhos ou os doentes e marcavam o ritmo do grupo. Se fosse ao contrário, seriam deixados para trás e perderiam o contato com a alcateia. Seguindo na frente, em caso de emboscada, davam a vida em sacrifício pelos mais jovens.
(3) Eles são seguidos pelos cinco mais fortes que defendiam a todos em caso de ataques surpresa.

(4) No centro seguiam os demais membros da alcateia, e no final do grupo seguiam os outros cinco mais fortes que protegiam o grupo.
(5) Em último, sozinho, seguia o lobo “alfa (alpha)”, o líder da alcateia. Nessa posição ele conseguia controlar tudo ao redor, decidir a direção mais segura que o grupo deveria seguire antecipar os ataques dos predadores.
(6) Em resumo, a alcateia segue ao ritmo dos anciões e sob o comando do líder que impõe o espírito de grupo não deixando ninguém para trás.
Modificado, resumido e organizado sequencialmente por Frank Viana Carvalho. Fontes: Site O Bem Viver: https://obemviver.blog.br/2016/04/18/lideranca-aprendendo-com-a-natureza-a-licao-dos-lobos/ e livro de Barrry Lopes: Os Lobos e o homem. Lopez, Barry. Of wolves and men. New York: Scribner Classics. 1978, p. 320.

 

Os Pinguins e o Frio

(1)  Uma equipe internacional de cientistas desvendou o mistério de como os pinguins aguentam o rigoroso frio do continente gelado.
(2)  Um vídeo gravado durante o inverno na Antártida capturou durante várias horas a movimentação dos pinguins em Dronning Maud Land, onde as temperaturas podem cair a menos 45 graus centígrados e os ventos chegam a 180 quilômetros por hora.
(3)  Os pinguins imperadores conseguem sobreviver ao inverno antártico formando grandes grupos.
(4) Eles precisam se agrupar ou então perderão energia. Se o grupo for muito solto, os pinguins congelam. Mas, se o grupo for muito apertado, eles não conseguem se mover.

(5)  A grande colônia fica parada a maior parte do tempo, mas, a cada 30 ou 60 segundos, um pinguim ou um grupo deles começa a se mover aos poucos e isto faz com que os pinguins que cercam o grupo se movam e, de repente, este movimento atravessa a colônia como uma onda.
(6)  O movimento coordenado do grupo é tão sutil, que é imperceptível a olho nu, mas, em imagens gravadas durante um período mais longo, é possível ver o impacto destes movimentos na estrutura da colônia.
(7) As imagens também revelaram que, enquanto a onda de movimento atravessa a frente do grupo, alguns pinguins que estão na área saem da colônia e vão para a parte de trás do agrupamento.
(8) Isto significa que, durante várias horas, os pinguins usam as ondas de movimento para viajar pela colônia e ter a chance de compartilhar um pouco de calor.
(9) Mas parece que esses grupos praticamente compactos às vezes podem ser eficientes até demais na tarefa de manter os pinguins aquecidos. Os pinguins que estão no centro do grupo acabam ficando com calor e de vez em quando, precisam sair para tomar um ar.
(10) Pesquisas anteriores consideravam os grupos como estruturas estáticas – o que agora sabe-se que não é verdade.
Modificado, resumido e colocado sequencialmente por Frank Viana Carvalho. Fonte: BBC, Revista Plos One.

O que as Formigas nos ensinam

(1) As formigas são encontradas em muitas histórias, contos, fábulas e ensinamentos da cultura ocidental e oriental. Elas representam sobremaneira o esforço cooperativo, a força e a solidariedade. Há também lições de operosidade, tenacidade e organização.
(2) Apesar de pequenas, as formigas são muito fortes. São capazes de levantar até sete vezes o seu próprio peso.

(3) Elas também são muito resistentes. São capazes de andar até 300 metros para encontrar comida, o que seria no caso do ser humano o equivalente a andar 60 quilômetros a pé para ir fazer compras no supermercado.
(4) As formigas não se prendem a limites quando encontram um objeto que devem carregar, simplesmente fazem todo o esforço possível para erguer e avançar.
(5) Elas trabalham de forma planejada e previdente. Trabalham no verão adquirindo e juntando reservas para o inverno.
(6) As formigas são muito organizadas. Um formigueiro pode abrigar até três milhões de formigas, onde cada uma tem seu papel e desempenha uma função.
(7) Finalmente podemos afirmar que as formigas são resilientes. Se algo destrói o seu lar - o formigueiro -, elas pronta e imediatamente começam o trabalho de reconstrução.
Modificado, resumido e colocado sequencialmente por Frank Viana Carvalho. Fontes: Brasil Escola; Revista Galileu, Revista Super Interessante. Site: Na busca dos ancestrais das formigas.


Obs. Os textos “O que podemos aprender com os castores” e “O que podemos aprender com as abelhas”, modificados e organizados por Frank Viana Carvalho também podem ser utilizados.


Clique para Outras Importantes Orientações e Sugestões:




Referências - Metodologias Ativas:
CARVALHO, Frank Viana; ANDRADE NETO, Manoel. Metodologias Ativas: Aprendizagem Cooperativa, PBL e Pedagogia de Projetos. São Paulo: República do Livro.  122 p.  ISBN: 978-85-85248-02-4. 2019.
CARVALHO, Frank Viana. Trabalho em Equipe, Aprendizagem Cooperativa e Pedagogia da Cooperação. São Paulo, Editora Scortecci, 2015. 211 p. ISBN: 978-85-366-4024-2. 2015.
As duas obras podem ser encontradas na Livraria Nobel, Atelier do Saber ou República do Livro. Pedidos ao Atelier do Saber para entrega pelo Correio podem ser feitos ao escrever um e-mail solicitando os livros: atelierdosaber@hotmail.com

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...