sábado, 24 de outubro de 2015

Palestrando no Instituto Federal de São José dos Campos

No dia do futuro (21/10/2015), tive o privilégio de fazer a palestra de Abertura da 1ª Jornada Científica do Instituto Federal de São Paulo, campus São José dos Campos. A recepção calorosa, a atenção à palestra, o entusiasmo na interação e carinho de todos foram marcas de São José dos Campos que levarei comigo.




sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Consensos Invisíveis e sem sentido

Consensos Invisíveis e sem sentido
Frank Viana Carvalho

Há uma dicotomia evidente que diz respeito à auto realização das pessoas na sociedade contemporânea e a realidade do mundo em que vivemos. Trata-se da cobrança social ‘que diz sem dizer’ - aqueles tipos de consensos invisíveis - que todos têm que alcançar o sucesso ou, pelo menos, que todos têm que ser muito competentes no que fazem. E nessa busca de sucesso e competência, na maioria das vezes sem sentido, pois ela ocorre de acordo com padrões que nos são alheios, cada pessoa se volta cada vez mais para si mesma – muito mais do que deveria ou normalmente faria. Correndo e lutando para alcançar esse alvo, centrada em si, a pessoa não investe no outro, nos relacionamentos, nas pessoas: não há atenção, não há ajuda desinteressada e muito menos compromisso. Há no máximo, um envolvimento casual. Logo, o esvaziamento das relações é
completo. A vida passa a ser uma representação patológica de papeis, onde os sorrisos e posições de neutralidade escondem as mazelas, as imperfeições e incoerências presentes em cada ser humano. Entretanto, quatro consequências desse comportamento são inevitáveis e bizarras. A primeira é que quanto mais investe em si mesmo, mais carente a pessoa fica da atenção dos outros, pois o maior retorno deste tipo de investimento (em si mesmo) só tem sentido na vida em sociedade. Assim, para ‘evidenciar’ que se alcançou o sucesso, ou que se é competente, é necessária a presença e a atenção dos outros. A segunda é a crítica generalizada ao ‘outro’, pois todos que não lhe dão atenção, que o criticam, que não lhe oferecem ajuda, ou que pensam diferente dele, são insensíveis, desagradáveis, egoístas ou ignorantes. A terceira é que volta e meia o ego dele se irrita com toda essa representação, e a pessoa explode em arroubos de agressividade gratuita ou queixas infindáveis. A quarta e última é a superficialidade nas relações, uma tradução do nosso comportamento para com as coisas transportado para o nosso relacionamento com as pessoas – pois é, com as coisas nosso relacionamento é na modernidade profundamente marcado pelo instantâneo – afinal, no mundo moderno, tudo é para já, tudo é para o ‘agora’ -, e pelo descartável, tudo é usado e descartado prontamente. Pois esse mesmo instantâneo e descartável já é utilizado nas relações entre as pessoas, fazendo com que usem umas às outras, sem nenhuma consideração, afetividade ou compromisso. Há saída para isso? Há soluções? Podemos viver de uma forma melhor que essa? No próximo post eu falo sobre isso.

Fonte da Imagem:
http://oficinadevalores.blogspot.com.br/2012/04/logoterapia-uma-terapia-em-busca-de.html

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Enfrentando a Crise

Hoje é 7 de Setembro, uma data especial para nosso país. Parabéns a todos os brasileiros! Entretanto, lamentavelmente não estamos vivendo o melhor dos momentos da história recente do Brasil. Sim, estamos bem no meio de uma crise econômica e política.
Resolvi então dar a minha contribuição para os dilemas reais que estamos vivendo, sem partidarismos e torcidas, sem acusações ou ofensas, enfocando nos fatos e refletindo sobre o que pode ser feito neste momento. O que ofereço é uma análise com uma série de perguntas. A ênfase na análise abaixo é econômica e não política:
O cobertor sempre foi curto - o dinheiro dos impostos nunca foi suficiente para atender a TODAS as demandas - e ficou mais curto ainda com a crise e a consequente diminuição do ritmo da economia: menor arrecadação de impostos, menos dinheiro no caixa do governo.
É hora de cortar custos. Quais cortes reais de custos o governo fez e pode fazer? Quais cortes são acertados ou equivocados? Cortar ministérios? Cortar dinheiro da educação e da saúde? Diminuir o número de cargos comissionados? Cortar programas sociais? Cortar um pouco em cada ministério, autarquias e programas?
É hora de aumentar o caixa do governo. O que o governo fez e pode fazer para melhorar essa condição? Vender bens e imóveis da união? Aumentar a taxação sobre o lucro? Criar impostos e taxas para os Bancos? Criar impostos sobre as grandes fortunas? Cobrar com mais afinco os grandes devedores da União? Privatizar empresas do governo? Criar um imposto “provisório” para enfrentar a crise?
As desonerações do Governo Federal somaram mais de 300 bilhões de reais apenas nos anos do governo Dilma. Se consideradas até o final do seu mandato, chegarão a 485 bilhões. É muito dinheiro, ou seja: quase meio trilhão a menos no caixa do governo. Ficam as perguntas: Foi uma medida acertada insistir no caminho das desonerações? Sendo que essas desonerações significavam em média entre 1% e 5% do preço final dos produtos, houve de fato diferença para aumentar o consumo, ou a maioria dos consumidores compraria do mesmo jeito, com ou sem desoneração?
De acordo com o TCU, nos dois últimos anos o governo aumentou os gastos com os Programas Sociais sem ter dinheiro em caixa para isso. Será correto então ‘cortar’ esses gastos para fazer o acerto no caixa do governo? Fazer isso não aprofundará a crise entre os mais pobres, que são os que mais sentem o impacto nesses momentos de dificuldade?

É hora de sacrifícios para todos por causa dos erros de alguns. Isso não é novidade na história. A questão é: Será que de fato ‘TODOS’ vão pagar a conta? Ou algum grupo não pagará o preço da crise? Há privilegiados nessa história? Há algum grupo que NÃO pode pagar o preço ou TODOS têm que pagar neste momento?
É hora de olhar para a frente. É hora de relembrar como o país enfrentou e venceu as crises no passado. Quais projetos de desenvolvimento que potencializarão a economia? Quais projetos podem ser realizados em parceria com o setor privado?
É hora de soluções macroeconômicas. É hora da reforma tributária? Seria correto lançar títulos e bônus do governo para gerar mais caixa? Utilizar os mais de 300 bilhões das reservas cambiais para cobrir o caixa do governo?
É hora de preparar-se para o pós crise - sim, toda crise tem um fim. Como aumentar investimentos e a produtividade da economia brasileira? Como melhorar o ambiente de negócios no país? Como dar melhor treinamento e aparelhamento para a mão de obra nacional?

Enfim, é hora de refletir e tomar as decisões corretas para sair da crise. O caminho está diante de nós, resta decidir e avançar!

sábado, 25 de julho de 2015

Projeto "Instituto Federal no Alto Xingu"

A Equipe do Projeto em Ribeirão Preto
na Rodovia Anhanguera
Com a temática principal focada na Educação e no Intercâmbio Cultural, o Projeto de Extensão IFSP-SRQ no Xingu que visou 'Ações de Extensão em Alfabetização e Construção de Conceitos em Cidadania e Sustentabilidade' foi realizado durante dez dias em julho de 2015 (10 a 19/07/2015).


Seguindo as orientações do polo local da FUNAI e da Secretaria de Educação, o convite para a visita/expedição foi feito pelo cacique da Aldeia Afukuri (etnia kuikuro) e pelo coordenador pedagógico da escola da Aldeia.


No planalto goiano entre Caiapônia e Nova Xavantina
A equipe, liderada por um docente do Instituto Federal (Frank Carvalho), contava também com um egresso do IFSP-SRQ que é docente de Biologia da Secretaria de Educação do Mato Grosso (Daniel
Januário), um fotógrafo e cinegrafista, aluno do Centro Universitário SENAC (LeRoy Frank) e uma aluna do Curso de Gestão Ambiental do IFSP-SRQ (Susy Leme). O Projeto contou com o apoio da direção geral (Ricardo Coelho) e da coordenação de extensão (José Luís).


O local
No rio Kuluene, afluente formador do Rio Xingu
Para chegar ao local, viajamos três dias partindo de São Roque-SP até a Aldeia que fica no norte do Mato Grosso, sendo que percorremos 1684 quilômetros de carro em rodovias asfaltadas, 120 kms de caminhonete em estrada de terra e 110 kms de barco. A Aldeia fica no Parque Xingu, completamente isolada das cidades próximas.

O “Parque Indígena do Xingu” engloba, em sua porção sul, a área cultural conhecida como “Alto Xingu”, formada pelos povos Kuikuro, Kalapalo, Yawalapiti, Mehinako, Kamaiurá,  Matipu, Nahukuá, Naruvotu, Trumai,  Wauja e Aweti .

Percorremos os mesmos caminhos dos indigenistas pioneiros na região, os irmãos Villas Boas (Orlando, Cláudio e Leonardo). Eles chegaram nestas terras na década de 1940 e o primeiro contato deles com os índios Kalapalo ocorreu justamente às margens do rio Kuluene, o mesmo rio por onde nós navegamos e chegamos à Aldeia Afukuri.

Em nossa visita a Aldeia Afukuri dos Kuikuro, também conhecemos e tivemos contato com integrantes dos povos Kalapalo, Yawalapiti e Mehinako. A despeito de sua variedade linguística, esses povos caracterizam-se por uma grande similaridade no seu modo de vida e visão de mundo. 

Estão ainda articulados em uma rede de trocas especializadas e intercomunicação cultural.

Entretanto, cada um desses grupos faz questão de cultivar sua identidade étnica e, se o intercâmbio cerimonial e econômico celebra a sociedade alto-xinguana, promove também a celebração de suas diferenças.

Daniel mostra o beiju (tapioca) 
Há casamentos frequentes entre membros de diferentes etnias, o que aumenta o intercâmbio sociocultural entre esses povos.

Os contatos e atividades foram altamente positivos, permanecendo a equipe do IFSP seis dias na Aldeia. 

Dos cerca de 150 habitantes, em torno de dez por cento falam português com relativa fluência.
Assim, em diversos momentos necessitamos de tradução (karib-português ou português-karib) para compreender ou nos fazer entender.

A língua ou idioma ‘karib’ é de um tronco linguístico próprio da região, distinto do tronco tupi ou macro-jê, e é falado pelas etnias Kuikuro, Kalapalo, Ikpeng, Matipu, Nahukwá e Naruvotu (família Karíb).

Respeitando os conteúdos e formas culturais entendidas como “próprias” da cultura Kuikuro, foram apresentadas aos professores da escola da Aldeia, estratégias cooperativas de ensino e material de referência para as aulas. 

No rio Kuluene, Susy e sua máquina fotográfica
Foram dadas algumas orientações sobre o descarte e destinação dos resíduos sólidos (lixo) que estão chegando dos núcleos urbanos fruto das trocas, das viagens, do comércio das cidades próximas.

Os líderes da Aldeia reuniram-se mais de uma vez com a equipe para dialogar e apresentar algumas questões relativas às necessidades da escola local. 

Vários costumes e tradições da etnia kuikuro foram compartilhados com a equipe do instituto, valorizando a expressão e a comunicação entre as culturas. Nesta época (meio do ano) eles realizam jogos e uma grande festa Kuarup - onde é feita uma homenagem a uma ou mais pessoas falecidas. Fomos convidados pelo cacique para permanecer nas festividades do final de julho e de uma festa no ano que vem.

Nos dias do projeto, a equipe pescou junto com eles no rio, comeu beiju e
Um dos encontros com o Cacique e os líderes locais
peixe (base da alimentação da aldeia), assistiu os preparativos e treinamentos das lutas, e participou de atividades próprias dos kuikuro. Além dos livros com estratégias didáticas cooperativas para os professores, a equipe deu uma caixa com livros, revistas e materiais didáticos para os alunos da pequena escola. A receptividade foi muito grande por parte dos aldeões.

Da parte da equipe do IFSP-SRQ, houve grande incentivo a valorização da identidade étnica. Há muita diversidade presente em cada etnia e em cada aldeia. É importante ressaltar que alguns costumes das cidades próximas já chegaram às aldeias, relativos ao vestuário e à tecnologia.

Estratégias para atividades didáticas no ensino e aprendizado da língua portuguesa e do tratamento dos resíduos sólidos são
Em frente a "Oca dos Homens", uma foto no dia da despedida
necessidades numa tribo que, embora isolada geograficamente, tem permanente contato com a cultura e população dos municípios matogrossenses vizinhos.
A presença de pássaros e outros animais é normal na Aldeia

Foi a própria comunidade indígena que solicitou uma escola para o aprendizado da língua portuguesa e valorização dos costumes, história e tradições locais. Embora eles não tenham a figura de um alfabetizador especializado na escola ou na aldeia, os cinco professores da escola têm feito a alfabetização em língua portuguesa prosseguir. O professor Daniel Januário é o único não pertencente à etnia kuikuro.

Na volta, a alegria de uma missão bem realizada, o desejo de ajudar uma Aldeia que tem muitas necessidades em sua pequena escola de uma única sala (que precisa urgentemente ser ampliada) e quase 3800 kms de muita aventura.

Na estrada, próximos a Barra do Garças - MT

Susy registrou em fotos várias plantas e flores 

Uma índia 'lava' e 'coa' a mandioca brava para extrair o polvilho

Polvilho secando no sol antes de ser socado no pilão
Nos dias que passamos lá, um pequeno avião
levou medicamentos à Aldeia

O cacique Matu mostra como é que se toca a flauta Kuikuro 

Primeira Reunião com os Líderes na tarde do Domingo, dia 11

Susy mostra o interior da Oca do Professor
A pequenina escola da Aldeia

O ancião (Api - avô) conta da Cosmogonia, 
do Demiurgo e da Origem 
de todas as coisas na Cultura Kuikuro

Uma visão geral da Aldeia


Treinamento para os jogos (luta própria dos povos do Xingu)

Observe que os meninos também se preparam para ser campeões
'Vestidos' para a Cerimônia fúnebre

Daniel mostra como se utiliza o 'cachimbo'  kuikuro

Em meio a uma Cerimônia

Jaluikê pintou seus cabelos com Urucum

Todos participaram da Cerimônia

O segundo cacique pinta o corpo de outro índio 

O professor Daniel também teve seu corpo pintado

O cacique mostra como o cocar pode ser posicionado

Uma índia pinta o cinegrafista LeRoy com Jenipapo 
Nossa equipe com a família do cacique Arifutuá

LeRoy mostra o fruto da pesca na qual participou
Caminho de volta subindo o rio Kuluene

Bem nesse local, na outra margem do Xingu (Kuluene),
os irmãos Villas Boas
tiveram seu primeiro encontro com os Kalapalo

Referências:
Equipe do Projeto: Frank Viana Carvalho (Professor do IFSP e Líder da Expedição); Daniel Januário da Silva (Professor da Escola da Aldeia - interlocutor e intermediador cultural da Expedição); LeRoy Frank Lozano Carvalho (fotógrafo e cinegrafista da Expedição); Susy Leme (Responsável pelas Orientações sobre os Resíduos Sólidos e Assistente de audiovisual na Expedição) 
Fotos: LeRoy Carvalho, Daniel Januário e Susy Leme.
Texto: Frank Carvalho
Observações: As fotos da Cerimônia fúnebre foram tiradas pelo professor Daniel dois meses antes da visita da equipe do IFSP-SRQ
Dados: Site pib.socioambiental.org

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