Recapitulemos
Em função de vários atos de criminalidade (estupros, furtos, assaltos e até assassinato), a PM passa a fazer rondas no Campus da USP. Vale lembrar que a entrada da PM foi solicitada após comoção geral. É lógico que havia um grupo (minoria) que não queria a PM lá.
Tudo parece seguir bem, os índices de criminalidade e violência diminuem no Campus.
Três estudantes são detidos no Campus da USP portando (e consumindo) drogas ilícitas. Bem, vamos suavizar: estavam usando maconha.
Após protestos de colegas e dos próprios estudantes, eles são detidos e levados para uma delegacia (o que seria feito com qualquer cidadão que estivesse portando drogas ilícitas e fosse apanhado pela polícia).
Mas era na USP (próximo a FFLCH) e aí começam os protestos. A FFLCH é invadida (o impacto na mídia foi pequeno).
Em Assembléia, embora seja proposto, estudantes divididos não se decidem pela invasão da Reitoria. Mas um grupo, contrariando a assembleia invade a Reitoria.
Pressionados pela decisão da justiça para desocuparem o prédio da Reitoria, em assembleia, os invasores decidem não sair.
Reitoria da USP invadida. |
Analisando
É claro que deve haver um debate amplo sobre a questão da descriminalização das drogas.
É claro que os estudantes devem respeitar a lei como todo mundo.
É claro que os campi universitários federais, estaduais e municipais não são locais com permissão especial para o uso de drogas.
É claro que numa democracia, a minoria terá suas vontades contrariadas e tem que saber a melhor forma de protestar e conviver com isso.
É claro que na vida em sociedade (numa democracia) as decisões judiciais tem de ser cumpridas (embora possam ser contestadas).
É claro que a PM não está completamente preparada para resolver questões tão emblemáticas. Mas quem está? Os estudantes?
Para mim, estava claro desde o começo que havia um grupo querendo fazer, acontecer e aparecer. O problema é se havia ou não uma ‘causa’ justa. Qual a real intenção desse grupo para querer o afastamento da PM do Campus?
Clareza
Não sei se estou com a síndrome da objetividade, mas vi algumas coisas claramente. Quando começaram os protestos com a prisão dos três rapazes (caso da maconha), imaginei que a turma do protesto invadiria a reitoria (os estudantes me surpreenderam ao ‘ocupar’ a FFLCH e a Reitoria me surpreendeu ao não prever [e criar mecanismos para impedir] a invasão de seu prédio). E mais, para mim, mais claro ainda estava a intenção dos alunos ao ser decidido pela justiça a desocupação. Cheguei a comentar com colegas professores que era exatamente isso que aqueles estudantes queriam – ser retirados à força.
Agora sim, após a desocupação forçada da Reitoria, eles conseguiram (agora são vítimas) – e os estudantes da FFLCH em Assembleia decidiram por uma (incrível) greve discente. Sim, isso mesmo que você leu, os alunos estão em greve. E foi até proposto invadir a Reitoria de novo. Ufa, a maioria não aceitou!
Termino com algumas perguntas:
1. Quem vai pagar pela depredação do patrimônio público no prédio da reitoria?
2. O direito de protesto inclui o direito à depredação e à invasão do local de trabalho de outras pessoas?
3. Quando é que a Reitoria vai aprender a lidar com essas situações? A maioria dos alunos da USP e praticamente toda a mídia e mesmo a sociedade estavam contra a minoria que tinha realizado a invasão. Com certeza eles seriam vencidos pelo cansaço e ficariam com o tempo, tanto isolados quanto (em certo sentido) desmoralizados.
4. Quando é que haverá este grande debate público sobre a descriminalização das drogas?
5. A Guarda do Campus (sem armas) consegue de fato realizar a segurança do campus?
6. Porque ideologias transgressoras advindas de modelos ultrapassados continuam na moda? Já sei a resposta: a culpa é da imprensa burguesa...
7. Os alunos em greve permitirão que os alunos que não querem fazer greve frequentem as aulas?
8. Se o protesto é contra a presença da PM no campus, porque esses estudantes não realizaram vários e significativos protestos antes da prisão dos dois jovens (caso da maconha)?
9. Porque estes estudantes não protestam contra a baixa qualidade de ensino e outras coisas ‘super’ importantes para a educação universitária?
10. A USP é mantida com dinheiro público. E a comunidade que a sustenta, como fica?
11. Vai acabar tudo em pizza? Eu aposto que sim.
Fonte da Imagem: www.marcus.mayer.com
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