quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Metodologias Ativas - Começando e Implantando em suas Aulas ou Turmas

Introdução
Frank Viana Carvalho

Seja bem-vindo à vanguarda educacional e aos novos modelos de ensino e aprendizagem nesta era do conhecimento, da tecnologia da informação e do mundo digital. Você, que agora ouve falar das Metodologias Ativas, saiba que elas representam uma real transformação e modificação na forma de ensinar e aprender. Nesta postagem e nas outras cujos links aparecem aqui, você encontrará as orientações para seus primeiros passos nesse novo caminho didático-metodológico.

As principais metodologias ativas são as que estrategicamente se valem da força do trabalho em equipe para a promoção da aprendizagem e construção de competências: a aprendizagem baseada em problemas, a aprendizagem cooperativa e colaborativa, e a aprendizagem por meio de projetos
(CARVALHO e ANDRADE, 2019, p. 08).
Inicialmente é importante conhecer algumas referências que podem ajudá-lo(a) no aprofundamento e ampliação dos conhecimentos sobre as Metodologias Ativas: veja abaixo em referências.


Metodologias Ativas - Começando e Implantando em suas Aulas ou Turmas
Frank Viana Carvalho

I. Conhecendo as Metodologias Ativas
A primeira coisa é mostrar à sua equipe, aos seus alunos ou aos participantes do seu grupo de estudos e aprendizagens a importância das Metodologias Ativas e seus fundamentos. Para tal é fundamental a compreensão do significado do Trabalho em Equipe, da Interação, do Compartilhar e Cooperar nas Metodologias Ativas  (PBL, Aprendizagem Cooperativa e Projetos). Essa conscientização ocorrerá em etapas, mas desde o começo, ela deve ser trabalhada.
Objetivo: Apresentar e relembrar aos participantes de forma breve a importância do trabalho em equipe na construção do conhecimento.
Estratégia: apresentação de resumos dos conceitos, das definições, de palavras-chave e de sínteses das Metodologias Ativas através de slides e apresentações orais curtas.

II. Conscientização
Você necessitará se valer de ações ou agentes pedagógicos estimuladores para compreensão da importância do fazer coletivo, do engajamento e do trabalho em equipe para o desenvolvimento de habilidades e competências educacionais e profissionais. Este agente estimulador pode ser um filme sobre o assunto, um texto, um artigo, um site, uma excursão, um vídeo, uma reportagem, uma notícia importante e atual, uma propaganda, uma entrevista, um objeto, uma imagem, um produto, uma dinâmica, ou outra atividade que desperte a atenção para a importância da utilização da metodologia.
Objetivo: Preparar a equipe pedagógica, os docentes para o necessário processo de sensibilização e conscientização junto aos estudantes. Preparar o seu grupo de estudos e aprendizagens. Em algumas escolas este processo precisa ser desenvolvido junto a todos: direção, coordenação, estudantes e colaboradores técnico-administrativos.

Estratégia: leitura e análise de pequenos textos, pequenos filmes, apresentação de pesquisas.
Há vários filmes que podem levar à essa necessária reflexão. Filmes do final do século XX:
- “A Guerra do Arco-íris” (do individualismo, isolamento e preconceitos e conflitos, em direção à união, à superação, à compreensão, ajuda e cooperação).
- Together – Curta metragem sobre soluções criativas conjuntas.
- Time de Águias – (o trabalho em equipe, o incentivo, a motivação, a superação, a automotivação, a resiliência).
Filmes do século XXI:
- O Triunfo (a história do professor Ron Clark que teve que alterar completamente seus métodos e propostas para fazer com que alunos desacreditados aprendessem e se superassem)
- Escola da Vida (ficção que retrata de forma leve e divertida a história de dois docentes que se valem de estratégias e métodos heterodoxos ao ensinar aos seus alunos)
- Race to nowhere (documentário com um importante questionamento da escola tradicional focada em transformar pessoas para serem apenas bons alunos, esquecendo-se de que ela deve educar para a vida, para a sociedade, para o mundo do trabalho. Também traz propostas de mudanças).
Outros filmes que podem ser parcialmente utilizados com esse propósito: O Sorriso de Monalisa, Gênio Indomável, O Clube do Imperador, Escritores da Liberdade, Além da Sala de Aula, Uma lição de vida, Meu nome é Rádio, O melhor professor da minha vida, Educação para o brincar, Meu adorável professor, A Onda, O Substituto, O Primeiro da Classe, Sociedade dos Poetas Mortos.
Em cada um desses filmes, deve ser feita uma análise prévia para se saber quais partes dos filmes enfatizam mais os ensinamentos que se pretende destacar das Metodologias Ativas.

III. Utilizando o excelente Filme “A Guerra do Arco-Íris”
O filme deve ser assistido com pausas. Em cada pausa pedir aos participantes que anotem uma palavra que resuma o que viram naquele trecho do filme.

1º Momento - Atividade:
Primeira parte: Do início, até quando o Jovem do mundo ‘amarelo’ (dourado) começa a esboçar uma ideia na prancheta/caderno.
Segunda Parte: Da ideia que ‘voa’, até o retorno do jovem e sua condecoração por sua líder.
Terceira Parte: Do momento em que o jovem apresenta a flor que ele trouxe de outro reino e é punido até quando as cores se misturam e formam o ‘verde’.
Quarta (e última) Parte: Da percepção da mistura das cores até ao final do filme.

2º Momento - Atividade:
Ouvir e anotar na ‘lousa’, ou digitar para que apareça na projeção em tempo real as palavras ‘síntese’ do filme. Se forem muitos participantes, ouvir apenas alguns voluntários; se poucos, ouvir todos.
Objetivo: Reflexão e Sensibilização. Observar e destacar como as palavras representam a evolução da interação humana em qualquer contexto. Do isolamento e individualismo em direção aos conflitos e resoluções gerados pelo convívio, superação, descobertas, união, ajuda mútua e cooperação.
Estratégia: a) Assistir ao Filme Guerra do Arco-Íris por partes, refletindo sobre a aplicação das principais palavras-chave que resumem o filme.

IV.  Organizando em Grupos - Equipes de Trabalho
Há várias estratégias para fazer a divisão dos grupos respeitando a diversidade da turma e
promovendo a interação entre os componentes.
Na organização dos grupos nos espaços escolares e em sala de aula, quanto mais novos forem os estudantes, tanto mais fácil e adequado é ao docente organizar a divisão da turma em equipes. Quanto mais maduros, tanto mais deve o docente compartilhar com eles essa tarefa ou deixá-la a cargo dos próprios estudantes.
Dependendo da proposta, em sala de aula alguns docentes preferem grupos heterogêneos, envolvendo habilidades em diferentes componentes curriculares. Em outra proposta pode-se formar grupos por afinidade, proximidade, amizade, grupos de interesse. A formação aleatória (sorteios e dinâmicas lúdicas) também pode ser usada eventualmente, ou em atividades para unir duplas que previamente tenham se escolhido ou se formado por outro critério.
Várias estratégias podem ser utilizadas (CARVALHO e ANDRADE, Metodologias Ativas, p. 34).   

V. Trabalhando os Textos Resumidos “O que podemos aprender com os animais”
Imprima em quantidade suficiente para que cada grupo tenha o conjunto dos quatro textos. Distribua para os grupos. Peça que cada participante fique com um dos textos e eles deverão:
- ler silenciosamente procurando no textos frases que destacam ideias que podem ser aplicados ao contexto deles (educacional, trabalho em equipe, motivação, superação, empresarial, etc).
- após a leitura inicial, eles deverão compartilhar com seus pares (dentro dos grupos).
- ao final, de forma coletiva, em cada grupo, uma pessoa deverá destacar uma das ideias principais para todos.

A Lição dos Gansos

(1) No outono, quando se vê bandos de gansos voando rumo ao sul, formando um grande “V” no céu, indaga-se o que a ciência já descobriu sobre o porquê de voarem dessa forma.
(2) Sabe-se que quando cada ave bate as asas, move o ar para cima, ajudando a sustentar a ave imediatamente detrás.
(3) Ao voar em forma de “V”, o bando se beneficia de pelo menos 71% a mais da força de voo do que uma ave voando sozinha.

(4) Sempre que um ganso sai do bando, sente subitamente o esforço e a resistência necessária para continuar voando sozinho.
(5) Rapidamente, ele entra outra vez em formação para aproveitar o deslocamento de ar provocado pela ave que voa imediatamente à sua frente.
(6) Quando o ganso líder se cansa, ele muda de posição dentro da formação e outro ganso assume a liderança.
(7) Os gansos de trás gritam, encorajando os da frente para que mantenham a velocidade.
(8) Finalmente, quando um ganso fica doente, ou ferido perde as forças e cai, dois gansos saem de formação e o acompanham para ajudá-lo e protegê-lo.
(9) Ficam com ele até que consiga voar novamente ou venha a falecer e só então levantam voo sozinhos ou em outra formação a fim de alcançar seu bando.
Fonte: Kris Brown e Holy Rosary. Organizado sequencialmente por Frank Viana Carvalho. Citado por Simão de Miranda em Dinâmicas de Grupo. Campinas: Papirus, 2006.

Lobos em Formação

(1) Ao observar os lobos em linha na época do inverno, pesquisadores perceberam e relataram algo bem interessante:
(2) Os três primeiros eram os mais velhos ou os doentes e marcavam o ritmo do grupo. Se fosse ao contrário, seriam deixados para trás e perderiam o contato com a alcateia. Seguindo na frente, em caso de emboscada, davam a vida em sacrifício pelos mais jovens.
(3) Eles são seguidos pelos cinco mais fortes que defendiam a todos em caso de ataques surpresa.

(4) No centro seguiam os demais membros da alcateia, e no final do grupo seguiam os outros cinco mais fortes que protegiam o grupo.
(5) Em último, sozinho, seguia o lobo “alfa (alpha)”, o líder da alcateia. Nessa posição ele conseguia controlar tudo ao redor, decidir a direção mais segura que o grupo deveria seguire antecipar os ataques dos predadores.
(6) Em resumo, a alcateia segue ao ritmo dos anciões e sob o comando do líder que impõe o espírito de grupo não deixando ninguém para trás.
Modificado, resumido e organizado sequencialmente por Frank Viana Carvalho. Fontes: Site O Bem Viver: https://obemviver.blog.br/2016/04/18/lideranca-aprendendo-com-a-natureza-a-licao-dos-lobos/ e livro de Barrry Lopes: Os Lobos e o homem. Lopez, Barry. Of wolves and men. New York: Scribner Classics. 1978, p. 320.

 

Os Pinguins e o Frio

(1)  Uma equipe internacional de cientistas desvendou o mistério de como os pinguins aguentam o rigoroso frio do continente gelado.
(2)  Um vídeo gravado durante o inverno na Antártida capturou durante várias horas a movimentação dos pinguins em Dronning Maud Land, onde as temperaturas podem cair a menos 45 graus centígrados e os ventos chegam a 180 quilômetros por hora.
(3)  Os pinguins imperadores conseguem sobreviver ao inverno antártico formando grandes grupos.
(4) Eles precisam se agrupar ou então perderão energia. Se o grupo for muito solto, os pinguins congelam. Mas, se o grupo for muito apertado, eles não conseguem se mover.

(5)  A grande colônia fica parada a maior parte do tempo, mas, a cada 30 ou 60 segundos, um pinguim ou um grupo deles começa a se mover aos poucos e isto faz com que os pinguins que cercam o grupo se movam e, de repente, este movimento atravessa a colônia como uma onda.
(6)  O movimento coordenado do grupo é tão sutil, que é imperceptível a olho nu, mas, em imagens gravadas durante um período mais longo, é possível ver o impacto destes movimentos na estrutura da colônia.
(7) As imagens também revelaram que, enquanto a onda de movimento atravessa a frente do grupo, alguns pinguins que estão na área saem da colônia e vão para a parte de trás do agrupamento.
(8) Isto significa que, durante várias horas, os pinguins usam as ondas de movimento para viajar pela colônia e ter a chance de compartilhar um pouco de calor.
(9) Mas parece que esses grupos praticamente compactos às vezes podem ser eficientes até demais na tarefa de manter os pinguins aquecidos. Os pinguins que estão no centro do grupo acabam ficando com calor e de vez em quando, precisam sair para tomar um ar.
(10) Pesquisas anteriores consideravam os grupos como estruturas estáticas – o que agora sabe-se que não é verdade.
Modificado, resumido e colocado sequencialmente por Frank Viana Carvalho. Fonte: BBC, Revista Plos One.

O que as Formigas nos ensinam

(1) As formigas são encontradas em muitas histórias, contos, fábulas e ensinamentos da cultura ocidental e oriental. Elas representam sobremaneira o esforço cooperativo, a força e a solidariedade. Há também lições de operosidade, tenacidade e organização.
(2) Apesar de pequenas, as formigas são muito fortes. São capazes de levantar até sete vezes o seu próprio peso.

(3) Elas também são muito resistentes. São capazes de andar até 300 metros para encontrar comida, o que seria no caso do ser humano o equivalente a andar 60 quilômetros a pé para ir fazer compras no supermercado.
(4) As formigas não se prendem a limites quando encontram um objeto que devem carregar, simplesmente fazem todo o esforço possível para erguer e avançar.
(5) Elas trabalham de forma planejada e previdente. Trabalham no verão adquirindo e juntando reservas para o inverno.
(6) As formigas são muito organizadas. Um formigueiro pode abrigar até três milhões de formigas, onde cada uma tem seu papel e desempenha uma função.
(7) Finalmente podemos afirmar que as formigas são resilientes. Se algo destrói o seu lar - o formigueiro -, elas pronta e imediatamente começam o trabalho de reconstrução.
Modificado, resumido e colocado sequencialmente por Frank Viana Carvalho. Fontes: Brasil Escola; Revista Galileu, Revista Super Interessante. Site: Na busca dos ancestrais das formigas.


Obs. Os textos “O que podemos aprender com os castores” e “O que podemos aprender com as abelhas”, modificados e organizados por Frank Viana Carvalho também podem ser utilizados.


Clique para Outras Importantes Orientações e Sugestões:




Referências - Metodologias Ativas:
CARVALHO, Frank Viana; ANDRADE NETO, Manoel. Metodologias Ativas: Aprendizagem Cooperativa, PBL e Pedagogia de Projetos. São Paulo: República do Livro.  122 p.  ISBN: 978-85-85248-02-4. 2019.
CARVALHO, Frank Viana. Trabalho em Equipe, Aprendizagem Cooperativa e Pedagogia da Cooperação. São Paulo, Editora Scortecci, 2015. 211 p. ISBN: 978-85-366-4024-2. 2015.
As duas obras podem ser encontradas na Livraria Nobel, Atelier do Saber ou República do Livro. Pedidos ao Atelier do Saber para entrega pelo Correio podem ser feitos ao escrever um e-mail solicitando os livros: atelierdosaber@hotmail.com

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