segunda-feira, 30 de abril de 2012

Paradoxos de Nosso Tempo


O Paradoxo do Nosso Tempo
George Carlin

Nós bebemos demais, gastamos sem critérios.
Dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e oramos raramente.
Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.
Nós falamos demais, amamos muito pouco, odiamos frequentemente.
Aprendemos a sobreviver, mas não a viver.
Adicionamos anos à nossa vida, e não vida aos nossos anos.
Fomos e voltamos à Lua, mas não cruzamos a rua pra encontrar um novo vizinho.


Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio canto.
Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma;
Dominamos o átomo, mas não nosso preconceito;
Escrevemos mais, mas aprendemos menos;
Planejamos mais, mas realizamos menos.

Aprendemos a nos apressar, e não a esperar.
Construímos mais computadores, mas nos comunicamos cada vez menos.

Estamos na era do fast-food e da digestão lenta;
Tempo do homem grande de caráter pequeno;
Dos lucros acentuados e relações vazias.

Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.

Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis. Dos cérebros ocos e das pílulas mágicas.

Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.
Uma era que leva a você essa carta, e uma era que te permite dividir essa reflexão ou simplesmente apagá-la.

Assim...
Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão por aqui para sempre.
Lembre-se dar um abraço carinhoso num amigo, pois não lhe custa um centavo sequer.
Lembre-se de dizer "eu te amo" à sua companheira e às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, ame a você mesmo e ame muito.
Um beijo e um abraço curam a dor, quando vêm lá de dentro.
O segredo da vida não é ter tudo que você quer, mas amar tudo que você tem!
Por isso, valorize o que você tem e as pessoas que estão ao seu lado sempre.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Eu tenho um sonho - Martin Luther King

Discurso de Martin Luther King


"Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano. 

Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais. 

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade. 

Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça. 

Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje! 

Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje! 

Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta. 

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado. 

"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto. 

Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos, 

De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!" 

E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro. 

E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire. 

Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York. 

Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania. 

Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado. 

Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia. 

Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia. 

Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee. 

Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi. 

Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade. 

E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:

"Livre afinal, livre afinal. 

Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal." 

O Exemplo de Martin Luther King Jr.

Martin Luther King Jr. foi um dos maiores e talvez o mais nobre defensor da igualdade entre brancos e negros. Ainda no contexto de uma importante vitória da ação afirmativa através das cotas (STF, 26/04/12), vale relembrar algumas de suas máximas, extraídas de seus discursos e sermões:


“Nós não somos o que gostaríamos de ser.
Não somos o que poderíamos ser.
Não somos o que ainda iremos ser.
Mas, graças a Deus,
Não somos o que éramos.”

“Nada no mundo é mais perigoso que a ignorância sincera e a estupidez consciente.”

“Se o homem não descobriu nada pelo que morrer, não é digno de viver.”

“Sustento que quem infringe uma lei porque sua consciência a considera injusta, e aceita voluntariamente uma pena de prisão, a fim de que se levante a consciência social contra essa injustiça, faz gaulesa, em realidade, de um respeito superior pelo direito.”

“A discriminação dos negros está presente em cada momento de suas vidas para recordar-lhes que a inferioridade é uma mentira que só aceita como verdadeira a sociedade que os domina.”

“Todo o progresso é precário, e a solução para um problema coloca-nos diante de outro problema.”

“Temos de aprender a viver todos como irmãos ou morreremos todos como loucos.”

“O tumulto é a linguagem daqueles que ninguém entende.”

“Uma das coisas importantes da não violência é que não busca destruir a pessoa, mas transformá-la.”

“A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar.”

“Nunca estarei satisfeito até que a segregação racial desapareça da América.”

“Não permita que ninguém o faça descer tão baixo a ponto de você sentir ódio.”

“Eu tentei ser direto e caminhar ao lado do próximo.”

“Tenho visto demasiado ódio para querer odiar. “

“Enfrentaremos a força física com a nossa força moral.”

“O que afeta diretamente uma pessoa, afeta a todos indiretamente.”

“O braço do universo moral é longo, mas se dobra para a justiça.”

“De minha formação cristã obtive meus ideais e de Gandhi a técnica da ação.”

“O homem nasceu na barbárie, quando matar a seu semelhante era uma condição normal da existência. Outorgou-se-lhe uma consciência. E agora chegou o dia em que a violência para com outro ser humano deve ser tão abominável como comer a carne de outro.”

“Quiçá o sofrimento e o amor têm uma capacidade de redenção que os homens esqueceram ou, ao menos, descuidado.”

“Ninguém montará em cima de nós se não nos curvarmos.”

“A violência cria mais problemas sociais do que os que resolve.”

“Não se esquece nada mais devagar do que uma ofensa; e nada mais rápido do que um favor.”

“Uma nação que gasta mais dinheiro em armamento militar do que em programas sociais se acerca à morte espiritual.”

“Nossa geração se lamentará tanto dos crimes dos perversos, como do estremecedor silêncio dos bondosos.”

“Nada que um homem faça o envelhece mais do que o permitir tomar-se pelo ódio por alguém.”

“Aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes; mas não aprendemos a singela arte de viver como irmãos.”

“Se ajudar uma só pessoa a ter esperança, não terei vivido em vão.”

“Se soubesse que o mundo se acaba amanhã, eu ainda hoje plantaria uma árvore.”

“Eu também sou vítima de sonhos adiados, de esperanças dilaceradas, mas, apesar disso,  eu ainda tenho um sonho, porque a gente não pode desistir da vida.”

quinta-feira, 26 de abril de 2012

STF referenda o Sistema de Cotas

dez anos atrás saia meu artigo sobre as Cotas no qual eu defendia um modelo de cotas para os pobres e desfavorecidos. Também revelei minha torcida para que os negros alcançassem a vitória em sua reivindicação de um modelo para um resgate histórico. Agora, passados dez anos, exatamente hoje, 26 de abril de 2012, as coisas parecem se reafirmar. Ressalte-se que no voto dos juízes do STF, unanimemente favoráveis ao Sistema de Cotas, estão propostas de melhorias do sistema, como no caso de Gilmar Mendes que defende a mesma tese que eu defendia há dez anos (cotas para os pobres). Veja abaixo (na íntegra) meu artigo sobre Cotas publicado quando eu era professor numa Faculdade em Vargem Grande Paulista (região metropolitana da grande São Paulo - SP) em 2002. Os dados estatísticos apresentados são daquela época.



Cotas para os Excluídos
Frank Viana Carvalho

Acho válida a ação afirmativa do movimento negro em prol das cotas nas Universidades públicas. Faço ênfase na ação do movimento e não na questão das cotas,  pois sobre este assunto algumas questões necessitam ser bem delineadas para que não se crie o contrário do que se almeja.

Primeiramente os números. Inicialmente a cota pedida pelo movimento foi de 40% de reserva de vagas para estudantes negros (alguns representantes do movimento falaram em até 50%), depois mudada para 20%. Segundo o último censo (2000)[1], em dados publicados somente agora em 2002, 45,3% da população brasileira é formada por negros e pardos. (A palavra “pardo” é para mim uma completa “indefinição”). Segundo dados oficiais, repetidos pela pesquisadora Fernanda Almeida, 5,2% da população brasileira é formada por negros e 40,3% por pardos. Na Folha de São Paulo, um articulista afirma que 11% da população brasileira é formada por negros. O Diário Popular[2] afirma que 9,5% da população é formada por negros. Finalmente, como última fonte de dados, volto-me para os dados do IBGE[3]:  os brancos representam 53,8% da população, ao passo que os mestiços e mulatos (os “pardos”) são 39,1%, os negros 6,2%, os asiáticos 0,5% e os ameríndios 0,4%. 

A dificuldade das pesquisas em encontrar um número (de 6,2% a 11% - no caso dos afro-americanos) só vêm demonstrar a dificuldade de estabelecer uma determinação étnica precisa para a população brasileira.
Só para a nossa informação, os negros representavam em 1817, 52% da população brasileira. Com a intensa onda imigratória de europeus no final do século XIX e após um período de intensa miscigenação com os índios (cafuzos) e com os brancos (mulatos), os negros representavam em 1950, 11% da população do país[4]

Nos censos posteriores os itens referentes às raças foram reformulados em função da falta de uma definição precisa para uma parcela da população (relembrou: os “pardos”). Com a intensa miscigenação, os “pardos”, nas suas “colorações brasileiras” foram quebrando barreiras, sofrendo e superando preconceitos e dificultando estatísticas. O próprio termo raça é impreciso, associado à divisão da humanidade em diferentes grupos populacionais de acordo com o critério da descendência biológica comum (real ou suposta). Esta noção de raça como forma de classificação rígida ou sistema genético foi quase inteiramente abandonada e atualmente se reconhece que as raças humanas são subdivisões relativas.

Não vejo uma razão efetiva para confiarmos plenamente nos números citados, mas eles nos levam a ver esta questão do pedido das cotas de diferentes formas: 20% somente para os negros ou para os negros e os “pardos”? A cota vai garantir o acesso dos excluídos ou dos negros mais qualificados? Um sistema de cotas para negros incentivará outros grupos minoritários (não necessariamente no critério raça ou etnia)  a também reivindicarem suas cotas (mulheres, índios,  homossexuais, aidéticos)? O governo poderá atendê-los?  Esta cota na Universidade garantirá o acesso aos mercados de trabalho?

Em nosso país, os grandes discriminados são de fato os pobres, como bem colocou Clóvis Rossi[5]. Mas não estamos com isso querendo atenuar a discriminação histórica que existe contra os negros (ainda mais quando são pobres). Isto para não falarmos em outros grupos discriminados em diferentes graus e em diferentes contextos – vou citar dois, para não ser cansativo: você já viu mulheres no alto escalão das empresas – e no Congresso Nacional (quantas?)?; você já viu “personagens”  protestantes em novelas de TV (e eles são 15,4% da população)?

Sou a favor de políticas públicas que de fato eliminem os problemas buscando atingi-los na sua base e não paliativos que acentuem uma discriminação já existente. A ação afirmativa das cotas pode ser a evidenciação de uma discriminação – e isto, se por um lado cria uma porta de acesso, mantém ou até reforça o estigma do preconceito. 

Talvez seria interessante um sistema de cotas para os pobres: já imaginou isto com base no censo[6] – 95% das vagas nas Universidades Públicas para os pobres e para a classe média. Ei, espere um pouco, é melhor não colocar a classe média neste negócio, senão pode ocorrer alguma controvérsia. Melhor assim: 70% das vagas na Universidade Pública para os pobres. 

As pesquisas mostram que a participação dos pobres nas universidades brasileiras tem diminuído ao longo dos últimos anos e dados tabulados com base nas Pnads (Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílio) do IBGE, pelo sociólogo Simon Schwartzman, ex-presidente da instituição, mostram que ocorreu uma pequena tendência de elitização do ensino superior. Em 1992, os estudantes que pertenciam ao estrato dos 10% mais ricos da população representavam 45,6% do número de alunos matriculados no ensino superior. Em 1999, essa porcentagem aumentou para 48%. Já a presença dos 50% mais pobres nesse nível de ensino diminuiu durante esse período. Em 1992, eles representavam 8,5%. Em 1999, eram 6,9%. Quando se avalia a presença dos 20% mais ricos e dos 20% mais pobres, a elitização fica ainda mais evidente. Os 20% mais ricos aumentaram sua participação de 67,1% para 70,7%; os 20% mais pobres caíram de 1,3% para 0,9%.[7] Aqui consigo ver claramente um sistema de cotas. Interessante... cotas para os excluídos.

Colocando claramente minha posição: não creio que uma ação afirmativa resolveria o problema da discriminação. A verdadeira solução passa pela melhoria da educação e das demais condições sociais do povo em geral. É preciso melhorar a escola pública de ensino fundamental e médio, pois os que a freqüentam não têm condições de concorrer em situação de igualdade com os alunos das escolas particulares. E na mesma linha de ação aumentarmos o número de vagas nas universidades públicas. E mais, se devemos ter cotas, que elas sejam para os que já são excluídos de vários privilégios sociais: os pobres. 

Entretanto sei que outros pesquisadores se dividem ao analisar esta questão. É o caso de Rawls[8], que defende políticas de discriminação positiva, e por outro lado de Hayek[9], que não vê nisso uma solução, mas mesmo um novo problema.  Há também os que pensam como o senador Antero Paes de Barros, cujo projeto de lei prevê a  reserva de 50% das vagas das universidades públicas para alunos da rede pública de ensino. Também temos os que preferem que se continue o atual sistema, que funciona na base da “meritocracia da desigualdade”. Os que passam nos atuais vestibulares das universidades públicas tem méritos para  tal,  mas sabemos que há uma grande desigualdade entre os concorrentes.

Com relação às cotas para os negros, acho que seria muito bom se, de fato, eles conseguissem em nível nacional, embora eu imagine que não será fácil. Isto deve levar o governo a repensar suas ações sociais e suas políticas, pois para com estes existe uma dívida histórica. No estado do Rio de Janeiro foi alcançada a primeira vitória do movimento: foi votada uma lei que garante 40% das vagas para negros e pardos nas universidades. Uma pesquisa feita entre os usuários da Folha Online e que teve a participação de 1588 pessoas, aponta que 75% (1195) são contra o sistema de cotas e que apenas 25% (393) se mostraram favoráveis.

Bem, escrevo estas coisas dentro de uma Instituição de Ensino Superior, onde em 1999,  33% dos professores eram negros. Em 2000 este percentual subiu um pouco e foi para 37,5% e em 2001, mas, com o aumento do número global de professores, este percentual caiu para 16,6%. Mas se falarmos das outras etnias, ou dos gêneros, da formação, da origem ou da grande mistura que temos aqui, o assunto fica no mínimo, interessante. Éramos 12 professores: 6 homens e 6 mulheres; dois especialistas, três mestrandos, cinco mestres e dois doutorandos. Sete USP, dois PUC e dois de outras Instituições. Sete católicos, três protestantes, uma espírita e uma sem religião. Seis casados, três solteiros, dois separados e um separado e casado de novo. As docentes: duas são negras e quatro são brancas (uma loira, duas meio loiras e uma morena). Os docentes: um é mulatinho,  dois são brancos, dois são mais ou menos brancos, e eu, bem ... no meu caso é complicado. Tenho um bisavô português e uma bisavó índia. Mas na outra linha genealógica uma bisavó negra e um bisavô francês. Faltou falar dos outros bisavós:  portugueses e mulatos.  Não satisfeito, casei com uma estrangeira. Bem, eu acho que eu sou ...  brasileiro.


Frank Viana Carvalho. Artigo intitulado ‘Cotas para os Excluídos’, publicado na Revista “Pátio, Revista Pedagógica”. Ano VI, nº 22, julho/agosto de 2002. Páginas 47 e 48, Porto Alegre. Pedagogo, Teólogo, Especialista em Psicologia da Adolescência  - Andrews University campus Newbold – Inglaterra, Mestre em Educação – UNASP,  Mestre em Ética e Filosofia Política – USP  e Doutor em Filosofia – USP/ François Rabelais - França.


Referências:

[1]  IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Página oficial do IBGE na internet – www.ibge.gov.br  -  09/05/02.
[2]  Setembro de 2001.
[3]  JT, citando dados oficiais do IBGE, 09/05/02, 16A.
[4]  Delta Larousse, v. 2, p. 493.
[5]  Folha de São Paulo, 28/08/01.
[6]  Segundo dados só agora revelados do Censo 2000, 51,9% dos trabalhadores brasileiros ganha até R$ 400,00 por mês. Apenas 2,6% ganha acima de 20 salários mínimos – R$ 4.000,00 ou mais.
[7]  Folha de São Paulo, 27/05/2002.
[8]  “Sustenta o filósofo que a as desigualdades econômicas e sociais devem ser compensadas pelo Estado, beneficiando os que se encontram em posições menos vantajosas.” Rawls, John. A Theory of Justice, Harvard University Press, 1971, in Luiza Helena Malta Moll, Adversus on line,  nov. 99 - nº 54, Discriminações não autorizadas pela Constituição.
[9]  Hayek põe dúvida na ação do Estado interferindo nas forças de mercado de modo a ajustá-las para algum ideal de igualdade, afirmando que se perderiam os efeitos benéficos em termos de eficiência e nos confrontaríamos com amplas desigualdades, em especial aquelas que secundariam os esforços para redução das desigualdades sócio-econômicas. Isto porque os indivíduos diferem em seus atributos como a capacidade, os quais o governo não pode alterar para assegurar-lhes a mesma posição material que, por sua vez, exige do governo que os trate diferentemente. F. A. Hayek. Os Fundamentos da Liberdade, Editora UnB, Pensamento Político vol 56, 1986.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Uma Aventura de Carro pelos caminhos da América do Sul

CAPÍTULO III


URUGUAI


"Tudo que vale a pena ser sonhado, merece ser feito".


            Aqui no Brasil se fala muito de Europa e Estados Unidos. Da América Latina se fala pouco ou quase nada. América do Sul, então, parece que só existe nos livros, quando muito. [Esta observação foi feita por mim em 1993, ano em que escrevi o livro e o Mercosul ainda engatinhava]

            A América do Sul, tão perto, e ao mesmo tempo, tão longe, é um continente desconhecido pela maioria dos brasileiros, exceto para os que vivem próximos à fronteira. Culpa de quem? Não sabemos. Partimos então em nossa viagem para conhecer  esta América, experimentar seus sabores, ouvir seu povo, falar sua língua, sentir sua dor, ver suas belezas e crescer no conhecimento do ser humano que vive neste canto do mundo.

            Em 1492, no mês de outubro, um genovês aportou numa ilha da América Central chamada Guanaani. Cristóvão Colombo tinha acabado de descobrir a América. Após ter passado mais de dois meses atravessando o oceano com apenas três caravelas, ele estava feliz por sentir terra firme debaixo de seus pés. Pensava que havia chegado a uma ilha afastada da costa da Índia, e por isso chamou os nativos de índios.

            Infelizmente Colombo não teve os méritos da sua descoberta reconhecidos no seu tempo. Morreu pobre e esquecido na Espanha.

            Aquele novo mundo, recém-descoberto, recebeu o nome de América, graças a Américo Vespúcio. Ele escreveu num livro publicado no começo do século XVI: "- Descobri um Novo Mundo. Aonde quer que tenho ido, tenho conservado anotações cuidadosas. Tenho traçado mapas e cartas para prová-lo." Os estudiosos da época logo disseram: O Novo Mundo deve ser chamado Américo Vespúcio. Em homenagem ao seu grande descobridor. Pobre Colombo.

            A antiga província Cisplatina é hoje um país próspero, com baixas taxas de inflação, desemprego e analfabetismo, bem como um bom padrão de vida para a população.

            Rivera, a nossa porta de entrada, é uma cidade ligada a Santana do Livramento. Comercialmente e afetivamente. Em Santana pode-se ler numa placa:

SANTANA DO LIVRAMENTO

E

RIVERA:

 160 MIL AMIGOS.

            A nossa passagem pela fronteira foi simples e rápida: não mais que dez minutos e nós, bem como o carro, já podíamos transitar em território uruguaio. Que bom se todas as fronteiras fossem como aquela.

            Ainda em Santana do Livramento, aproveitando o fato de que podíamos atravessar livremente a fronteira, enchemos o tanque de gasolina, compramos luvas bem grossas e um chapéu com proteção para as orelhas. Trocamos uma parte do nosso dinheiro pelos estáveis pesos uruguaios.

            Seguimos para o Sul em uma boa rodovia. Ao lado, grandes planícies e muitos rebanhos de ovelhas. O movimento de carros era reduzido, que quando paramos para filmar e fotografar, deitei no meio da pista por alguns instantes. Seguimos por Tacuarembó e Durazno. As cidades do interior do País são pequenas e a população se concentra em Montevidéu.

            Chegamos ao IAU4, onde pernoitamos e tivemos a grata oportunidade de divulgar a nossa campanha ecológica. Seguimos para Las Piedras, uma cidadezinha na periferia de Montevidéu, àprocura da bisavó do Rubem. Encontramos a Sra. Risoleta com seus 93 anos de idade junto a uma lareira. Ao seu lado a jovem Gabriela, que prontamente se ofereceu para nos mostrar Montevidéu.

            No dia seguinte seguimos do IAU para Las Piedras, a fim de pegarmos a Gabriela e irmos para Montevidéu. Guiando a máquina, atrás de  potentes óculos escuros, um jovem alto, magro e loiro: Rubem. No velocímetro apenas 90 Km/h. Mas a polícia uruguaia não pensou duas vezes. Seguiu-nos e mandou-nos encostar. Mostramos todos os documentos e quase esvaziamos o porta-malas.

            - Listo. Puede seguir! (Pronto. Pode seguir!) , disse o policial, com ar meio desconfiado.

            Seguimos e caímos na gargalhada.

            - Binho, por favor, não use estes óculos perto da polícia! Disparei para o Rubem.

            - É uma chave de cadeia, disse ele, rindo.

            Mais algumas horas e estávamos em Montevidéu. O nosso guia turístico, a Gabriela, conseguiu localizar então uma casa onde reparavam cabos de velocímetro (o nosso havia se rompido cerca de uns cem quilômetros antes). Feito o conserto, seguimos para bater fotos e filmar a cidade.

            Visitamos o Palácio do Governo, o Mausoléu de Artigas (herói nacional) e o Mirante no centro da cidade (cerca de 90 Metros de altura).

            Avistamos o estádio Centenário. O futebol aqui também é uma paixão nacional. A seleção já foi duas vezes campeã mundial. O bicampeonato foi na final da copa de 50: 2 x 1 em cima do Brasil, em pleno Maracanã. Que amarga lembrança. Os times de futebol daqui também são fortes. O Penarol e o Nacional já ganharam a Taça Libertadores das Américas 8 vezes. Os clubes brasileiros conseguiram apenas 7 vezes esse título. Bem, esqueçamos um pouco o futebol.

            Em nossa viagem, estávamos decididos a comer os pratos típicos de cada país. No Uruguai foi a primeira experiência internacional. Comemos em um restaurante do porto: o La Carabella. O prato: pollo arrollado (frango enrolado). E enrolada também foi a conta: U$ 25,00 dólares.

            Enquanto almoçávamos, o Márcio contava a história:

            - O Brasil e a Argentina brigaram pelo Uruguai. Aí, a Inglaterra se cansou da briga dos compadres e ajudou o Uruguai a declarar sua independência.

            História à parte, Montevidéu é uma cidade bonita. Os prédios antigos atestam de uma época em que o país era mais próspero e rico.

            Despedimo-nos da Gabriela e seguimos para Fray Bentos, na fronteira com a Argentina. O motor fazia um barulho esquisito e resolvemos parar logo na saída de Montevidéu. Folga no comando de válvulas. O Márcio foi logo abrindo o motor e fazendo a regulagem. Enquanto o Binho lhe dava uma mão, eu fui comprar algumas peças. Terminado o serviço, seguimos já à noite para a Argentina.

            A estrada muito boa convidava-nos a pisar mais fundo. Atrás o Binho dormia e ao meu lado o Márcio cochilava. Cento e vinte, Cento e trinta. Mantive isto por uma hora, até que um pobre gambá cruzou na frente. Não deu tempo nem de encostar no freio. Que hora infeliz ele escolheu para atravessar a pista. Pode parecer estranho, mas fiquei chateado. Não somos ecologistas radicais, mas também não sentimos prazer em atropelar animais.

            Diminuí o ritmo e logo passamos por Mercedes. Engraçado como é a sinalização em algumas cidades do Uruguai e da Argentina. Você vai seguindo pela rodovia, de repente a rodovia entra direto dentro da cidade, sem nenhuma placa de desvio ou contorno por fora. Aí a rodovia acaba e você fica dentro da cidade "a ver navios". Não há nenhuma placa mostrando como voltar para a rodovia e você tem que usar o método de ir a Roma. O duro é quando isto acontece à uma da manhã. Perguntar a quem?

            A despeito deste probleminha conseguimos sair de Mercedes.

            Chegamos à fronteira e nos despedimos do simpático e organizado Uruguai.
Pastagens no norte do Uruguai.

Rivera - lado uruguaio da fronteira.


Próximo a Montevidéu.



IAU.



Montevideu.

O Binho e sua avó uruguaia, Sra. Risoleta.

Centro de Montevideu.


Palácio do Governo em Montevidéu.



A cosmopolita Montevideu.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Alea jacta est

Júlio César notabilizou-se por suas conquistas militares e por suas célebres frases. Aqui estão três delas:

“Alea jacta est.” (A sorte está lançada). A célebre frase de Júlio César em 10 de janeiro de 49 a.C., após atravessar o rio Rubicão, em direção a Roma. Com seu exército, após atravessar o rio, ele sabia que não havia mais volta – dias difíceis viriam, mas a vitória os aguardava.


“Veni, vidi, vici.” (Vim, vi, venci). Após a vitória, sofrida, mas espetacular, Júlio César proferiu outra de suas célebres frases. Dizem alguns historiadores que essa foi a mensagem (três palavras) que ele dirigiu ao Senado romano. Outros dizem que ele utilizou a expressão mais de uma vez. Bem, o que fica para a posteridade é a expressão de triunfo. Para Júlio César, os desafios existiam para serem vencidos.

“Tu quoque, Bruti, fili mi” (Até tu, Brutus, meu filho). Foi a última frase proferida por Júlio César, diante dos que tramaram a sua morte. Entre eles, seu sobrinho e afilhado, Brutus. A decepção de ver, entre os conspiradores, um a quem amava. César, um dos maiores imperadores da história, como último legado, nos deixou uma frase de indignação.

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