Chega-nos agora essa revelação de que Einstein achava a idéia de Deus uma construção humana, “uma fraqueza”. Quem já leu a biografia de Einstein não teve nenhuma surpresa: ele não acreditava no Deus da Bíblia, no Deus pessoal dos cristãos ou dos judeus. No máximo, ele acreditava numa ‘força’ que tudo move e tudo mantém.
Assim, sua carta ao seu amigo filósofo Eric Gutkind, escrita um ano antes de sua morte em 1955, recentemente encontrada, ou melhor, revelada, não traz nenhuma surpresa ao relatar: “A palavra Deus é para mim nada mais do que expressão e produto da fraqueza humana". E ainda: “A Bíblia é uma coleção de lendas honráveis, ainda que primitivas”. “A religião judaica, como todas as outras religiões, é uma encarnação das superstições mais infantis.” Ele ainda afirmou que não crê que os judeus sejam “o povo escolhido".
Para os conhecedores do pensamento e da vida de Einstein, nenhuma surpresa. Lógico, ele era no máximo um ‘teísta’, acreditando que uma ‘força maior’ deu início a tudo e tudo mantém. Desta forma, para ele, a idéia de Deus (um Deus pessoal que interfere no curso da história, que recompensa ou que pune) é apenas uma construção humana. Para outros pesquisadoresde sua vida, ele tinha uma crença próxima do ‘deísmo’ de Baruch Spinoza: acreditava que Deus se revelava através da harmonia das leis da natureza, rejeitando assim o Deus pessoal que intervém na História. Era também crente no total ‘determinismo’ do universo e excluía a possibilidade do livre arbítrio dos seres humanos. Para Einstein “o Homem é livre de fazer o que quer, mas não é livre de querer o que quer”.
Já era um fato conhecido que Einstein era irônico e até jocoso com relação à religião. A seguinte carta breve de Einstein, escrita a 24 de Setembro de 1946 a Isaac Hirsch, o presidente da Congregação B'er Chaym, ilustra bem a relação de Einstein com a religião judaica e o seu sentido de humor típico:
“Meu caro Sr. Hirsch, muito obrigado pelo seu gentil convite. Apesar de eu ser uma espécie de ‘santo Judeu’, tenho estado ausente da Sinagoga há tanto tempo, que receio que Deus não me iria reconhecer, e se me reconhecesse seria ainda pior. Com os meus melhores cumprimentos e votos de bons feriados para si e para a sua congregação. Agradecendo mais uma vez, A. Einstein.”
Como encarar então suas afirmações anteriores: “Deus não joga dados com o Universo” e, “A ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega.” “Deus é sutil, mas não é maldoso.” ??? Afirmações que parecem mostrar uma certa ‘crença’ em um Deus mais próximo...
Fácil: na mesma época dessas mesmas declarações, ele já afirmava: “Não creio no Deus da teologia que recompensa o bem e pune o mal.”
O que se vê agora, após a publicação destas frases (dirigidas a Eric Gutkind), são os comentaristas de plantão (na maioria, bastante desinformados e superficiais) querendo fazer apologia do ateísmo em cima das frases do cientista. Se conhecessem bem o pensamento de Einstein, nem se dariam ao trabalho de comentar mais essa afirmação.
Einstein era um cientista, não um teólogo. Ele era uma autoridade – em física. Mesmo como cientista, cometeu erros significativos. Teve, contudo, tempo para se retratar das afirmações sobre a ‘constante cosmológica’. Sua negação do ‘princípio da incerteza’, de Heisenberg, quando afirmou que “Deus não joga dados com o Universo”, teve como contraposição a resposta de um outro grande físico, Max Born, de que não cabia a ele (Einstein) dizer como Deus devia agir. Einstein não era orgulhoso: mais tarde, teve a humildade de reconhecer que errou.
Vale a pena conhecer de Einstein algumas crenças ‘pessoais’:
Sobre os ‘buracos negros’: “Não acredito que objetos assim possam existir.”
Sobre a ciência: “Uma coisa que aprendi nessa longa vida: toda nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil – ainda sim é a coisa mais preciosa que nós temos.”
Sobre a ‘realidade’: “No esforço para compreender a realidade, somos como um homem tentando entender o mecanismo de um relógio fechado. Ele vê o mostrador e os ponteiros, ouve o seu tique-taque mas não tem meios para abrir a caixa. Se esse homem for habilidoso, poderá imaginar um mecanismo responsável pelos fatos que observa, mas nunca poderá ficar completamente seguro de que sua hipótese seja a única possível.”
Sobre a capacidade humana e o Universo: “Existem apenas duas coisas infinitas - o Universo e a estupidez humana. E não tenho tanta certeza quanto ao Universo.”
Einstein não era um homem religioso e, é claro, não era um teólogo. Assim, ele não era nenhuma autoridade para falar sobre Deus a partir dessa perspectiva. Mas como qualquer pessoa, ele podia crer em Deus à sua maneira e manifestar-se sobre isso. Aliás, o conhecimento acerca de Deus não está alicerçado no campo cognitivo, mas no espiritual e ‘conhecer’ de fato a Deus, esse conhecimento de Deus pertence àquelas pessoas que se relacionam com Ele.
Assim, sua carta ao seu amigo filósofo Eric Gutkind, escrita um ano antes de sua morte em 1955, recentemente encontrada, ou melhor, revelada, não traz nenhuma surpresa ao relatar: “A palavra Deus é para mim nada mais do que expressão e produto da fraqueza humana". E ainda: “A Bíblia é uma coleção de lendas honráveis, ainda que primitivas”. “A religião judaica, como todas as outras religiões, é uma encarnação das superstições mais infantis.” Ele ainda afirmou que não crê que os judeus sejam “o povo escolhido".
Para os conhecedores do pensamento e da vida de Einstein, nenhuma surpresa. Lógico, ele era no máximo um ‘teísta’, acreditando que uma ‘força maior’ deu início a tudo e tudo mantém. Desta forma, para ele, a idéia de Deus (um Deus pessoal que interfere no curso da história, que recompensa ou que pune) é apenas uma construção humana. Para outros pesquisadoresde sua vida, ele tinha uma crença próxima do ‘deísmo’ de Baruch Spinoza: acreditava que Deus se revelava através da harmonia das leis da natureza, rejeitando assim o Deus pessoal que intervém na História. Era também crente no total ‘determinismo’ do universo e excluía a possibilidade do livre arbítrio dos seres humanos. Para Einstein “o Homem é livre de fazer o que quer, mas não é livre de querer o que quer”.
Já era um fato conhecido que Einstein era irônico e até jocoso com relação à religião. A seguinte carta breve de Einstein, escrita a 24 de Setembro de 1946 a Isaac Hirsch, o presidente da Congregação B'er Chaym, ilustra bem a relação de Einstein com a religião judaica e o seu sentido de humor típico:
“Meu caro Sr. Hirsch, muito obrigado pelo seu gentil convite. Apesar de eu ser uma espécie de ‘santo Judeu’, tenho estado ausente da Sinagoga há tanto tempo, que receio que Deus não me iria reconhecer, e se me reconhecesse seria ainda pior. Com os meus melhores cumprimentos e votos de bons feriados para si e para a sua congregação. Agradecendo mais uma vez, A. Einstein.”
Como encarar então suas afirmações anteriores: “Deus não joga dados com o Universo” e, “A ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega.” “Deus é sutil, mas não é maldoso.” ??? Afirmações que parecem mostrar uma certa ‘crença’ em um Deus mais próximo...
Fácil: na mesma época dessas mesmas declarações, ele já afirmava: “Não creio no Deus da teologia que recompensa o bem e pune o mal.”
O que se vê agora, após a publicação destas frases (dirigidas a Eric Gutkind), são os comentaristas de plantão (na maioria, bastante desinformados e superficiais) querendo fazer apologia do ateísmo em cima das frases do cientista. Se conhecessem bem o pensamento de Einstein, nem se dariam ao trabalho de comentar mais essa afirmação.
Einstein era um cientista, não um teólogo. Ele era uma autoridade – em física. Mesmo como cientista, cometeu erros significativos. Teve, contudo, tempo para se retratar das afirmações sobre a ‘constante cosmológica’. Sua negação do ‘princípio da incerteza’, de Heisenberg, quando afirmou que “Deus não joga dados com o Universo”, teve como contraposição a resposta de um outro grande físico, Max Born, de que não cabia a ele (Einstein) dizer como Deus devia agir. Einstein não era orgulhoso: mais tarde, teve a humildade de reconhecer que errou.
Vale a pena conhecer de Einstein algumas crenças ‘pessoais’:
Sobre os ‘buracos negros’: “Não acredito que objetos assim possam existir.”
Sobre a ciência: “Uma coisa que aprendi nessa longa vida: toda nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil – ainda sim é a coisa mais preciosa que nós temos.”
Sobre a ‘realidade’: “No esforço para compreender a realidade, somos como um homem tentando entender o mecanismo de um relógio fechado. Ele vê o mostrador e os ponteiros, ouve o seu tique-taque mas não tem meios para abrir a caixa. Se esse homem for habilidoso, poderá imaginar um mecanismo responsável pelos fatos que observa, mas nunca poderá ficar completamente seguro de que sua hipótese seja a única possível.”
Sobre a capacidade humana e o Universo: “Existem apenas duas coisas infinitas - o Universo e a estupidez humana. E não tenho tanta certeza quanto ao Universo.”
Einstein não era um homem religioso e, é claro, não era um teólogo. Assim, ele não era nenhuma autoridade para falar sobre Deus a partir dessa perspectiva. Mas como qualquer pessoa, ele podia crer em Deus à sua maneira e manifestar-se sobre isso. Aliás, o conhecimento acerca de Deus não está alicerçado no campo cognitivo, mas no espiritual e ‘conhecer’ de fato a Deus, esse conhecimento de Deus pertence àquelas pessoas que se relacionam com Ele.
Albert Einstein foi um grande cientista e merecidamente ganhou reputação de notável por suas descobertas no campo da relatividade. Como ser humano, foi uma pessoa comum, com virtudes e defeitos. No caso dele, podemos dizer, grandes virtudes e poucos defeitos.
Thomas Heat afirma, com base em fatos históricos, que Einstein não tratava bem a sua esposa. Fruto de um relacionamento com sua namorada Mileva Maric, nasceu sua filha Lieserl, que adoeceu ainda bebê e a história registra que Einstein não se ligou nesse assunto: estava preocupado demais com suas pesquisas. Mas ele casou-se com Mileva e teve outros dois filhos, Hans e Eduard.
Mais tarde, ainda casado, envolveu-se amorosamente com sua prima Elsa Lowenthal e, alguns anos após este episódio, separou-se de Mileva. Mas mesmo separado, lembrou-se de dedicar a Mileva o valor ganho com o prêmio Nobel de 1921. Sentia-se atraído por uma de suas enteadas (Margot, filha de Elsa), mas não se envolveu com ela.
O próprio Einstein reconheceu que sua carta ao presidente Roosevelt incentivou a criação da bomba atômica, mas depois ele dedicou grande parte de seus últimos anos em campanhas pela paz mundial.
Como se vê, as contradições presentes na vida do grande físico mostram o quanto ele se equivocava e errava. Mas estes são apenas detalhes e, para sermos generosos, devem ser rapidamente esquecidos. O que se deve ressaltar em cada pessoa são suas contribuições positivas e Albert Einstein nos deixou muitas.
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