Após apenas poucos dias do anúncio da pretensão de aumentar os dias letivos de 200 para 220 dias, e de sentir a reação negativa dos professores e especialistas, o ministro da educação Fernando Haddad recua e passa a defender o aumento da carga horária através do aumento do número de aulas diárias.
Entenda a questão
No dia 21 de setembro (21/09/11) o ministro da educação apresentou à imprensa os resultados de uma pesquisa sobre o aumento do número de horas do aluno na Escola e sua correlação com o aumento do Rendimento Escolar.
A pesquisa revelou que mais tempo (mais horas) na Escola leva a uma melhoria dos resultados do aluno na aprendizagem e nas avaliações (ENEM, SAEB, etc.).
Fernando Haddad e Ricardo Paes de Barros |
Diante do resultado deste estudo, Ricardo Paes de Barros, subsecretário que coordenou a pesquisa apontou alternativas ao ministro:
O estudo mostrou que um bom professor em sala de aula tem o impacto de 9,6 pontos no Saeb, 20 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e 68% de melhoria do desempenho do aluno. Mostrou também que a melhoria dos resultados acadêmicos pode ser feita com a diminuição das faltas dos alunos e dos professores durante o ano letivo.
Subentende-se que essa alternativa levaria a propostas que reduzissem o número de faltas dos professores e alunos. Como? Modificando a legislação educacional.
Num outro caminho, Paes de Barros aponta que a Diminuição do número de alunos em Sala aumentaria o rendimento dos alunos. E como fazer isso? É necessário estabelecer qual é o número mínimo de alunos por sala e série; ampliar o número de salas e, consequentemente, de escolas.
Outra proposta seria aumentar do número de horas diárias do aluno na Escola. Essa proposta segue o modelo de outros países (desenvolvidos) numa evolução para uma escola de período integral e implica em vários investimentos – espaço para refeições na escola ampliado, reforma no currículo (para que todo o período de permanência seja bem aproveitado); maior número de salas de aulas (hoje, os alunos do matutino e vespertino utilizam as mesmas salas); readequação e aumento da carga horária dos professores.
A última alternativa tem que ver com o aumento dos dias letivos. Dos atuais 200 para 220 dias letivos. Paes de Barros sugeriu ser esta a alternativa mais atraente e interessante ao governo pois praticamente não haverá nenhum custo para os cofres públicos. Na prática, essa Alternativa levaria a um aumento dos dias letivos em detrimento de sábados e feriados; aumento da jornada de trabalho (em dias) sem o consequente aumento da remuneração aos docentes (pois o governo já divide o salário anual em doze meses + o décimo terceiro) e diminuição dos dias de recessos escolares e férias docentes e discentes.
Reações
As reações começaram imediatamente quando vários professores se manifestaram no twiter postando contra a medida.
Em seguida, especialistas criticaram a pesquisa de Paes de Barros que fez a comparação com países como Japão, Coreia e Israel, onde no calendário escolar há mais dias letivos do que no Brasil. Esses estudiosos apontaram uma falha na pesquisa, pois não é apenas o número de dias que levou (e leva) estes países a ter excelência na educação, mas vários fatores estruturais e culturais.
Felizmente a resposta dos professores e especialistas foi rápida e o ministro já percebeu que o melhor caminho é o aumento da carga horária diária. Espera-se agora que outras medidas que levem ao aumento da qualidade de ensino e aprendizagem sejam tomadas.
Fontes:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,aumento-de-dias-letivos-e-questionado-,780461,0.htm
http://www1.folha.uol.com.br/saber/985372-ministro-agora-fala-em-ampliar-horas-de-aula-por-dia-nas-escolas.shtml
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