quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Educação no Período da Ditadura Militar

Período do Regime Militar (1964 - 1985)

Alguma coisa acontecia na educação brasileira. Pensava-se em erradicar definitivamente o analfabetismo através de um programa nacional, levando-se em conta as diferenças sociais, econômicas e culturais de cada região.

A criação da Universidade de Brasília, em 1961, permitiu vislumbrar uma nova proposta universitária, com o planejamento, inclusive, do fim do exame vestibular, valendo, para o ingresso na Universidade, o rendimento do aluno durante o curso de 2o grau.(ex-Colegial e atual Ensino Médio)

O período anterior, de 1946 ao princípio do ano de 1964, talvez tenha sido o mais fértil da história da educação brasileira. Neste período atuaram educadores que deixaram seus nomes na história da educação por suas realizações. Neste período atuaram educadores do porte de Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Carneiro Leão, Armando Hildebrand, Pachoal Leme, Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima, Durmeval Trigueiro, entre outros.

Depois do golpe militar de 1964 muito educadores passaram a ser perseguidos em função de posicionamentos ideológicos. Muito foram calados para sempre, alguns outros se exilaram, outros se recolheram a vida privada e outros, demitidos, trocaram de função.
Professora observa os alunos numa classe do Mobral

O Regime Militar espelhou na educação o caráter anti-democrático de sua proposta ideológica de governo: professores foram presos e demitidos; universidades foram invadidas; estudantes foram presos, feridos, nos confronto com a polícia, e alguns foram mortos; os estudantes foram calados e a União Nacional dos Estudantes proibida de funcionar; o Decreto-Lei 477 calou a boca de alunos e professores; o Ministro da Justiça declarou que "estudantes tem que estudar" e "não podem fazer baderna". Esta era a prática do Regime.

Neste período deu-se a grande expansão das universidades no Brasil. E, para acabar com os "excedentes" (aqueles que tiravam notas suficientes para serem aprovados, mas não conseguiam vaga para estudar), foi criado o vestibular classificatório.

Para erradicar o analfabetismo foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização - MOBRAL. Aproveitando-se, em sua didática, no expurgado Método Paulo Freire, o MOBRAL propunha erradicar o analfabetismo no Brasil... não conseguiu. E entre denúncias de corrupção... foi extinto.

É no período mais cruel da ditadura militar, onde qualquer expressão popular contrária aos interesses do governo era abafada, muitas vezes pela violência física, que é instituída a Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1971. A característica mais marcante desta Lei era tentar dar a formação educacional um cunho profissionalizante. Dentro do espírito dos "slogans" propostos pelo governo, como "Brasil grande", "ame-o ou deixe-o", "milagre econômico", etc., planejava-se fazer com que a educação contribuísse, de forma decisiva, para o aumento da produção brasileira.

A ditadura militar se desfez por si só. Tamanha era a pressão popular, de vários setores da sociedade, que o processo de abertura política tornou-se inevitável. Mesmo assim, os militares deixaram o governo através de uma eleição indireta, mesmo que concorressem somente dois civis (Paulo Maluf e Tancredo Neves).

Fonte: www.pedagogiaemfoco.pro.br
Imagens: www.historiaeatualidade.blogspot.br; www.silveirarocha.blogspot.com; www.clauderioaugusto.com.br

2 comentários:

Anônimo disse...

Desde criança ouvia minha mãe falar em Mobral e só agora fiquei sabendo do que realmente se tratava.

Anônimo disse...

Meu Caro, pousei no seu blog após uma busca sobre a expressão "estudantes tem que estudar". Daqui fui levado a consultar outros textos do tópico "História da Educação no Brasil". Todos bons e informativos, com destaque para o do período do Estado Novo.

Infelizmente, com relação ao período autoritário (1964-1985), um dos mais ricos da história, a sua análise ressalta basicamente o caráter repressivo do regime o que, infelizmente, a empobrece. Neste sentido, deixo algumas questões para reflexão:

- o que há de errado num ministro atestar que "estudantes tem que estudar e não podem fazer baderna"?

- critica-se os militares pela criação do vestibular como solução para os "excedentes", mas por que até hoje os educadores da democracia não resolveram essa questão?

- Paulo Freire e os educadores perseguidos, ainda antes do fim do regime militar, tornaram-se protagonistas do destino da nossa educação, contudo ainda hoje temos analfabetismo e outras mazelas. Onde está o método Paulo Freire que não erradicou essa praga?

Obrigado pelas valiosas informações.

Policarpo

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