Introdução
Frank Viana Carvalho
Seja
bem-vindo à vanguarda educacional e aos novos modelos de ensino e aprendizagem
nesta era do conhecimento, da tecnologia da informação e do mundo digital.
Você, que agora ouve falar das Metodologias Ativas, saiba que elas representam
uma real transformação e modificação na forma de ensinar e aprender. Nesta
postagem e nas outras cujos links aparecem aqui, você encontrará as orientações
para seus primeiros passos nesse novo caminho didático-metodológico.
As
principais metodologias ativas são as que estrategicamente se valem da força do
trabalho em equipe para a promoção da aprendizagem e construção de
competências: a aprendizagem baseada em problemas, a aprendizagem cooperativa e
colaborativa, e a aprendizagem por meio de projetos
(CARVALHO e ANDRADE, 2019,
p. 08).
Inicialmente
é importante conhecer algumas referências que podem ajudá-lo(a) no
aprofundamento e ampliação dos conhecimentos sobre as Metodologias Ativas: veja
abaixo em referências.
Metodologias Ativas - Começando e Implantando
em suas Aulas ou Turmas
Frank Viana Carvalho
I. Conhecendo as Metodologias Ativas
A
primeira coisa é mostrar à sua equipe, aos seus alunos ou aos participantes do
seu grupo de estudos e aprendizagens a importância das Metodologias Ativas e
seus fundamentos. Para tal é fundamental a compreensão do significado do
Trabalho em Equipe, da Interação, do Compartilhar e Cooperar nas Metodologias
Ativas (PBL, Aprendizagem Cooperativa e
Projetos). Essa conscientização ocorrerá em etapas, mas desde o começo, ela
deve ser trabalhada.
Objetivo:
Apresentar e relembrar aos participantes de forma breve a importância do
trabalho em equipe na construção do conhecimento.
Estratégia:
apresentação de resumos dos conceitos, das definições, de palavras-chave e de
sínteses das Metodologias Ativas através de slides e apresentações orais
curtas.
II. Conscientização
Você
necessitará se valer de ações ou agentes pedagógicos estimuladores para
compreensão da importância do fazer coletivo, do engajamento e do trabalho em
equipe para o desenvolvimento de habilidades e competências educacionais e
profissionais. Este agente estimulador pode ser um filme sobre o assunto, um
texto, um artigo, um site, uma excursão, um vídeo, uma reportagem, uma notícia
importante e atual, uma propaganda, uma entrevista, um objeto, uma imagem, um
produto, uma dinâmica, ou outra atividade que desperte a atenção para a
importância da utilização da metodologia.
Objetivo:
Preparar a equipe pedagógica, os docentes para o necessário processo de
sensibilização e conscientização junto aos estudantes. Preparar o seu grupo de
estudos e aprendizagens. Em algumas escolas este processo precisa ser
desenvolvido junto a todos: direção, coordenação, estudantes e colaboradores
técnico-administrativos.
Estratégia:
leitura e análise de pequenos textos, pequenos filmes, apresentação de
pesquisas.
Há
vários filmes que podem levar à essa necessária reflexão. Filmes do final do
século XX:
-
“A Guerra do Arco-íris” (do individualismo, isolamento e preconceitos e
conflitos, em direção à união, à superação, à compreensão, ajuda e cooperação).
-
Together – Curta metragem sobre soluções criativas conjuntas.
-
Time de Águias – (o trabalho em equipe, o incentivo, a motivação, a superação,
a automotivação, a resiliência).
Filmes
do século XXI:
-
O Triunfo (a história do professor Ron Clark que teve que alterar completamente
seus métodos e propostas para fazer com que alunos desacreditados aprendessem e
se superassem)
-
Escola da Vida (ficção que retrata de forma leve e divertida a história de dois
docentes que se valem de estratégias e métodos heterodoxos ao ensinar aos seus
alunos)
-
Race to nowhere (documentário com um importante questionamento da escola
tradicional focada em transformar pessoas para serem apenas bons alunos,
esquecendo-se de que ela deve educar para a vida, para a sociedade, para o mundo
do trabalho. Também traz propostas de mudanças).
Outros
filmes que podem ser parcialmente utilizados com esse propósito: O Sorriso de
Monalisa, Gênio Indomável, O Clube do Imperador, Escritores da Liberdade, Além
da Sala de Aula, Uma lição de vida, Meu nome é Rádio, O melhor professor da
minha vida, Educação para o brincar, Meu adorável professor, A Onda, O
Substituto, O Primeiro da Classe, Sociedade dos Poetas Mortos.
Em
cada um desses filmes, deve ser feita uma análise prévia para se saber quais
partes dos filmes enfatizam mais os ensinamentos que se pretende destacar das Metodologias
Ativas.
III. Utilizando o excelente Filme “A Guerra do Arco-Íris”
O
filme deve ser assistido com pausas. Em cada pausa pedir aos participantes que
anotem uma palavra que resuma o que viram naquele trecho do filme.
1º
Momento - Atividade:
Primeira
parte: Do início, até quando o Jovem do mundo ‘amarelo’ (dourado) começa a
esboçar uma ideia na prancheta/caderno.
Segunda
Parte: Da ideia que ‘voa’, até o retorno do jovem e sua condecoração por sua
líder.
Terceira
Parte: Do momento em que o jovem apresenta a flor que ele trouxe de outro reino
e é punido até quando as cores se misturam e formam o ‘verde’.
Quarta
(e última) Parte: Da percepção da mistura das cores até ao final do filme.
2º
Momento - Atividade:
Ouvir
e anotar na ‘lousa’, ou digitar para que apareça na projeção em tempo real as
palavras ‘síntese’ do filme. Se forem muitos participantes, ouvir apenas alguns
voluntários; se poucos, ouvir todos.
Objetivo:
Reflexão e Sensibilização. Observar e destacar como as palavras representam a
evolução da interação humana em qualquer contexto. Do isolamento e
individualismo em direção aos conflitos e resoluções gerados pelo convívio,
superação, descobertas, união, ajuda mútua e cooperação.
Estratégia:
a) Assistir ao Filme Guerra do Arco-Íris por partes, refletindo sobre a
aplicação das principais palavras-chave que resumem o filme.
IV. Organizando em Grupos - Equipes
de Trabalho
Há
várias estratégias para fazer a divisão dos grupos respeitando a diversidade da
turma e
promovendo a interação entre os componentes.
Na
organização dos grupos nos espaços escolares e em sala de aula, quanto mais
novos forem os estudantes, tanto mais fácil e adequado é ao docente organizar a
divisão da turma em equipes. Quanto mais maduros, tanto mais deve o docente
compartilhar com eles essa tarefa ou deixá-la a cargo dos próprios estudantes.
Dependendo
da proposta, em sala de aula alguns docentes preferem grupos heterogêneos,
envolvendo habilidades em diferentes componentes curriculares. Em outra
proposta pode-se formar grupos por afinidade, proximidade, amizade, grupos de
interesse. A formação aleatória (sorteios e dinâmicas lúdicas) também pode ser
usada eventualmente, ou em atividades para unir duplas que previamente tenham
se escolhido ou se formado por outro critério.
Várias
estratégias podem ser utilizadas (CARVALHO e ANDRADE, Metodologias Ativas, p.
34).
V. Trabalhando os Textos Resumidos “O que podemos aprender com os
animais”
Imprima em quantidade
suficiente para que cada grupo tenha o conjunto dos quatro textos. Distribua
para os grupos. Peça que cada participante fique com um dos textos e eles
deverão:
- ler silenciosamente
procurando no textos frases que destacam ideias que podem ser aplicados ao contexto
deles (educacional, trabalho em equipe, motivação, superação, empresarial,
etc).
- após a leitura inicial,
eles deverão compartilhar com seus pares (dentro dos grupos).
- ao final, de forma
coletiva, em cada grupo, uma pessoa deverá destacar uma das ideias principais
para todos.
A Lição dos Gansos
(1) No outono, quando se
vê bandos de gansos voando rumo ao sul, formando um grande “V” no céu,
indaga-se o que a ciência já descobriu sobre o porquê de voarem dessa forma.
(2) Sabe-se que quando
cada ave bate as asas, move o ar para cima, ajudando a sustentar a ave
imediatamente detrás.
(3) Ao voar em forma de
“V”, o bando se beneficia de pelo menos 71% a mais da força de voo do que uma
ave voando sozinha.
(4) Sempre que um ganso
sai do bando, sente subitamente o esforço e a resistência necessária para continuar
voando sozinho.
(5) Rapidamente, ele
entra outra vez em formação para aproveitar o deslocamento de ar provocado pela
ave que voa imediatamente à sua frente.
(6) Quando o ganso líder
se cansa, ele muda de posição dentro da formação e outro ganso assume a
liderança.
(7) Os gansos de trás
gritam, encorajando os da frente para que mantenham a velocidade.
(8) Finalmente, quando um
ganso fica doente, ou ferido perde as forças e cai, dois gansos saem de
formação e o acompanham para ajudá-lo e protegê-lo.
(9) Ficam com ele até que
consiga voar novamente ou venha a falecer e só então levantam voo sozinhos ou
em outra formação a fim de alcançar seu bando.
Fonte: Kris Brown e Holy Rosary. Organizado
sequencialmente por Frank Viana Carvalho. Citado por Simão de Miranda em
Dinâmicas de Grupo. Campinas: Papirus, 2006.
Lobos em Formação
(1)
Ao observar os lobos em linha na época do inverno, pesquisadores perceberam e
relataram algo bem interessante:
(2)
Os três primeiros eram os mais velhos ou os doentes e marcavam o ritmo do
grupo. Se fosse ao contrário, seriam deixados para trás e perderiam o contato
com a alcateia. Seguindo na frente, em caso de emboscada, davam a vida em
sacrifício pelos mais jovens.
(3)
Eles são seguidos pelos cinco mais fortes que defendiam a todos em caso de
ataques surpresa.
(4)
No centro seguiam os demais membros da alcateia, e no final do grupo seguiam os
outros cinco mais fortes que protegiam o grupo.
(5)
Em último, sozinho, seguia o lobo “alfa (alpha)”, o líder da alcateia. Nessa
posição ele conseguia controlar tudo ao redor, decidir a direção mais segura
que o grupo deveria seguire antecipar os ataques dos predadores.
(6)
Em resumo, a alcateia segue ao ritmo dos anciões e sob o comando do líder que
impõe o espírito de grupo não deixando ninguém para trás.
Modificado,
resumido e organizado sequencialmente por Frank Viana Carvalho. Fontes: Site O
Bem Viver: https://obemviver.blog.br/2016/04/18/lideranca-aprendendo-com-a-natureza-a-licao-dos-lobos/
e livro de Barrry Lopes: Os Lobos e o homem. Lopez,
Barry. Of wolves and men. New York: Scribner Classics. 1978, p. 320.
Os Pinguins e o Frio
(1) Uma equipe internacional de cientistas
desvendou o mistério de como os pinguins aguentam o rigoroso frio do continente
gelado.
(2) Um vídeo gravado durante o inverno
na Antártida capturou durante várias horas a movimentação dos
pinguins em Dronning Maud Land, onde as temperaturas podem cair a menos 45
graus centígrados e os ventos chegam a 180 quilômetros por hora.
(3) Os pinguins imperadores conseguem sobreviver
ao inverno antártico formando grandes grupos.
(4) Eles
precisam se agrupar ou então perderão energia. Se o grupo for muito solto, os
pinguins congelam. Mas, se o grupo for muito apertado, eles não conseguem se
mover.
(5) A grande colônia fica parada a maior parte do
tempo, mas, a cada 30 ou 60 segundos, um pinguim ou um grupo deles começa a se
mover aos poucos e isto faz com que os pinguins que cercam o grupo se movam e,
de repente, este movimento atravessa a colônia como uma onda.
(6) O movimento coordenado do grupo é tão sutil,
que é imperceptível a olho nu, mas, em imagens gravadas durante um período mais
longo, é possível ver o impacto destes movimentos na estrutura da colônia.
(7) As
imagens também revelaram que, enquanto a onda de movimento atravessa a frente
do grupo, alguns pinguins que estão na área saem da colônia e vão para a parte
de trás do agrupamento.
(8) Isto
significa que, durante várias horas, os pinguins usam as ondas de movimento
para viajar pela colônia e ter a chance de compartilhar um pouco de calor.
(9) Mas parece que esses grupos
praticamente compactos às vezes podem ser eficientes até demais na tarefa de
manter os pinguins aquecidos. Os pinguins que estão no centro do grupo acabam
ficando com calor e de vez em quando, precisam sair para tomar um ar.
(10) Pesquisas
anteriores consideravam os grupos como estruturas estáticas – o que agora
sabe-se que não é verdade.
Modificado,
resumido e colocado sequencialmente por Frank Viana Carvalho. Fonte:
BBC, Revista Plos One.
O que as Formigas nos ensinam
(1) As formigas são encontradas em muitas
histórias, contos, fábulas e ensinamentos da cultura ocidental e oriental. Elas
representam sobremaneira o esforço cooperativo, a força e a solidariedade. Há
também lições de operosidade, tenacidade e organização.
(2) Apesar de pequenas, as formigas são muito
fortes. São capazes de levantar até sete vezes o seu próprio peso.
(3) Elas também são muito resistentes. São
capazes de andar até 300 metros para encontrar comida, o que seria no caso do
ser humano o equivalente a andar 60 quilômetros a pé para ir fazer compras no
supermercado.
(4) As formigas não se prendem a limites
quando encontram um objeto que devem carregar, simplesmente fazem todo o
esforço possível para erguer e avançar.
(5) Elas trabalham de forma planejada e
previdente. Trabalham no verão adquirindo e juntando reservas para o inverno.
(6) As formigas são muito organizadas. Um
formigueiro pode abrigar até três milhões de formigas, onde cada uma tem seu
papel e desempenha uma função.
(7) Finalmente podemos afirmar que as formigas
são resilientes. Se algo destrói o seu lar - o formigueiro -, elas pronta e imediatamente
começam o trabalho de reconstrução.
Modificado,
resumido e colocado sequencialmente por Frank Viana Carvalho. Fontes:
Brasil Escola; Revista Galileu, Revista Super Interessante. Site: Na busca dos
ancestrais das formigas.
Obs.
Os textos “O que podemos aprender com os castores” e “O que podemos aprender
com as abelhas”, modificados e organizados por Frank Viana Carvalho também
podem ser utilizados.
Clique para Outras Importantes Orientações e Sugestões:
Será que é possível conseguir ambientes educativos mais silenciosos ao realizar atividades em grupo?
Referências - Metodologias Ativas:
CARVALHO,
Frank Viana; ANDRADE NETO, Manoel. Metodologias Ativas: Aprendizagem
Cooperativa, PBL e Pedagogia de Projetos. São Paulo: República do Livro. 122 p.
ISBN: 978-85-85248-02-4. 2019.
CARVALHO,
Frank Viana. Trabalho em Equipe, Aprendizagem Cooperativa e Pedagogia da
Cooperação. São Paulo, Editora Scortecci, 2015. 211 p. ISBN: 978-85-366-4024-2.
2015.
As
duas obras podem ser encontradas na Livraria Nobel, Atelier do Saber ou
República do Livro. Pedidos ao Atelier do Saber para entrega pelo Correio podem ser feitos ao escrever um e-mail solicitando os livros: atelierdosaber@hotmail.com
Fontes das Imagens dos animais:
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