Numa tarde de março de 2004, eu dirigia meu automóvel e minha esposa estava ao meu lado quando percebemos um barulho persistente vindo do lado direito dianteiro. Para ambos aquilo denotava alguma coisa errada. Parei o carro e olhei com atenção, mas nada pude perceber. No dia seguinte, precisando levar minha esposa para uma palestra que ela realizaria em Osasco, pegamos a Rodovia Raposo Tavares e, com o trânsito relativamente livre, imprimi ao veículo a velocidade limite da via.
Obviamente, aquele barulho aumentou bastante e reduzi a velocidade já pensando em levar o carro para um mecânico. Mas, como minha esposa tinha um compromisso a cumprir, continuei seguindo relativamente rápido.
Finalmente chegamos a um trecho bastante congestionado próximo ao km 21 e aí, para chegar no horário, optei por pegar um atalho pelo bairro Santa Maria (Carapicuíba), passar para o outro lado do Rodoanel e chegar mais rapidamente a Osasco.
Entretanto, o barulho aumentava tanto que percebi que eu não poderia continuar sem causar algum dano ao carro. Eu já havia me afastado da Rodovia Raposo Tavares mais de um quilômetro seguindo por um bairro praticamente desconhecido e, tão alto era o barulho e a dificuldade do carro em prosseguir, que finalmente parei.
Preocupado com o compromisso de minha esposa, saí a procura de um taxi. Só tínhamos 20 minutos até o início da palestra dela e eu sabia que, mesmo se o carro estivesse bom, eu levaria por volta de uma hora até chegar ao local por este atalho, pois eu não tinha um mapa e só estava seguindo pelo rumo - além disso, eu não sabia ao certo as várias vias e ruas por onde teria que passar.
Comecei o caminho de volta à Raposo Tavares, e após andar uns 20 metros, angustiado, ergui aos Céus uma prece e pedi que um taxi me fosse enviado. Nesse exato instante cheguei a fechar os olhos e, para minha surpresa, ao abri-los um taxi saiu de uma garagem bem na minha frente e se eu não parasse, seria atropelado na calçada. Assobiei forte para que o taxista não sumisse sem que eu o pudesse chamar - o motorista se julgava atrasado para começar o dia. É lógico que percebi no seu olhar a satisfação de ter uma 'corrida' logo na saída da garagem.
Incrível – tudo deu certo e ele, por conhecer impressionantemente bem aquele caminho intrincado, levou minha esposa pelo “atalho” em apenas 15 minutos até o local da palestra.
E o carro?
Após embarcar minha esposa no taxi, voltei para o carro e percebi que, exatamente em frente ao local em que o carro pifou, havia uma oficina mecânica que abriria em dez minutos.
O mecânico examinou o carro e após olhar suspensão, barra de direção e não notar nada de errado, resolveu examinar tudo de novo e percebeu o que ele e eu deveríamos ter percebido logo 'de cara': faltavam três parafusos na roda.
Quando contei a ele que o barulho estava ocorrendo desde o dia anterior, ele disse que os parafusos já estavam se soltando desde então.
Mas a surpresa dele foi ainda maior quando contei que me aproximei dos 100 km por hora na Rodovia Raposo Tavares com o carro naquele estado.
Ele disse: "Isso é impossível. A 100 km por hora, com os parafusos frouxos, soltos ou faltando, a roda sairia na mesma hora e o carro capotaria!"
Bem, três coincidências e uma impossibilidade ocorreram nessa experiência: primeira, o taxista saiu para o trabalho no exato instante em que eu passei em frente a casa dele e procurava um taxi; segunda, o carro quebrou exatamente em frente a uma oficina; terceira, o taxista conhecia tão bem o confuso caminho, que conseguiu chegar antes do início da palestra da minha esposa. A impossibilidade - eu e minha esposa dirigindo a aproximadamente 100 km por hora por uns oito quilômetros naquela rodovia sem que nada de ruim nos acontecesse.
Refletindo
Jan Cederquist escreveu um livro no qual narra com muita leveza uma série de relatos de coincidências significativas – vale lembrar que o livro não é religioso. O livro é instigante, pois mostra que às vezes ocorrem situações na vida que, matemática e cientificamente falando, seriam totalmente improváveis, para não dizer impossíveis.
No livro, ele mostra que muitas vezes esses acontecimentos supostamente impossíveis, nos ofereceram soluções importantes para pequenos e grandes problemas.
Aconteceu comigo também.
Ah, terminando, lembrei-me de uma frase do grande Albert Einstein: "Existem apenas duas maneiras de viver: acreditando que não existem milagres, ou acreditando que tudo é um milagre". No final, a escolha é de cada um.
Um comentário:
"Todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus".
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