ANTON MAKARENKO
Anton
Semyonovich Makarenko, (1888 - 1939) foi um
pedagogo ucraniano que se especializou no trabalho com menores abandonados,
especialmente os que viviam nas ruas e estavam associados ao crime.
Makarenko
teve uma infância pobre, seu pai foi operário ferroviário e sua mãe dona de
casa. Quando foi matriculado em uma escola primária já havia aprendido a ler e
escrever com sua mãe. Apesar de ter tido contato com várias disciplinas na
escola, ele não pode estudar sua língua materna (ucraniana), pois o império
czarista da Rússia proibia, assim como Filosofia e lógica que eram estudos
apenas para elite. Em 1906, com um ano de conclusão do curso de magistério,
Makarenko deu sua primeira aula na Escola Primária das Oficinas Ferroviárias,
onde ficou por oito anos.
Assumiu
então a direção de uma escola secundária e esteve em contato com as idéias de
Lênin e Máximo Gorki que influenciaram seu modo de lidar com a educação. Mudou
o currículo escolar implantando o ensino da língua ucraniana e ampliação do
espaço cultural na escola. De 1920 a 1928 esteve à frente da direção da colônia
Gorki, instituição rural que atendia crianças e jovens órfãos que haviam vivido
na marginalidade. Durante este período demonstrou grande habilidade junto às
questões educacionais, colocou em prática uma maneira revolucionária e eficaz
de educar. De acordo com a pedagogia de Makarenko o jovem deveria ser educado
em uma escola baseada na vida em grupo, no autocontrole, no trabalho, e na
disciplina.
Os
jovens da colônia Gorki eram indivíduos rebeldes e complicados, Makarenko com
rigidez e disciplina conjugadas à afeto, compreensão e valorização conseguiu
índices positivos de melhora. Os jovens além de seguirem regras disciplinares,
eram ouvidos e podiam opinar a respeito das regras em reuniões e votações, isso
os deixavam mais abertos aos métodos educacionais. Makarenko vivenciou a
Primeira Guerra Mundial, e a Revolução Russa, presenciava as reivindicações de
países que queriam se livrar da miséria e da desigualdade, e convivia de perto
com a carência afetiva e material dos jovens cujos pais operários trabalhavam
para os burocratas da época. Colocar em prática uma pedagogia tão
revolucionária no início do século XX foi reflexo da sociedade em que vivia e
das necessidades da mesma. Durante sua trajetória profissional Anton Makarenko
registrava suas experiências, feitos, erros e acertos, publicou novelas, peças
de teatro e livros sobre educação, sendo “Poema Pedagógico” o mais importante. Ele faleceu em 1939 de um ataque cardíaco durante uma viagem de trem.
O
pensamento Pedagógico de Makarenko
Para
Makarenko, o coletivo é um organismo
social vivo colocado, ao mesmo tempo, como meio e fim da educação. É um conjunto finalizado de indivíduos,
ligados entre si pela comum responsabilidade sobre o trabalho e a comum
participação no trabalho coletivo. Makarenko acrescenta que (...) “só através
do ‘coletivo’ é possível formar aqueles “homens novos”, engajados e
socialistas, que são requeridos para a criação e o desenvolvimento da sociedade
revolucionária” (Makarenko in Cambi, 1999, p. 560).
A
relevância do trabalho coletivo para o pedagogo soviético também pode ser
demonstrada quando esse menciona que “é
a participação no trabalho coletivo que permite a cada homem manter relações moralmente corretas com os
seus semelhantes” (Makarenko, 1981, p. 58). Outro pressuposto metodológico
de Makarenko é o apelo à moderação permanente quanto a elogios e demonstrações
afetivas, como antídoto ao desenvolvimento de sentimentos individualistas entre
as crianças. Neste sentido, o educador soviético menciona que: (...) Elogiar
sua criatividade, seu espírito de empreendimento, seus métodos de trabalho, sua
capacidade para esforçar-se, é também recompensá-la. Mas não se deve abusar das
aprovações verbais, particularmente das felicitações diante dos companheiros e
dos amigos dos seus pais (Makarenko, 1981, p. 65).
De
acordo com Makarenko (1981), não se deve também castigar fisicamente as
crianças. Para ele, em nenhum caso se deve recorrer à coação física. A
disciplina era também outro importante pressuposto da educação de Makarenko.
Entretanto, para o pedagogo russo, o que importava não era a disciplina
consciente, mas a autodisciplina (Makarenko, 1986). Nas suas próprias palavras,
do cidadão soviético exigimos uma disciplina muito mais ampla. Exigimos que não
só compreenda por que e para que deve cumprir uma ordem, mas que sinta a
necessidade e desejo de cumpri-la da melhor maneira possível. Exigimos dele,
além disso, que esteja disposto a cumprir com o seu dever em cada minuto da sua
vida sem esperar resoluções nem ordens; que possua iniciativa e vontade
criadora (Makarenko, 1981, p. 37).
Enfim,
como pressuposto metodológico, percebemos que para Makarenko o coletivo devia
receber toda a prioridade sobre o individual. Não poderia haver educação senão
na coletividade, através da vida e do trabalho coletivo.
Retomando,
então, todos os principais pressupostos
metodológicos da pedagogia de Anton Makarenko, podemos listar:
1)
grande confiança na organização e na
autoridade;
2)
formas participativas de gestão;
3)
estratégias de democracia e direção coletiva;
4)
o trabalho coletivo;
5)
a moderação quanto a elogios e
demonstrações afetivas;
6)
o repúdio à coação física;
7)
a disciplina; e
8)
a preponderância dos interesses do coletivo
sobre o individual.
Com
relação aos pressupostos teóricos da pedagogia de Makarenko, observamos que há
uma grande presença da teoria marxista na obra e no contexto social em que o
autor viveu.
A
pedagogia de Makarenko foi completamente voltada
para a formação do novo homem soviético, um homem comunista. E, para tal empresa,
o marxismo pedagógico foi o modelo teórico e prático no qual o pedagogo que
estamos estudando se inspirou no desenvolvimento de um paradigma educacional
nitidamente diferente das pedagogias burguesas de até então. As posições
pedagógicas de Makarenko resultam, por um lado, intimamente entrelaçadas com a
ideologia revolucionária da Rússia soviética do pós-1917, explicitando na
vertente educativa seus aspectos mais originais e profundos, enquanto, por
outro lado, com singular coerência levaram às últimas conseqüências aqueles
princípios de educação social que estão na base de muitas filosofias
contemporâneas, de Hegel a Marx, de Comte a Dewey.
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