quarta-feira, 20 de junho de 2012

Understanding more about the Matrix.


By Frank Viana Carvalho

When Anderson (Enderson), before the two pills, decides to take the blue pill, he decrees the end of the existence of Mr. Anderson, or something even better, his revival. There, Neo (Greek 'new') rises to a new reality, the reality of the knowledge of reality, the reality of enlightenment. At that time, Neo comes to "true reality".

We will see in the movie, side by side, theology and philosophy, with a good deal of anthropology and social psychology.

Determinism (a denial of free will) seems a constant in the Matrix, but Neo is there to prove that our choices determine, in particular, our future and every day, our degree of freedom.
Well, let's explanations. Zion is the only free human city. Zion is the English word for ‘Sião’, biblically, the city promised, the city free from all evil.

Morpheus is the Greek god of sleep, but in the movie he is who tries to awaken Anderson and take it to a new way of dealing with the knowledge and ability to choose (the root of the free will).

As the film progresses, the great discovery of Neo is not the 'reality' of the Matrix, but the discovery of himself, meeting the highest teachings of the philosopher Socrates: "Know yourself."

Despite the issue of Artificial Intelligence, which moves the film is the philosophy that it embodies. Plato had already said that we live in a cave, deceived and deluded about reality and knowledge. You must leave the cave. Neo comes out (with pain) and, like the Allegory of the Cave, he returns to help free others. In fact, realizing that the Matrix is ​​not real, Neo can’t go back, just as there is.

Descartes says that the ultimate reality of knowledge is in our mind, our reason. I think, therefore I am. But, what kind of existence?

Therefore, it is clear that people live in a great illusion, in other words, a grand illusion created by others, who control everything through the empty culture of institutions sustaining the status quo, the promoters of the culture of 'to have' and 'appear to be' on being, the existence over the essence, the collective madness, living without thinking, without reflecting - in short, that's what many live and seek.

The machines have found that, for humans to accept that virtual reality, they need, if only unconsciously or subliminally, to choose not to participate in it.

The Oracle is just a program designed to understand and help human beings who did not accept the reality of the Matrix. It is as if the machine had a program to help solve the problems of the machine or its components.

In the movie, Artificial Intelligence has its philosophical lessons. If there is no means 'human' to beat the machines, we are left to hope, though many have already chosen to give, giving rise to the illusion and irrationality.

Morpheus symbolizes, above all, the victory of belief, of the faith. Each demonstration that Neo may be the 'chosen', Morpheus increases their belief and reinforces their faith. He left his great love (Niobi), and even his life, to ensure the life of the 'elect', the 'chosen'.

The Oracle prophecies affects individual choice, precisely because this is the essence of the fulfillment of prophecy (they are the result of human actions). It's like when Jonah prophesied the destruction of Nineveh, and face to repent of its residents, its destination is changed and the prophecy is not fulfilled. Emphasizing the power of choice, Morpheus explains to Neo what the Oracle said, when he spoke to him: "... exactly what you needed to hear, that's all." Later, Morpheus adds: "Neo, you'll soon see how I do, that there is a difference between knowing the path and follow this path."

The ship is called Nebuchadnezzar for two reasons. He was a pioneer, the first king of the first universal kingdom (Babylon) prophesied by Daniel and at the same time, was the king who 'woke up' from his delusion, and turned to reality. A pioneer. The ship is the bearer of those who 'waked up' for their delusions.

There are several trinities in the various religions and cultures. Starting with Main, the trinity of Christianity, the history of religions have various trinities (Hinduism: Brahma, Vishnu and Shiva; Greek - Zeus, Poseidon and Hades and Egyptian - Osiris, Isis and Seth).

Morpheus, Neo and Trinity form (make up) the trinity of the film, where the name of one of them carries this meaning (Trinity - Trinity). The Neo back to life is the victory of mind over body, of spirit over matter, of will over reason. And of course, is a symbol of a theological resurrection.

Even considering the theological issues (which necessarily involve religion), philosophical (traveling from the ancient philosophy, passing through medieval and modern philosophy even today), technology (virtual reality, fights, special effects, Artificial Intelligence), film science fiction (The Terminator, Metropolis), and Anime HQ (The Invisibles, Akira, Serial Experiments Lain, Ghost in the Shell), which is right is the key issue of life, free will, choices, decisions and consequences of our acts.

Well, it's all about the first film, the most significant of the three. The next two are good, but over in search of the many special effects and fights to please a part of the public who 'loved' the film that The Matrix had cleared out the best - getting people to reflect on reality.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Entendendo um pouco mais de 'Matrix'


Quando Anderson (Enderson), diante das duas pílulas, toma a decisão de tomar a pílula azul, ele decreta o fim da existência do sr. Anderson, ou algo ainda melhor, o seu renascimento. Ali, Neo (do grego ‘novo’) nasce para uma nova realidade, a realidade do conhecimento da realidade, a realidade do esclarecimento. Naquele momento, Neo nasce para “a verdadeira realidade”.
Teremos no filme, lado a lado, Teologia e Filosofia, com uma boa dose de antropologia e psicologia social.
O determinismo (uma negação do livre arbítrio) parece uma constante na Matrix, mas Neo está ali para provar que nossas escolhas determinam, em especial, nosso futuro e cotidianamente, nosso grau de liberdade.
Bem, vamos às explicações. Zion é a única cidade humana livre. Zion é a palavra em inglês para Sião, biblicamente, a cidade prometida, a cidade livre de todo o mal.
Morpheus é o deus grego do sono, mas no filme é ele quem tenta despertar Anderson e levá-lo a uma nova forma de lidar com o conhecimento e com sua capacidade de escolha (a raiz do livre arbítrio).
A medida que o filme avança, a grande descoberta de Neo não é a ‘realidade’ da Matrix, mas a descoberta de si mesmo, indo ao encontro do maior dos ensinamentos do filósofo Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.
Em que pese a questão da Inteligência Artificial, o que move o filme é a filosofia que ele encarna. Platão já falava que vivemos em uma caverna, enganados e iludidos acerca da realidade e do conhecimento. É preciso sair da caverna. Neo sai (com sofrimento) e, à semelhança da Alegoria da Caverna (do filósofo Platão), ele volta para ajudar a libertar outros. Na verdade, ao perceber que a Matrix não é real, Neo não pode mais voltar atrás, simplesmente não há como. 
Descartes afirma que a realidade última do conhecimento está em nossa mente, em nossa razão. Penso, logo existo. Mas que tipo de existência? 
Logo, fica claro que as pessoas vivem uma grande ilusão e, trocando em miúdos, uma grande ilusão criada por outros, que tudo controlam através da cultura vazia de instituições mantenedoras do status quo, promotoras do ‘ter’ e do ‘parecer ser’ sobre o ser, da existência sobre a essência, da loucura coletiva, do viver sem pensar, sem refletir – em síntese, é isso que muitos vivem e buscam.
As máquinas descobriram que para os seres humanos aceitarem essa realidade virtual eles precisam, nem que fosse de forma inconsciente ou subliminar, poder escolher não participar disso. 
O (ou a) Oráculo é justamente um programa criado para entender e ajudar os seres humanos que não aceitassem a realidade da grande Matrix. É como se a máquina tivesse um programa para ajudar a resolver os problemas da máquina ou de seus componentes.
No filme, a Inteligência Artificial tem as suas lições filosóficas. Se não há meios ‘humanos’ de vencer as máquinas, resta manter a esperança, embora muitos já tenham escolhido ceder, dando lugar à ilusão e a irracionalidade.
Morpheus simboliza, sobretudo, a vitória da crença, da fé. A cada demonstração de que Neo pode ser o ‘escolhido’, Morpheus aumenta sua crença e reforça sua fé. Ele abre mão até de seu grande amor (Niobi), e até mesmo de sua vida, para garantir a vida do ‘eleito’, do ‘escolhido’.
O Oráculo condiciona as profecias às escolhas individuais, justamente porque essa é a essência do cumprimento das profecias (elas são fruto das ações humanas). É como quando Jonas profetiza a destruição de Nínive, e face ao arrependimento de seus moradores, seu destino é mudado e a profecia não se cumpre. Enfatizando o poder da escolha, Morpheus explica a Neo o que a Oráculo disse, quando falou a ele: "... exatamente o que você necessitava ouvir, isto é tudo." Mais adiante, Morpheus completa: "Neo, em breve você vai perceber como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho, e seguir este caminho".
A nave se chama Nabucodonozor por dois motivos. Ele foi um pioneiro, o primeiro rei do primeiro reino universal (Babilônia) profetizado por Daniel e, ao mesmo tempo, foi o rei que ‘acordou’ de sua ilusão, e voltou-se para a realidade. Um pioneiro. A nave é a portadora daqueles que ‘acordaram’ da sua ilusão.
Há várias trindades nas diversas religiões e culturas. A começar pela principal, a trindade do cristianismo, temos na história das religiões várias trindades (hinduísmo: Brama, Vixnu e Xiva; grega - Zeus, Hades e Poseidon e a egípcia – Osíris, Ísis e Seth).
Morpheus, Trinity e Neo formam a trindade do filme, onde o próprio nome de um deles carrega esse sentido (Trinity - trindade). A volta de Neo à vida é a vitória da mente sobre o corpo, do espírito sobre a matéria, da vontade sobre a razão. E é claro, é um símbolo teológico da ressureição.
Mesmo considerando as questões teológicas (que envolvem necessariamente religiões), filosóficas (que viajam desde a filosofia antiga, passam pela medieval, moderna e chegam a filosofia de nossos dias), tecnológicas (realidade virtual, lutas, efeitos especiais, Inteligência artificial), filmes de ficção científica (The Terminator, Metrópolis), HQ e Animes (Os Invisíveis, Akira, Serial Experiments Lain, Ghost in the Shell), o que fica mesmo é a questão essencial da vida: livre arbítrio, escolhas, decisões e consequências de nossos atos. 
Bem, isso tudo é sobre o primeiro filme da série, o mais significativo dos três. Os dois seguintes são bons, mas o exagero na busca de efeitos especiais e as muitas lutas para agradar a uma parte do público que ‘amou’ o filme, esvaziaram o que Matrix tinha de melhor – levar as pessoas à reflexão sobre a realidade.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Alexander Neill e a Educação Libertária



Alexander Sutherland Neill  (1883 - 1973), educador, escritor e fundador da escola Summerhill. Ficou famoso por defender a liberdade das crianças na educação escolar. Filho de uma numerosa família, seu pai, um mestre-escola, usava um bastão de ferro para disciplinar a classe. Trabalhou um tempo como auxiliar do seu pai e aos 25 anos de idade foi para a Universidade de Edimburgo onde se graduou em Inglês. Em 1914, se tornou diretor de uma pequena escola em Gretna Greem e lá escreveu A Dominie Log (Diario de um Mestre-Escola), o seu primeiro livro. Já nessa publicação, manifesta seu descontentamento com a escola tradicional.
Na área da educação, o educador britânico Homer Lane foi a principal influência de Neill. Ele também era um grande admirador e amigo do psicanalista Wilhelm Reich e se dedicava aos estudos da teoria freudiana.
O autor acreditava que a felicidade é fundamental para o desenvolvimento das crianças e que essa felicidade tem origem num senso de liberdade das mesmas. Para ele, as escolas tradicionais privam de liberdade seus alunos e as consequências da infelicidade vivida pelas crianças reprimidas estão na origem da maioria dos problemas psicológicos da vida adulta.
A fundação de Summerhill deu formato as propostas pedagógicas de Neill, distintas da linha hegemônica da época. Sustentava que os jovens devem ser estimulados a aprender em um ambiente de liberdade e de responsabilidade.
Influenciado pelo pós-I Guerra Mundial, o autor parte do princípio de que a humanidade está doente e essa doença decorre do tratamento repressivo que as crianças recebem numa sociedade patriarcal. Inclusive nas questões ligadas à repressão sexual, em especial quando associadas a normas religiosas mal compreendidas. Responde a isso afirmando que toda criança tem direito à liberdade e que um grupo de crianças se auto-regula, estabelecendo em conjunto as próprias normas. "Para resumir, meu ponto de vista é que a educação sem liberdade resulta numa vida que não pode ser integralmente vivida. Tal educação ignora quase inteiramente as emoções da vida, e porque essas emoções são dinâmicas, a falta de oportunidade de expressão deve resultar, e resulta, em insignificância, em fealdade, em hostilidade. Apenas a cabeça é instruída. Se as emoções tivessem livre expansão, o intelecto saberia cuidar de si próprio." (NEILL, 1963, p.93)
Em Summerhill, as crianças não são obrigadas a assistir as aulas e, além disso, as decisões da escola são tomadas em assembléias onde todos votam, incluindo professores, alunos e funcionários. Para o autor, a experiência nessa escola mostrou que, sem a coerção das escolas tradicionais, os estudantes orientam sua aprendizagem através do seu próprio interesse, ao invés de orientar pelo que lhe é imposto.
Na escola, nenhum adulto tem mais direitos que uma criança, todos tem direitos iguais. Nesse sentido o autor destaca a diferença entre os conceitos de liberdade e licença. Para Neill todos devem ser livres, porém isso não implica numa liberdade sem limites. Ninguém tem licença para interferir no espaço de outra pessoa e, ao mesmo tempo, todos têm total liberdade para fazerem o que quiserem no que disser respeito a si próprio. Por isso que ninguém deve determinar quais aulas uma criança deve freqüentar. Mas, ao mesmo tempo, ninguém tem direito de atrapalhar uma atividade coletiva. Liberdade não pode significar direito de fazer o que bem quiser a hora que quiser. Excesso de liberdade se transforma em licenciosidade.
Neill criticava a escola tradicional também por enfatizar demais o lado racional das pessoas, em detrimento do lado emocional. Nesse sentido, em sua escola o teatro, a dança, os trabalhos manuais, ganham um destaque grande frente às disciplinas tradicionais. As aulas das matérias convencionais existem, mas não são o centro da escola.
Como diretor, ele dava aulas de álgebra, geometria e trabalhos manuais. Geralmente dizia que admirava mais aqueles que possuíam habilidades para o trabalho manual do que aqueles que se restringiam ao trabalho intelectual. Durante um período trabalhava individualmente com alguns alunos numa espécie de sessão de terapia. Após algum tempo abandonou esse trabalho individual, pois concluiu que com as sessões ou sem os alunos resolviam seus problemas de qualquer forma. A liberdade era a responsável por isso.

Kohlberg e a Teoria do Desenvolvimento Moral


Kohlberg foi professor na Universidade de Chicago, bem como na Universidade Harvard. Especializou-se na investigação sobre educação e argumentação moral, sendo mais conhecido pela sua teoria dos níveis de desenvolvimento moral. Muito influenciado pela teoria do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget, o trabalho de Kohlberg refletiu e desenvolveu as ideias de seu predecessor, ao mesmo tempo criando um novo campo na psicologia: “desenvolvimento moral”.
A teoria do desenvolvimento moral é a mais conhecida de Kohlberg. Sua teoria, assim como a de Piaget, é universalista. Não afirma a universalidade das normas, mas a das estruturas que permitem a aplicação das normas em contextos precisos e proporcionam critérios para o juízo moral. Acredita que através de um processo maturacional e interativo, todos os seres humanos têm a capacidade de chegar à plena competência moral, medida pelo paradigma da moralidade autônoma, ou, como prefere Kohlberg, pela da moralidade pós-convencional.
Os seis estágios de Kohlberg podem ser, generalizadamente, agrupados em três níveis de dois estágios cada: pré-convencional, convencional, e pós-convencional.
Seguindo as exigências construcionistas de Piaget de um modelo de estágios, como exposto em sua teoria do desenvolvimento cognitivo, é extremamente raro regredir em estágios – perder o uso de capacidades de estágios mais altos. Não se pode pular estágios, cada um fornece uma nova e necessária perspectiva, mais abrangente e diferenciada de seu predecessores, mas integradas com eles. Os estágios não avançam em “bloco”, podendo a pessoa estar em determinado estágio em uma área, e em outro estágio em outra área.  Sua teoria é dinâmica, e não apenas estática. Potencialmente, todo indivíduo é capaz de transcender os valores da cultura em que foi socializado, ele não apenas os incorpora passivamente. Com isso, a própria cultura pode ser modificada.
Podemos esquematizar a teoria de Kohlberg da seguinte maneira:
Nível 1 (Pré-Convencional)
1. Orientação “punição obediência” (Como eu posso evitar a punição?)
2. Orientação auto-interesse (ou “hedonismo instrumental”) (O que eu ganho com isso?)

Nível 2 (Convencional)
3. Acordo interpessoal e conformidade (Normas sociais)
(Orientação “bom moço”/“boa moça”)
4. Orientação “manutenção da ordem social e da autoridade” (Moralidade “Lei e Ordem”)

Nível 3 (Pós-Convencional)
5. Orientação “Contrato Social”
6. Princípios éticos universais (Consciência principiada)

Nível pré-convencional
O nível pré-convencional de argumentação moral é particularmente comum em crianças, embora adultos também possam exibir esse nível de argumentação. Nesse nível, o juízo da moralidade da ação é feito com base em suas consequências diretas. O nível pré-convencional consiste apenas do primeiro e segundo estágios de desenvolvimento moral, e está preocupado apenas com o próprio ser de uma maneira egocêntrica. Alguém com uma moral pré-convencional ainda não adotou ou internalizou as convenções da sociedade sobre o que é certo ou errado, mas, em vez disso, foca-se grandemente em consequências externas que certas ações possam ter.
O estágio 1 é o do castigo e obediência. Nesse estágio, a moralidade para a criança consiste em observar literalmente as regras, obedecer à autoridade e evitar o castigo. Por exemplo, uma ação é vista como errada apenas porque aquele que a cometeu foi punido. “Da última vez que fiz tal coisa, apanhei, então não farei de novo”. Quanto pior a punição, pior é visto o ato. O ponto de vista é egocêntrico, o ator não distingue entre seus interesses e os dos outros, que o ponto de vista dos outros pode ser diferente do seu. Há uma deferência para aqueles vistos como de maior poder ou prestígio.
O estágio 2 é aquele em que a pessoa é movida apenas pelos próprios interesses. O comportamento moral consiste em seguir regras quando forem do interesse imediato do ator, e em reconhecer que os outros também têm seus próprios interesses, o que pode justificar uma troca entre atores, integrando interesses recíprocos, mas apenas até o ponto em que isso serve aos interesses do próprio ator. O ponto de vista inclui, portanto, o de outros indivíduos, numa base instrumental, ocorrendo uma certa descentração, embora mínima. O respeito pelos outros não está baseado em lealdade ou respeito mútuo, mas no sentido de “uma mão lava a outra”. A falta de perspectiva do estágio 2 também não pode ser confundida com o estágio 5, pois aqui todas as ações têm o propósito de servir os próprios interesses ou necessidades do próprio indivíduo.
 Nível convencional
O nível convencional de argumentação moral é típico de adolescentes e adultos. Aqueles que argumentam de uma maneira convencional julgam a moralidade das ações comparando-as com as visões do mundo e expectativas da sociedade. A moralidade convencional é caracterizada por uma aceitação das convenções sociais a respeito do certo e do errado. Nesse nível um indivíduo obedece regras e segue as normas da sociedade mesmo quando não há consequências pela obediência ou desobediência. Aderência a regras e convenções é de algum modo rígida, entretanto, a adequação da aplicação de uma regra ou a justiça dela é por vezes (poucas) questionada.
O estágio 3 é o das expectativas interpessoais mútuas, e do conformismo, em que o ser entra na sociedade preenchendo papéis sociais (identidade dos papéis). O correto é atender às expectativas das pessoas de referência, ser um “bom moço”, no papel de filho, irmão ou amigo, tendo sido ensinado que há um valor inerente a tal comportamento. O ponto de vista inclui as perspectivas dos outros e sentimentos compartilhados, que têm precedência sobre os interesses individuais. A argumentação do estágio 3 pode julgar a moralidade de uma ação valorando as suas consequências em termos dos relacionamentos de uma pessoa, a qual agora começa a incluir coisas como respeito, gratidão, e a “regra de ouro”. Desejo de manter as regras e autoridade existe apenas manter esses papéis sociais. As intenções das ações desempenham um papel mais significante na argumentação neste estágio; “eles têm boas intenções...”.
O estágio 4 é aquele em que a pessoa se move com base na obediência a autoridade e ordem social. O correto é cumprir seu dever na sociedade, preservar a ordem social, e manter o bem-estar da sociedade ou do grupo. O ponto de vista é o do sistema ou do grupo social como um todo, e considera os interesses individuais dentre desse quadro de referência mais amplo. O argumentação moral no estágio quatro está além da necessidade de aprovação individual exibida no estágio três; a sociedade deve aprender a transcender necessidades individuais. Um ideal (ou ideais) central frequentemente prescreve o que é certo ou errado, como no caso do fundacionalismo. Se uma pessoa viola uma lei, talvez todo mundo possa – portanto, há uma obrigação e um dever em manter leis e regras. A maioria dos membros ativos da sociedade permanecem no estágio quatro, onde a moralidade é predominantemente ditada por uma força externa.

Nível pós-convencional
O nível pós-convencional, também conhecido como “nível principiado”, consiste dos estágios cinco e seis do desenvolvimento moral. Há uma crescente percepção de que os indivíduos são entes separados da sociedade, e de que a perspectiva do próprio indivíduo pode tomar precedência sobre a visão da sociedade; eles podem desobedecer regras inconsistentes com princípios universais que possam ser justificados. Essas pessoas vivem de acordo com seus próprios princípios abstratos sobre o certo e o errado – princípios que tipicamente incluem direitos humanos básicos. Devido ao fato desse nível colocar a “natureza do ser antes dos outros”, o comportamento de indivíduos pós-convencionais, especialmente daqueles no estágio seis, podem ser confundido com o daqueles no nível pré-convencional. As pessoas que exibem uma moralidade pós-convencional veem as regras como necessárias e como mecanismos mutáveis – idealmente, as regras podem ajudar a manter a ordem social geral e a proteger os direitos humanos. As regras não são ditos absolutos que devem ser obedecidos sem questionamentos, podendo ser desobedecidas ou modificadas com base em justificativas universais.
O estágio 5 é o dos direitos pré-existentes e do contrato social ou utilidade. A visão de mundo de quem está neste estágio é a de que no mundo existem pessoas de diferentes opiniões, direitos, e valores. O correto é apoiar os direitos, valores e contratos jurídicos de uma sociedade, mesmo quando estão em conflito com as normas concretas do grupo. As leis são consideradas como contratos sociais em vez de um mandamento rígido. Aquelas que não promovem o bem-estar geral devem ser modificadas quando necessário para adequar-se ao “bem máximo para o maior número de pessoas”. Isso é atingido através da decisão da maioria, e do comprometimento inevitável. Muitos dos atos de um governo democrático são baseados no estágio cinco.
O estágio 6 é o dos princípios universais éticos. As leis e acordos sociais só são válidos na medida em que derivam de tais princípios. Assim, quando a lei viola esses princípios, é preciso agir de acordo com eles. Os princípios em questão são os da igualdade dos seres humanos e o respeito por sua dignidade como indivíduos, considerados como fins e não enquanto meios, como na filosofia de Immanuel Kant. Existe uma capacidade de se imaginar no lugar do outro. O ponto de vista é universalista, transcendendo grupos e sociedades particulares, e se baseia numa ética válida para todos, da qual derivam arranjos e instituições concretas. Os direitos escritos formalmente não são necessários, pois os contratos sociais não são essenciais para a ação moral deôntica. O indivíduo age porque é o correto a ser feito, não porque tal ação é instrumental, esperada, legal, ou foi previamente acordada. Para Kohlberg, raras pessoas atingem este estágio.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Nova Pesquisa Revela - Neutrinos não são mais rápidos que a Luz


O Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN) confirmou nesta sexta-feira: os neutrinos não se deslocam mais rápido do que a luz. A declaração do CERN põe fim a uma discussão iniciadaem setembro do ano passado, quando a equipe Ópera anunciou que alguns neutrinos haviam percorrido os 730 quilômetros superando ligeiramente (por 6 km/s) a velocidade da luz no espaço (cerca de 300.000 km/s), considerada até o momento um limite insuperável. Caso essa hipótese fosse confirmada, a física moderna teria que ser revista, inclusive a Teoria da Relatividade, que propõe que nenhum corpo com massa pode superar a velocidade da luz.

"Os neutrinos enviados do laboratório de Gran Sasso (Itália) respeitam o limite de velocidade cósmica", afirmou o diretor de pesquisa do CERN, Sergio Bertolucci, na Conferência Internacional sobre Física e Astrofísica dos Neutrinos em Kyoto, no Japão. As informações sobre o anúncio foram divulgadas no Twitter e no site do CERN.
"Os quatro experimentos feitos em Gran Sasso - Borexino, Icarus, LVD e Opera - mediram uma velocidade dos neutrinos comparada à velocidade da luz. Isso põe em evidência que os resultados captados pelo Opera em setembro podem ser atribuídos a um erro no sistema de medição de seu sistema de fibra óptica", afirmou Bertolucci. "Apesar de este resultado não ser tão interessante como alguns queriam, no fundo é o que todos esperávamos", admitiu o pesquisador.
Logo após ser divulgada a informação de que os neutrinos tinham viajado a uma velocidade superior à da luz em 20 partes por milhão, o CERN reagiu com prudência e pediu imediatamente novas medições independentes. "O fato chamou a atenção do público, e deu às pessoas a oportunidade de ver o método científico em ação. Um inesperado resultado pôs o estudo sob olhar público e permitiu a colaboração de diferentes experimentos para verificar os resultados. Assim é como a ciência avança", disse Bertolucci.
Em março, o CERN já tinha adiantado que os resultados obtidos pelos novos experimentos refutavam a ideia de que os neutrinos tinham viajado mais rápido que a luz. Naquela ocasião, o centro explicou que a conclusão sobre o caso seria anunciada dois meses depois, o que acontece agora.

O que é um neutrino?
Neutrinos são partículas subatômicas (como o elétron e o próton), sem carga elétrica (como o nêutron), muito pequenas e ainda pouco conhecidas. São gerados em grandes eventos cósmicos, como a explosão de supernovas, em reações nucleares no interior do Sol e também por aceleradores de partículas. Viajam perto da velocidade da luz e conseguem atravessar a matéria praticamente sem interagir com ela. Como não possuem carga, não são afetados pela força eletromagnética. Existem três variantes de neutrinos: o neutrino do múon, o neutrino do tau e o do elétron.
Por que um corpo com massa não é capaz de atingir a velocidade da luz?
De acordo com as equações da Teoria da Relatividade, quanto mais um corpo se aproxima da velocidade da luz, mais energia é necessária para que ele continue ganhando velocidade. Essa energia teria que ser infinita — uma quantidade maior, por exemplo, do que a existente no universo — para que esse corpo fosse acelerado até a velocidade da luz.
Entenda o experimento Opera
Os pesquisadores enviaram neutrinos, um tipo de partícula subatômica, dos laboratórios do CERN, na Suíça, para outras instalações a 732 quilômetros em Gran Sasso, na Itália, e descobriram que elas chegaram 60 bilionésimos de segundo antes da luz. A equipe fez a medição 16.000 vezes e chegou a um nível estatístico que a ciência aceita como descoberta formal. Depois, contudo, foi confirmada uma falha nos equipamentos de medição.

Revista Veja Online - 08/06//12 (Com Agência EFE)

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