sexta-feira, 30 de maio de 2008

A crise mundial dos alimentos


A crise mundial dos preços dos alimentos

Frank V. Carvalho

No mundo inteiro os preços dos alimentos estão em alta. E esta alta está provocando uma corrida para a formação de estoques, o que gera mais aumento do preço dos alimentos. Como explicar esse aumento? Fiz uma análise das questões que envolvem a crise dos alimentos e as compartilho aqui. Os preços subiram por várias razões e nenhuma delas é suficiente para atrair para si a ‘total’ responsabilidade pelo que está ocorrendo. Vamos a elas:

I. O aumento do preço do petróleo. Explicação 1. Em praticamente todos os países do globo, o preço dos combustíveis é componente essencial da formação dos preços finais dos alimentos. Os alimentos são produzidos de uma forma geral no meio rural, ou pelo menos, com um certo afastamento dos principais mercados consumidores. Alguns economistas situam o valor do transporte entre 15% e 35% - isso, já contando o seu transporte até as fábricas ‘processadoras’ e daí aos ‘distribuidores’ e, por fim, aos que colocam os alimentos diante dos consumidores. Grande parte da produção de alimentos é exportada – o aumento da distância aumenta de uma forma direta o percentual do item transporte. É claro que o transporte tem seus próprios custos, dos quais, o preço dos combustíveis é um dos principais. Explicação 2. Porque houve aumento do preço do petróleo? Historicamente, o preço do petróleo tem passado por alterações em momentos de crise. A alta atual está diretamente ligada à Guerra do Iraque, que por sua vez, está ligada à resposta dos EUA ao ataque terrorista de 11 de setembro de 2001. Destaque: o preço do barril do petróleo antes da Guerra do Iraque oscilava entre 20 e 25 dólares – agora já está em 120 – um recorde histórico.

II. O aumento da produção e do consumo de biocombustíveis. Explicação 1. O preço do petróleo fez com que a produção de biocombustíveis chegasse também a níveis nunca antes atingidos. E o que isso tem a ver com a atual crise dos preços dos alimentos? É certo que tem uma grande relação e, dependendo do mercado ‘produtor’, essa relação é maior ou menor. Mas é muito difícil definir precisamente qual é o percentual do aumento atual que os biocombustíveis são responsáveis. Se você considera que o aumento na produção dos biocombustíveis está diretamente ligado ao aumento no preço do petróleo, você é tentado a ver este como o culpado. Porém, essa não é uma ‘disputa de culpas’, mas uma explicação que visa a busca de soluções efetivas. Explicação 2. O Brasil é um país que investe em biocombustíveis há mais de trinta anos. Quando se olha dessa perspectiva, não se pode rotular ou culpabilizar o programa brasileiro como ‘especulativo’ ou ‘oportunista’. Contudo, no contexto atual de alta do petróleo, com os preços mais atrativos dos biocombustíveis, vários empreendedores tem procurado investir nessa área. Isso tem levado de forma direta a um aumento da área de plantio, o que, por sua vez, leva à natural diminuição do espaço de outras culturas. Isso não é um discurso ideológico – basta visitar o interior de vários estados brasileiros e ouvir o depoimento dos próprios agricultores. Para muitos deles ‘é muito mais negócio’ plantar cana-de-açúcar’ e manter contratos com as usinas produtoras de álcool combustível do que plantar outros tipos de alimento. Com menos espaço, ou, sem o aumento da produção no mesmo ritmo de crescimento populacional e econômico, os preços dos alimentos naturalmente serão inflacionados. E isso no Brasil, um país com vastas áreas ainda a serem cultivadas e com história e experiência tanto na produção agrícola de alimentos como na de biocombustíveis. Imagine agora os Estados Unidos, que tem menos terras aráveis disponíveis, mas ainda assim investem no milho como biocombustível? E a União Européia? E a África?


III. O aumento do consumo. O presidente Lula afirmou em abril (2008) que o que estava por detrás do aumento dos preços dos alimentos era o aumento do consumo pelos pobres. Sua afirmação tem o respaldo de vários economistas (Folha de SP, 30/05/08), embora não se possa dizer que apenas os pobres estão comendo mais. O crescimento da renda per capita nos países periféricos aumentou o consumo em todos os níveis e programas de redistribuição de renda permitiram que os menos privilegiados também tivessem acesso a uma alimentação de melhor qualidade. Isso se fez perceber mais notadamente no Brasil (programas de redistribuição de renda) e na China (aumento da renda per capita), mas o fenômeno é global. Claro, há exceções, especialmente entre os países africanos. Explicação 2. O aumento do consumo aciona a lei da oferta e da procura e é claro, promove uma disparada nos preços dos alimentos. Isso tem ocorrido de forma sazonal com produtos de forma isolada. Porém, no contexto atual onde vários fatores contribuem direta e indiretamente no processo, o aumento pode ser percebido em todos os alimentos, com destaque para aqueles que formam a base da alimentação de vários países (trigo, arroz, milho, etc.). Para garantir o abastecimento dos mercados internos, alguns países apostaram na restrição às exportações, o que garantiu por si só o aumento da procura e, conseqüentemente, do preço.

IV. A especulação dos investidores. Explicação 1. As bolsas mundiais tem investido cada vez mais em commodities (mercadoria em estado bruto, produto básico de importância comercial, como café, cereais, algodão, ou ainda, produtos padronizados), mas isso, tanto em investimentos estáveis, como também de forma especulativa. Esses investimentos oportunistas (especulativos) sempre estiveram presentes nas bolsas de valores. Aliás, a forma como as bolsas operam é justamente em busca de ‘janelas de oportunidades’ a fim de saírem na frente nos disputadíssimos mercados de ações. O negócio do momento são os combustíveis e alimentos – logicamente em função da alta nos preços. Isso faz aumentar ainda mais o preço das commodities primárias. Com um preço maior, o ciclo se repete em um efeito cascata ou ‘circulo vicioso’. Explicação 2. O novo relator especial da ONU para o Direito ao Alimento, Olivier De Schutter, crê que a especulação financeira na crise possa responder por até um terço do atual aumento de preços dos alimentos em um ano. Observe que, quando os Estados Unidos e a União Européia anunciaram metas ambiciosas de adicionar biocombustíveis ao combustível derivado do petróleo, o mercado especulativo voltou-se ainda mais para esse segmento e isso catapultou os preços dessas commodities ainda mais.

V. O oportunismo dos produtores e atravessadores. Explicação 1. Quando o seu produto é o mais procurado e buscado pelos consumidores, a lei da oferta e da demanda (procura) dita claramente que haverá um aumento dos preços. É óbvio que muitos preços são ‘artificialmente’ inflacionados apenas para promover ganhos ainda maiores para os que detém o poder de produzi-los ou repassá-los. Explicação 2. Até que isso seja ‘assimilado’ pelo mercado e o aumento da produção faça os preços ‘voltarem’ a patamares ‘normais’ e ‘aceitáveis’, o ‘estrago’ inflacionário já terá sido feito.

VI. Os subsídios à produção de alimentos. Explicação 1. Na Europa e nos Estados Unidos, os subsídios governamentais à produção de alimentos alcançaram na atualidade uma tal proporção que literalmente pode-se dizer que os produtores agrícolas ‘ganham para plantar, seja qual for a safra’. Explicação 2. Os subsídios nesses países ricos criaram um tal distorção nos preços dos alimentos que houve o natural desencorajamento dos produtores de outras partes do mundo para exportar para a Europa. Os europeus não conseguiram reduzir esses benefícios, embora já o tenham tentado diversas vezes, em razão do forte corporativismo dos produtores e do seu poder de manipulação da mídia (e conseqüentemente, da população) para defender a sua causa. Nos Estados Unidos, embora o presidente Bush tenha recentemente vetado um aumento nos subsídios, o Congresso ‘quebrou’ o veto e o concedeu aos agricultores. O que se sabia há muito tempo é que os preços dos alimentos praticados nesses países são totalmente artificiais e isso iria ‘estourar’ em algum momento – esse momento chegou.

Com base em tudo isso que foi exposto, acredito que os preços devem continuar elevados por vários anos. Novos investimentos na produção de alimentos visarão basicamente duas frentes, não necessariamente contraditórias: aumentar a produção para garantir o acesso da população à uma necessidade humana tão vital, e; aproveitar o aumento dos preços para produzir e vender os produtos primários mais procurados (na área alimentar), e com isso, garantir bons dividendos. Para os consumidores não há opções fáceis – o caminho é fazer um uso mais racional do dinheiro na hora de fazer as compras: substituir na medida do possível os alimentos mais caros por aqueles mais baratos (e nutritivos).

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Seleção de Pensamentos Maravilhosos e Inteligentes



“Não existe prosperidade permanente baseada em dinheiro emprestado.” Abraham Lincoln

Nenhum de nós é tão bom e inteligente quanto todos nós. Marilyn Ferguson

"Se você fala com Deus, te chamam de religioso. Se Deus fala com você, te chamam de maluco." Dr. House

"Não se vê nada, não se escuta nada e, no entanto, alguma coisa irradia do silêncio." Antoine de Saint Exúpery

A vida não oferece promessas nem garantias, apenas oportunidades e possibilidades...

Riqueza sem trabalho, prazer sem consciência, conhecimento sem caráter, negócios sem ética, ciência sem humanidade, espiritualidade sem sacrifício, política sem princípios... o mundo moderno tenta alcançar o 'bem', o 'bom', o 'sábio' e o virtuoso', mas só consegue mesmo é ficar mais distante do verdadeiro sentido da vida... Frank V. Carvalho

Tudo que o dinheiro pode comprar é barato. As melhores coisas realmente não têm preço. Frank V. Carvalho

Se tem solução, não precisa se preocupar; se não tem solução, não adianta se preocupar...

"A ousadia é, depois da prudência, uma condição especial da nossa felicidade." Arthur Schopenhauer

A boa escolha é trocar as pessoas que nos fazem perder tempo por aquelas que nos fazem perder a noção do tempo...

"O tempo muda tudo, menos algo dentro de nós que sempre se surpreende com as mudanças." Thomas Hardy
A verdade é a melhor camuflagem. Ninguém acredita nela...
"Duas coisas indicam fraqueza: calar-se quando é preciso falar, e, falar quando é preciso calar-se." Provérbio Chinês

O que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida...

Nunca desista de um sonho por causa do tempo que levará para concretizá-lo. O tempo passará de todo jeito.

"Cada sonho que você deixa para trás, é um pedaço do seu futuro que deixa de existir". Steve Jobs


Quanto mais aumenta o nosso conhecimento, mais evidente fica a nossa ignorância. Por isso, muitos recebem conselhos, mas só os sábios tiram proveito. Frank V. Carvalho

"O amor calcula as horas por meses, os dias por anos - cada pequena ausência é uma eternidade." Fiódor Dostoiévski

"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria, 
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
Guimarães Rosa


“Faça sempre o bem; isso contentará algumas pessoas, deixará outras perplexas e enfurecerá dois ou três”. Mark Twain

"Quando os homens são puros, as leis são desnecessárias; quando são corruptos, as leis são inúteis." Benjamin Disraeli
“Perdoar não é esquecer: isso é amnésia. Perdoar é lembrar sem se ferir, é lembrar sem sofrer, é não deixar que dores do passado sejam o guia do seu presente: isso é CURA. Por isso perdoar não é um sentimento, é muito mais: é uma DECISÃO.” Frank V. Carvalho

Os bons são maioria.

Querer alguém pelo corpo escultural, não é amor, é desejo. Desejar alguém pela beleza, não é amor, é bom gosto. Sonhar com alguém por sua inteligência, não é amor, é admiração. Ficar fora de si diante do talento de uma pessoa, não é amor, você é apenas um fã. Almejar uma pessoa pela riqueza, não é amor, é interesse. Mas se você quer muito uma pessoa e gostaria de passar o resto da vida ao lado dela e não sabe o porquê... você está com grandes chances de acertar: o amor está batendo à sua porta. Frank V. Carvalho

Saudade é o preço que se paga por viver momentos inesquecíveis.

"Eu não sei ao certo o caminho para sucesso; mas sem dúvida, o caminho para o fracasso é querer agradar a todo mundo". John F. Kennedy

"Ser profundamente amado por alguém nos dá força; amar alguém profundamente nos dá coragem." Lao-Tsé

"Não importa se você faz certo ou errado, alguns sempre vão achar um motivo pra te criticar." Clarice Lispector

Corrija o sábio e ele se tornará mais sábio. Corrija o tolo e você terá um novo inimigo.

“Se você disser que virá, posso te esperar a vida inteira.” Antoine de Saint Exúpery

"Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que tanto nos pressiona." Lia Luft


"Daqui a vinte anos você estará mais decepcionado pelas coisas que você não fez, do que pelas coisas que você fez. Portanto, livre-se das bolinas. Navegue longe dos portos seguros. Pegue os ventos da aventura em suas velas. Explore. Sonhe. Descubra." Mark Twain

"Quando a gente quer bem a uma pessoa, a presença dela conforta. Só a presença, não é necessário mais nada". Graciliano Ramos

"Toda empresa precisa ter gente que erra, que não tem medo de errar e que aprende com o erro." Bill Gates


Uma pérola de Mark Twain: "É mais fácil enganar as pessoas do que convencê-las de que foram enganadas."

"Quem guarda mágoas perde no peito um espaço precioso. É por isso que o coração fica tão apertado." M. Queiroz

"Só existe uma coisa mais dolorosa do que aprender com as próprias experiências: é não aprender com elas."


Bem falou Abraham Lincoln quando disse que "Só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar." É verdade, mas não podemos esquecer o que disse o sábio Ayaan Hirsi: "Onde não se pode criticar, todos os elogios são suspeitos."

“Você não é derrotado quando perde. Você é derrotado quando desiste.” (Dr. House)

Quer ser feliz? “Primeiro, encha sua mente de verdades, segundo, encha sua vida de serviço e, terceiro, encha seu coração de amor.” Thomas S. Monson

Não confie em todos os peixes, alguns são traíras.

"Todos os cogumelos são comestíveis: alguns, uma única vez."


"A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas." Horácio (Quintus Horatius Flacus, poeta romano)


"O público não quer a verdade, mas a mentira que mais lhe agrade." Fernando Pessoa

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Meus alunos

Meus alunos

Tenho aprendido e ensinado muito ao longo desses anos com meus alunos. Na verdade tenho aprendido mais do que ensinado e por isso sinto-me um privilegiado. Quantas descobertas, quantos conceitos, quantas aprendizagens!

Minha carreira de professor começou em 1987 numa escola particular de Santo Amaro, na grande São Paulo, onde lecionei Educação Moral e Religiosa. No ano seguinte encontrava-me na Escola Estadual do Jardim Santo Eduardo, zona sul de São Paulo lecionando Língua Estrangeira Moderna – Inglês. Dali segui para o UNASP, onde lecionei durante cinco anos. Após isso, fui diretor de escola por um período de quatro anos no Espírito Santo e em Minas Gerais. Saí da administração de colégios para ingressar no magistério superior em 1999 e esse é meu décimo ano de atuação nessa área. Já se vão vinte e um anos de trabalho na área da educação...

O professor nunca tem razão


O professor nunca tem razão


Quando fala um minuto após o sinal: é um “fominha” para dar aula;
quando pára um minuto antes: está “matando aula”.
Quando fala em voz alta está “gritando”;
quando fala em tom normal, ninguém escuta.
Quando possui um automóvel: é rico;
quando não tem carro é um “pobre coitado”.
Quando não conversa é um “desligado”;
quando bate papo com os alunos: está “cheio de intimidades”.
Quando pede ao aluno uma opinião está perturbando;
quando não pede a participação: é “centralizador”.
Quando é jovem não tem experiência;
quando é velho: “já passou da hora ...”
Quando dá muita matéria, “não tem dó do aluno”;
quando dá pouca matéria, “não o prepara” adequadamente.
Quando dá tarefa de casa: pensa que “só existe a matéria dele”;
quando não dá tarefa de casa, não “ensina responsabilidade”.
Quando a avaliação é extensa, “não dá tempo aos alunos”;
Quando a avaliação é curta: “tira as chances dos alunos”.
Quando repreende os alunos: é um “chato”;
quando não repreende: “é um bobo”.
Quando conversa com outros professores, está “malhando” os alunos;
Quando não conversa com os colegas: “não compartilha as idéias”.
Quando não falta às aulas: é um “Caxias”;
Quando precisa faltar: é um “irresponsável”.
Quando brinca com os alunos: é metido a “engraçadinho”;
quando não brinca: é “antipático”.
Se olha sério e firme: é “grosso” e “constrange” os alunos;
Se deixa as coisas acontecerem, “não sabe se impor”.
Se diz a verdade: é “rude”.
Se elogia: é “debochado”.
Se fala muito: é “tradicional”, só dá aula “expositiva”;
se faz os alunos participarem ativamente: “só os alunos” é que trabalham.
Se fala corretamente “ninguém entende”;
se fala a “língua do aluno”: não tem “vocabulário” de professor.
Se o aluno é reprovado: é “perseguição”;
se o aluno é aprovado: “deu mole”.
Isto mesmo: se o aluno passa é porque “é muito inteligente”;
se não passa de ano: é porque o professor é “incompetente”.
Enfim, além de sempre estar errado, quando alcança os seus objetivos é um simples desconhecido.
Mas se você chegou até aqui, foi graças a ele. Vale a pena ser professor!!!

Adaptação - Frank V. Carvalho

terça-feira, 27 de maio de 2008

Visão e Ação


"Visão sem ação não passa de um sonho
Ação sem visão é só um passatempo
Visão e ação podem mudar o mundo.”
Joel Arthur Barker


Demóstenes tinha grande ambição de se tornar orador, mas tinha limitações naturais da fala. A vontade firme foi essencial, mas insuficiente – era necessário algo mais. Segundo Plutarco, "sua pronúncia inarticulada e gaguejante foi superada e tornou-se mais distinta porque ele treinou ao falar com pedras na boca". Aumentando o problema que desejamos superar desenvolvemos o poder necessário para vencer a dificuldade inicial. Demóstenes usou estratégia semelhante no treinamento da voz, que "ele disciplinou declamando versos e fazendo discursos quando estava quase sem fôlego, correndo ou subindo montanhas". Finalmente ele venceu a gagueira e se tornou um dos maiores oradores da antiguidade. Parece incrível, mas séculos depois de Demóstenes, um menino de Belo Horizonte lidava com uma gagueira ‘crônica’, que o impedia de falar corretamente nove palavras em dez. Leitor incansável, encontrou em suas leituras o exemplo de Demóstenes. Parecia uma visão do passado – haveria alguma possibilidade de ação ali? Eis que o menino de dez anos coloca bolinhas de gude na boca e se esforça para falar correta e tranqüilamente as palavras nas quais sentia dificuldade de expressar-se (quase todas). Com muito esforço e perseverança e fazendo isso às escondidas, pois tinha vergonha que seus irmãos e pais o vissem naquela situação, consegue aos poucos superar a limitação. Anos mais tarde torna-se um professor do ensino superior, palestrante na área educacional e escritor. Os simples exemplos que a história registra sempre servirão de inspiração àqueles que souberem se valer de sus lições.

Muito obrigado, Demóstenes!

Planejar


"Se planejamos para um ano, devemos plantar cereais;
Se planejamos para uma década, devemos plantar árvores;
Mas se planejarmos para uma vida, devemos educar o homem."


Era o último dia do exame final em uma das grandes Universidades do Oeste. Na escadaria do edifício um grupo de estudantes de Engenharia confabulava, discutindo sobre o exame que em alguns minutos iria começar.

Os seus rostos mostravam confiança. Este era o seu último exame - depois, a formatura e o trabalho. Alguns falavam de trabalhos que já lhes haviam sido prometidos; outros, de contratos em perspectiva. Com o curso de quatro anos na Faculdade, sentiam-se prontos e aptos para conquistar o mundo.

Este exame, diziam eles, será "barbada". O professor havia dito que poderiam trazer todos os livros e notas que quisessem, somente não deveriam falar um ao outro durante a prova.

Jubilosos, entravam na sala de aula. O professor distribuiu os papéis das provas e sorriu satisfeito, ao ver os alunos alegres, pois havia apenas cinco perguntas.
Três horas se haviam passado e o professor começou a recolher os papéis. Agora os estudantes não mais tinham um olhar confiante. Nas suas faces havia uma expressão aterradora.

Ninguém falava e com os exames na mão, o professor encarou os alunos, ao notar o seu angustiado olhar, perguntando: "Quantos responderam a quatro perguntas?'' Nenhuma mão se levantou. "Três" . . . "Duas" .. .

Os alunos se mexiam incessantemente nos seus lugares. "Uma? Por certo alguém respondeu pelo menos uma!''

Mas a classe manteve-se silenciosa. O professor, ao examinar os papéis, falou: "É isto mesmo que esperava. Eu apenas quis impressionar; embora sendo quatro anos de engenharia, há muita coisa sobre o assunto que ainda não sabeis. Estas perguntas a que não soubestes responder são comuns na prática de cada dia".

Então, sorrindo, acrescentou: "Vós todos passastes no exame, mas lembrai-vos de que, embora formados neste colégio, vossa educação apenas começou.”

Os anos apagaram o nome deste professor, mas não a lição que ele ensinou.

Destruam as Calhas


Sou pedagogo, defendo os pedagogos quando são criticados, mas não posso deixar de dar razão a Celestin Freinet numa crítica que ele fez a nós. Muitas vezes, somos metódicos demais. Olhem essa pérola escrita por ele.

“Sejamos francos: se deixássemos aos pedagogos o cuidado exclusivo de iniciar as crianças na manobra da bicicleta, não teríamos muitos ciclistas.
Seria necessário, com efeito, antes de montar a bicicleta, conhecê-la – elementar, não é mesmo? -, pormenorizar as peças que a compõem e fazer, com bons resultados, numerosos exercícios sobre os princípios mecânicos da transmissão e do equilíbrio.
Depois, mais só depois, a criança seria autorizada a montar na bicicleta. Oh! Não se preocupe! Não a lançariam impensadamente por uma estrada difícil, onde correria o risco de ferir os transeuntes. Os pedagogos teriam providenciado boas bicicletas de estudo, montadas em calhas, girando em vão e, nas quais aprenderia sem riscos a manter-se no selim e pedalar.
E, é claro, só quando o aluno soubesse andar de bicicleta é que o deixariam aventurar-se livremente na máquina.
Felizmente, as crianças aniquilam de antemão os projetos prudentes e metódicos demais dos pedagogos. Descobrem, num celeiro, uma velha maquineta sem pneu nem freios e, às escondidas, aprendem em poucos instantes a andar de bicicleta, como aliás, aprendem todas as coisas: sem qualquer conhecimento de regras e de princípios, agarram-se à máquina, orientam-na para a descida e ... vão aterrar contra um barranco. Recomeçam obstinadamente, e em tempo recorde, sabem andar de bicicleta. A prática fará o resto.
Quando, em seguida, para andar melhor, tiveram que consertar um pneu, ajustar um raio, ou colocar a corrente, desejarão reconhecer, através dos colegas, dos livros, ou do professor, o que em vão, vocês lhes havia tentado inculcar.
Na origem de toda a conquista está, não o conhecimento, que só vem normalmente em função das necessidades da vida, mas a experiência, o exercício e o trabalho.”

Freinet, Célestin - Pedagogia do Bom Senso (Ed. Martins Fontes)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Se


Se

Se és capaz de manter a tua calma,

quandotodo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.

De crer em ti quando estão todos duvidando,

e para esses, no entanto, achar uma desculpa.


Se és capaz de esperar sem te desesperares,

ou, enganado, não mentir ao mentiroso,

Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,

e não parecer bom demais, nem pretensioso.


Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,

de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.

Se, encontrando a ‘desgraça’ e o ‘triunfo’, conseguires,

tratar da mesma forma a esses dois impostores.


Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,

em armadilhas as verdades que disseste,

E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,

e refazê-las com o bem pouco que te reste.


Se és capaz de arriscar numa única parada,

tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.

E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,

resignado, retornar ao ponto de partida.


De forçar coração, nervos, músculos, tudo,

a dar seja o que for que neles ainda existe.

E a persistir assim quando, exausto, contudo,

resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!


Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,

e, entre Reis, não perder a naturalidade.

E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,

se a todos podes ser de alguma utilidade.


Se és capaz de dar, segundo por segundo,

ao minuto fatal, todo valor e brilho.

Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,

e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!



Palavras inspiradoras de Rudyard Kipling

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Einstein e Deus - Começando


Chega-nos agora essa revelação de que Einstein achava a idéia de Deus uma construção humana, “uma fraqueza”. Quem já leu a biografia de Einstein não teve nenhuma surpresa: ele não acreditava no Deus da Bíblia, no Deus pessoal dos cristãos ou dos judeus. No máximo, ele acreditava numa ‘força’ que tudo move e tudo mantém.

Assim, sua carta ao seu amigo filósofo Eric Gutkind, escrita um ano antes de sua morte em 1955, recentemente encontrada, ou melhor, revelada, não traz nenhuma surpresa ao relatar: “A palavra Deus é para mim nada mais do que expressão e produto da fraqueza humana". E ainda: “A Bíblia é uma coleção de lendas honráveis, ainda que primitivas”. “A religião judaica, como todas as outras religiões, é uma encarnação das superstições mais infantis.” Ele ainda afirmou que não crê que os judeus sejam “o povo escolhido".

Para os conhecedores do pensamento e da vida de Einstein, nenhuma surpresa. Lógico, ele era no máximo um ‘teísta’, acreditando que uma ‘força maior’ deu início a tudo e tudo mantém. Desta forma, para ele, a idéia de Deus (um Deus pessoal que interfere no curso da história, que recompensa ou que pune) é apenas uma construção humana. Para outros pesquisadoresde sua vida, ele tinha uma crença próxima do ‘deísmo’ de Baruch Spinoza: acreditava que Deus se revelava através da harmonia das leis da natureza, rejeitando assim o Deus pessoal que intervém na História. Era também crente no total ‘determinismo’ do universo e excluía a possibilidade do livre arbítrio dos seres humanos. Para Einstein “o Homem é livre de fazer o que quer, mas não é livre de querer o que quer”.

Já era um fato conhecido que Einstein era irônico e até jocoso com relação à religião. A seguinte carta breve de Einstein, escrita a 24 de Setembro de 1946 a Isaac Hirsch, o presidente da Congregação B'er Chaym, ilustra bem a relação de Einstein com a religião judaica e o seu sentido de humor típico:

“Meu caro Sr. Hirsch, muito obrigado pelo seu gentil convite. Apesar de eu ser uma espécie de ‘santo Judeu’, tenho estado ausente da Sinagoga há tanto tempo, que receio que Deus não me iria reconhecer, e se me reconhecesse seria ainda pior. Com os meus melhores cumprimentos e votos de bons feriados para si e para a sua congregação. Agradecendo mais uma vez, A. Einstein.”

Como encarar então suas afirmações anteriores: “Deus não joga dados com o Universo” e, “A ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega.” “Deus é sutil, mas não é maldoso.” ??? Afirmações que parecem mostrar uma certa ‘crença’ em um Deus mais próximo...

Fácil: na mesma época dessas mesmas declarações, ele já afirmava: “Não creio no Deus da teologia que recompensa o bem e pune o mal.”

O que se vê agora, após a publicação destas frases (dirigidas a Eric Gutkind), são os comentaristas de plantão (na maioria, bastante desinformados e superficiais) querendo fazer apologia do ateísmo em cima das frases do cientista. Se conhecessem bem o pensamento de Einstein, nem se dariam ao trabalho de comentar mais essa afirmação.

Einstein era um cientista, não um teólogo. Ele era uma autoridade – em física. Mesmo como cientista, cometeu erros significativos. Teve, contudo, tempo para se retratar das afirmações sobre a ‘constante cosmológica’. Sua negação do ‘princípio da incerteza’, de Heisenberg, quando afirmou que “Deus não joga dados com o Universo”, teve como contraposição a resposta de um outro grande físico, Max Born, de que não cabia a ele (Einstein) dizer como Deus devia agir. Einstein não era orgulhoso: mais tarde, teve a humildade de reconhecer que errou.

Vale a pena conhecer de Einstein algumas crenças ‘pessoais’:
Sobre os ‘buracos negros’: “Não acredito que objetos assim possam existir.”
Sobre a ciência: “Uma coisa que aprendi nessa longa vida: toda nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil – ainda sim é a coisa mais preciosa que nós temos.”
Sobre a ‘realidade’: “No esforço para compreender a realidade, somos como um homem tentando entender o mecanismo de um relógio fechado. Ele vê o mostrador e os ponteiros, ouve o seu tique-taque mas não tem meios para abrir a caixa. Se esse homem for habilidoso, poderá imaginar um mecanismo responsável pelos fatos que observa, mas nunca poderá ficar completamente seguro de que sua hipótese seja a única possível.”
Sobre a capacidade humana e o Universo: “Existem apenas duas coisas infinitas - o Universo e a estupidez humana. E não tenho tanta certeza quanto ao Universo.”

Einstein não era um homem religioso e, é claro, não era um teólogo. Assim, ele não era nenhuma autoridade para falar sobre Deus a partir dessa perspectiva. Mas como qualquer pessoa, ele podia crer em Deus à sua maneira e manifestar-se sobre isso. Aliás, o conhecimento acerca de Deus não está alicerçado no campo cognitivo, mas no espiritual e ‘conhecer’ de fato a Deus, esse conhecimento de Deus pertence àquelas pessoas que se relacionam com Ele.


Albert Einstein foi um grande cientista e merecidamente ganhou reputação de notável por suas descobertas no campo da relatividade. Como ser humano, foi uma pessoa comum, com virtudes e defeitos. No caso dele, podemos dizer, grandes virtudes e poucos defeitos.


Thomas Heat afirma, com base em fatos históricos, que Einstein não tratava bem a sua esposa. Fruto de um relacionamento com sua namorada Mileva Maric, nasceu sua filha Lieserl, que adoeceu ainda bebê e a história registra que Einstein não se ligou nesse assunto: estava preocupado demais com suas pesquisas. Mas ele casou-se com Mileva e teve outros dois filhos, Hans e Eduard.


Mais tarde, ainda casado, envolveu-se amorosamente com sua prima Elsa Lowenthal e, alguns anos após este episódio, separou-se de Mileva. Mas mesmo separado, lembrou-se de dedicar a Mileva o valor ganho com o prêmio Nobel de 1921. Sentia-se atraído por uma de suas enteadas (Margot, filha de Elsa), mas não se envolveu com ela.


O próprio Einstein reconheceu que sua carta ao presidente Roosevelt incentivou a criação da bomba atômica, mas depois ele dedicou grande parte de seus últimos anos em campanhas pela paz mundial.


Como se vê, as contradições presentes na vida do grande físico mostram o quanto ele se equivocava e errava. Mas estes são apenas detalhes e, para sermos generosos, devem ser rapidamente esquecidos. O que se deve ressaltar em cada pessoa são suas contribuições positivas e Albert Einstein nos deixou muitas.

Flexibilização Salarial


Minha filha e eu temos discutido sobre questões salariais e refletido sobre as políticas que levam governos e instituições a buscarem isso como saída para os contratos de trabalho. Temos chegado a algumas conclusões. Hoje se fala muito de flexibilização salarial, em mudanças nas regras de trabalho, em contratos no lugar da CLT. Numa análise pragmática, há pontos favoráveis e contrários, especialmente porque essa flexibilização leva os salários a uma queda vertiginosa. Do lado positivo haverá um ‘certo’ crescimento nas taxas do emprego ‘formal’ (sob a nova modalidade). Em países que aplicaram políticas que levaram a essa flexibilização (Inglaterra e Estados Unidos) essas medidas levaram a um crescimento do emprego numa proporção entre duas e três vezes maior do que naqueles países que não fizeram essa flexibilização (França e Bélgica, por exemplo). Um outro aspecto positivo é a integração no mercado de trabalho de jovens, mulheres e imigrantes. Além disso, pessoas menos qualificadas conseguem espaço para se integrarem a esse mercado.
Entretanto, por outro lado, os aspectos negativos são consideráveis. Ainda que se considere que alguns ganharão mais, um número maior, considerando aí a diminuição ou ausência de benefícios, ganhará menos. Os baixos salários acabarão por criar uma nova classe trabalhadora ‘empobrecida’, que, com o tempo, levará a um novo processo de intensificação da sindicalização com poder de mobilização cada vez mais significativo. Outro aspecto, ainda mais relevante é o fato de que trabalhadores com baixa qualificação entrem numa verdadeira armadilha, pois não há possibilidade de mobilidade e ascensão econômica e social (a renda insuficiente impede-os de se qualificarem).
Ainda outro aspecto é que o rebaixamento dos salários estimula o crescimento de empregos associado à baixa produtividade onde a precariedade atinge a todos, inclusive aqueles que cumprem uma jornada integral. Além disso, baixos salários (na classe menos privilegiada) levam à necessidade de transferências cada vez mais elevadas para a preservação da renda real e ao mesmo tempo criam um desincentivo ao trabalho de qualidade.
De igual modo, a diminuição de salários equivale diretamente à destituição de empregados mais qualificados e à uma reestruturação das instituições. Essa reestruturação, por medidas óbvias de economia, acaba levando à diminuição qualitativa e quantitativa dos benefícios concedidos aos empregados. Logo, esses novos empregados de baixos salários procurarão e sobrecarregarão cada vez mais os sistemas públicos de benefícios e saúde.
Observe que não haverá apenas a demissão de empregados melhor remunerados e mais qualificados – aquele emprego, ou aquela vaga específica com aquelas características foi ‘destruída’. Assim, as novas empresas, indústrias e instituições remodeladas (que flexibilizaram os salários) operarão no limite das condições econômicas e sociais, não oferecendo benefícios ou quando o fizerem, esses serão menores e de menor qualidade.
Em um efeito cascata, ainda que operando no limite, essas empresas, indústrias e instituições não abrirão mão da lucratividade (mesmo com margens menores) e numa estratégia competitiva ‘suicida’, oferecerão preços ainda menores que os da concorrência a fim de fazer ‘volume’ e ganhar na ‘quantidade’. Esse fator, por si só, mostra que o aumento dos salários no curto e médio prazo estará fora de cogitação. A longo prazo outros fatores econômicos e sociais poderão intervir (processos inflacionários, exigências sindicais, depreciação do poder de compra) e ainda que haja aumentos nominais, eles não representarão o que os salários significavam antes da flexibilização. Nesse caminho, muitas empresas serão incorporadas ou entrarão em colapso. Vale lembrar que as incorporações quase sempre significam ‘enxugamento’, o resultado para muitos trabalhadores será o desemprego. O desemprego, por sua vez, levará essa classe a buscar os meios que estiverem ao seu alcance para a sobrevivência – a maioria dos quais ligados à economia informal. Como se vê, a pura e simples flexibilização salarial numa perspectiva neoliberal não é uma saída satisfatória para resolver o nó da alta carga de impostos e contribuições atrelados à CLT. Não para os trabalhadores.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Aprender a viver


Reflexão

Depois de algum tempo você aprende a diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas. E começa a aceitar as suas derrotas de cabeça erguida e olhar adiante com a graça de um de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos e o futuro tem o costume de chegar em vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo, e aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... e aceita que não importa o quão boa uma pessoa seja, ela vai feri-lo de vez em quando e você deve perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas alguns segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante pelas quais se arrependerá o resto da sua vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer a despeito mesmo da distância. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam... descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas – pode ser a última vez que as vimos. Aprende que as circunstâncias e o ambiente têm influências sobre nós, mas nós somos responsáveis, por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que você pode ser. Descobre que demora muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo. Aprende que, ou você controla os seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível, não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil deve ser uma situação, sempre existem dois lados, duas versões. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário lazer, enfrentando as consequências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que muitas vezes a pessoa de quem você espera o chute quando você cai, é uma das poucas que o ajuda a se levantar. Aprende que maturidade tem muito mais a ver com o tipo de experiências que você teve e o que aprendeu com elas, do que quantos aniversários você celebrou. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens - poucas coisas são mais humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Aprende que quando você está com raiva, você tem o direito de estar com, raiva, mas não de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer, não significa que esse alguém não o ame, pois existem pessoas que nos amam, e simplesmente não sabem demonstrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que ser perdoado por você mesmo. Aprende que, com a mesma severidade com que você julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo com o qual se possa voltar atrás.
Portanto plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente você pode suportar ... e que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe quando você pensava que não podia mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! "Nossa dádivas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar." (William Shakespeare)

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Sonhos e Realidades


"Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez".


No começo era apenas um sonho. Um sonho na cabeça de um homem. Aí dois homens começaram a sonhar. Não dava mais para ser um sonho e ele começou a se transformar em uma realidade.
Pode parecer difícil transformar um sonho em realidade. Ainda mais quando se sonha grande. Mas não é. Basta acreditar. Existem pessoas que sempre enxergam à frente dos demais. Sempre pensam grande. Vêem nos grandes sonhos, grandes realidades. Acreditam no sucesso e apostam na vitória. Sonham alto e investem alto. Não se abalam com as dificuldades, porque vêem nos problemas, as oportunidades. Nas pedras do caminho enxergam degraus. Encontram portas, onde outros não viram nem janelas. São estes os que chegam onde outros nem sonharam estar.

Em junho o Projeto América do Sul completará 15 anos. Éramos jovens, aventureiros e destemidos. Partimos naquele Opala 1983 para uma longa viagem pelo continente sul-americano lançando uma Campanha Ecológica e comemorando o centenário da educação adventista no continente: 43 dias, quase 30.000 kms, calor, frio, neve, chuvas tropicais, montanhas, desertos, burocracia... e muita aventura. No final um recorde no GUINNESS BOOK OF RECORDS que permaneceu ali por seis anos. Obrigado amigos Márcio Costa e Rubem Mello, obrigado Senhor!

Amigos

A inspiração do final de semana foi um lindo poema do Vinicius de Moraes, que, de 'poetinha', só mesmo o apelido, pois era um grande nesta arte. O destaque em negrito ficou por minha conta.

Procura-se um amigo...


Não precisa ser homem:
basta ser humano, basta ter sentimentos,
basta ter coração.
Precisa saber falar e calar,
sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia,
da madrugada, de pássaros, de cães, de sol,
da lua, do cantar da chuva e das canções da brisa.
Deve ter amor, um grande amor por alguém,
ou então sentir falta de não ter esse amor.


Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo.
Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão,
nem é imprescindível que seja de segunda.
Pode ter sido enganado, pois,
todos os amigos são enganados.
Não é preciso que seja puro,
nem que seja de todo impuro,
mas não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e,
no caso de assim não ser,
deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
Tem que ter ressonâncias humanas,
seu principal objetivo deve ser o de amigo.


Deve sentir pena das pessoas tristes e
compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar
dos mesmos gostos,
que se comova quando chamado de amigo.
Que saiba conversar de coisas simples,
de orvalhos, de grandes chuvas e
das recordações da infância.
Precisa-se de um amigo para não enlouquecer,
para contar o que se viu de belo e triste
durante o dia, dos anseios e das
realizações, dos sonhos e da realidade.


Precisa-se de um amigo que diga
que vale a pena viver,
não porque a vida é bela,
mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.
Para não se viver debruçado no
passado em busca de memórias perdidas.
Que bata em nossos ombros,
sorrindo ou chorando,
mas que nos chame de amigo,
para ter-se a consciência de que ainda se vive.


"Vinicius de Moraes "

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O mestre da Galiléia


Em 1999 li uma reportagem na Folha de São Paulo onde um articulista falava sobre o fato de Jesus nunca haver frequentado uma Universidade, etc., etc. Refletindo sobre isso compus este poema que retrata o meu pensamento sobre o Mestre da Galiléia.


Minha Busca
Frank Viana Carvalho
Setembro de 1999


Eu sei que posso buscá-lo no mundo inteiro
Ou talvez sozinho, lá na oficina de carpinteiro ...
Em Nazaré, de onde ele saiu e nunca mais voltou
Por isso minha busca começa ali, aonde vou ...

Distante, tento analisar aquela aldeia obscura
Para entender o porquê de minha procura
Em busca de um super homem, rico e letrado
Ou um rei de sangue azul, respeitado...

Confronto-me (porém) com o filho de uma camponesa
Que nunca teve uma “comida fina” em sua mesa
Procuro um livro? Não, ele nunca escreveu
E um cargo público? Ele jamais exerceu...

Também soube que nunca foi à Universidade
Embora desse aulas para os doutores da cidade
Procurei ver os bens, a influência, o nome da família
Mas não havia nada, nem terras, nem carro, nem mobília ...

Contaram-me que na vida usou muita coisa emprestada
Começando por um jumentinho naquela breve jornada
E até mesmo um barco, pãezinhos, e vejam: uma sepultura
De Arimatéia, imagino – o corpo inerte, na rocha dura ...

Seguindo os seus passos, soube de uma numerosa multidão
A quem ele, com seu jeito humano, demonstrava compaixão
Naquele grupo tinha de tudo: riqueza, pobreza, doenças, loucura
E ele tinha a resposta para todos: fé, amor, paz e cura ...

Encontrei uma cruz no alto de uma montanha
Onde o fizeram sofrer – uma dor indescritível, tamanha
Só não menor que o abandono dos amigos, naquele dia
E a morte veio ... o seu corpo sozinho, na noite fria ...

Mas no terceiro dia a morte venceu e um rei se tornou
E soberano salvador, maravilhoso, a todos resgatou
Seu nome foi exaltado, trazendo a muitos felicidade
E sua influência, sua história correu por toda a humanidade ...

Assim, para guiar meus passos, me fazer compreender sua história
Ele, para mudar minha vida, e estarmos juntos, um dia, na glória
Naquele momento da minha busca, já sentindo minha alma desamparada
Deixou-me descobrir que estava ao meu lado durante toda a jornada ...

Bolsa Família




A imagem de um governo assistencialista nos é passada pela mídia e muitas vezes, sem uma análise aprofundada, fazemos julgamentos precipitados. A experiência de trabalhar como gestor do Bolsa-Família fez-me ver um Brasil que não aparece nas grandes reportagens, que não é capa de jornal, que não é alvo da imprensa de uma forma geral. Eu lido dia a dia com os excluídos, com os negligenciados, com os 'descamisados' - lido com aqueles que, se não forem ajudados, minguarão até à morte às margens da sociedade. Bonito esse trabalho... Finalmente algo está sendo feito por eles!

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