domingo, 13 de novembro de 2016

Emília Ferreiro

Emília Ferreiro é uma psicolinguista argentina que doutorou-se pela Universidade de Genebra, orientada por Jean Piaget. A sua carreira profissional foi especialmente construída no México. Ela inovou ao utilizar a teoria do mestre de Genebra para investigar um campo que não tinha sido objeto direto de estudo piagetiano: a alfabetização. Por muitos anos foi pesquisadora do Instituto Politécnico Nacional, no México.

Para Emília as crianças chegam à escola sabendo várias coisas sobre a língua. É preciso avaliá-las para determinar estratégias para sua alfabetização. Apesar da criança construir seu próprio conhecimento, no que se refere à alfabetização, cabe ao  professor, organizar atividades que favoreçam a reflexão sobre a escrita.

 A contribuição de Emília Ferreiro ocorre especialmente no que se refere à alfabetização. Para ela é preciso respeitar o nível de desenvolvimento dos estudantes, verificando em primeiro lugar em que altura do processo da leitura e da escrita eles estão.

Diagnosticar quanto os alunos já sabem antes de iniciar o processo de alfabetização é um preceito básico do livro Psicogênese da Língua Escrita, que Emília escreveu com Ana Teberosky em 1979. A obra, um marco na área, mostra que as crianças não chegam à escola vazias, sem saber nada sobre a língua. De acordo com a teoria, toda criança passa por quatro fases até que esteja alfabetizada. A estas fases, Emília dá o nome de hipóteses (justamente porque a criança constrói hipóteses sobre a sua compreensão da escrita):
pré-silábica: não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada;
silábica: interpreta a letra à sua maneira, atribuindo valor de sílaba a cada letra;
silábico-alfabética: mistura a lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas;
alfabética: domina, enfim, o valor das letras e sílabas.



Há uma tentativa de se estruturar essa metodologia em torno de princípios que organizam a prática do professor. O fato de a criança aprender a ler e escrever lendo e escrevendo, mesmo sem saber fazer isso, é um desses princípios. Nas escolas verdadeiramente construtivistas, os alunos se alfabetizam participando de práticas sociais de leitura e de escrita. A referência de texto para eles não é mais uma cartilha, mas textos às vezes complexos.

Hoje, o conhecimento sobre esse processo continua avançando. Apesar de ter proporcionado aos educadores uma nova maneira de analisar a aprendizagem da língua escrita, o trabalho da pesquisadora argentina não dá indicações de como produzir ensino. Não existe o "método Emilia Ferreiro", com passos predeterminados, como muitos ainda possam pensar. Mas existem indicações de como se processar a construção do conhecimento. No entanto, há polêmica em torno do trabalho da psicolinguista. Os professores não têm à disposição uma metodologia de ensino da língua escrita coerente com as mudanças apontadas pela psicolinguista. E hoje ainda se reacendem os debates sobre qual é o caminho mais adequado e rápido para se alfabetizar uma criança: se o caminho global apontado por Emília (do todo para as partes) ou, por exemplo, se caminhos fônicos, silábico-alfabéticos, apontados por outros estudiosos da alfabetização em diferentes países (das partes para o todo), ou mesmo a utilização de vários caminhos ao mesmo tempo.

Referências:
FERREIRO, Emilia e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Artmed Editora. Porto Alegre. 1999.
Link: http://novaescola.org.br/conteudo/338/emilia-ferreiro-estudiosa-que-revolucionou-alfabetizacao

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