Alexander Sutherland Neill (1883 - 1973), educador, escritor e fundador
da escola Summerhill. Ficou famoso por defender a liberdade das crianças na
educação escolar. Filho de uma numerosa família, seu pai, um mestre-escola,
usava um bastão de ferro para disciplinar a classe. Trabalhou um tempo como
auxiliar do seu pai e aos 25 anos de idade foi para a Universidade de Edimburgo
onde se graduou em Inglês. Em 1914, se tornou diretor de uma pequena escola em
Gretna Greem e lá escreveu A Dominie Log (Diario de um Mestre-Escola), o seu
primeiro livro. Já nessa publicação, manifesta seu descontentamento com a
escola tradicional.
Na
área da educação, o educador britânico Homer Lane foi a principal influência de
Neill. Ele também era um grande admirador e amigo do psicanalista Wilhelm Reich
e se dedicava aos estudos da teoria freudiana.
O
autor acreditava que a felicidade é fundamental para o desenvolvimento das
crianças e que essa felicidade tem origem num senso de liberdade das mesmas.
Para ele, as escolas tradicionais privam de liberdade seus alunos e as
consequências da infelicidade vivida pelas crianças reprimidas estão na origem
da maioria dos problemas psicológicos da vida adulta.
A
fundação de Summerhill deu formato as propostas pedagógicas de Neill, distintas
da linha hegemônica da época. Sustentava que os jovens devem ser estimulados a
aprender em um ambiente de liberdade e de responsabilidade.
Influenciado
pelo pós-I Guerra Mundial, o autor parte do princípio de que a humanidade está
doente e essa doença decorre do tratamento repressivo que as crianças recebem
numa sociedade patriarcal. Inclusive nas questões ligadas à repressão sexual,
em especial quando associadas a normas religiosas mal compreendidas. Responde a
isso afirmando que toda criança tem direito à liberdade e que um grupo de
crianças se auto-regula, estabelecendo em conjunto as próprias normas.
"Para resumir, meu ponto de vista é que a educação sem liberdade resulta
numa vida que não pode ser integralmente vivida. Tal educação ignora quase
inteiramente as emoções da vida, e porque essas emoções são dinâmicas, a falta
de oportunidade de expressão deve resultar, e resulta, em insignificância, em
fealdade, em hostilidade. Apenas a cabeça é instruída. Se as emoções tivessem
livre expansão, o intelecto saberia cuidar de si próprio." (NEILL, 1963,
p.93)
Em
Summerhill, as crianças não são obrigadas a assistir as aulas e, além disso, as
decisões da escola são tomadas em assembléias onde todos votam, incluindo
professores, alunos e funcionários. Para o autor, a experiência nessa escola
mostrou que, sem a coerção das escolas tradicionais, os estudantes orientam sua
aprendizagem através do seu próprio interesse, ao invés de orientar pelo que lhe
é imposto.
Na
escola, nenhum adulto tem mais direitos que uma criança, todos tem direitos
iguais. Nesse sentido o autor destaca a diferença entre os conceitos de
liberdade e licença. Para Neill todos devem ser livres, porém isso não implica
numa liberdade sem limites. Ninguém tem licença para interferir no espaço de
outra pessoa e, ao mesmo tempo, todos têm total liberdade para fazerem o que
quiserem no que disser respeito a si próprio. Por isso que ninguém deve
determinar quais aulas uma criança deve freqüentar. Mas, ao mesmo tempo,
ninguém tem direito de atrapalhar uma atividade coletiva. Liberdade não pode
significar direito de fazer o que bem quiser a hora que quiser. Excesso de
liberdade se transforma em licenciosidade.
Neill
criticava a escola tradicional também por enfatizar demais o lado racional das
pessoas, em detrimento do lado emocional. Nesse sentido, em sua escola o
teatro, a dança, os trabalhos manuais, ganham um destaque grande frente às
disciplinas tradicionais. As aulas das matérias convencionais existem, mas não
são o centro da escola.
Como
diretor, ele dava aulas de álgebra, geometria e trabalhos manuais. Geralmente
dizia que admirava mais aqueles que possuíam habilidades para o trabalho manual
do que aqueles que se restringiam ao trabalho intelectual. Durante um período
trabalhava individualmente com alguns alunos numa espécie de sessão de terapia.
Após algum tempo abandonou esse trabalho individual, pois concluiu que com as
sessões ou sem os alunos resolviam seus problemas de qualquer forma. A
liberdade era a responsável por isso.
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