Emília Ferreiro é uma psicolinguista
argentina que doutorou-se pela Universidade de Genebra, orientada por Jean
Piaget. A sua carreira profissional foi especialmente construída no México. Ela
inovou ao utilizar a teoria do mestre de Genebra para investigar um campo que
não tinha sido objeto direto de estudo piagetiano: a alfabetização. Por muitos
anos foi pesquisadora do Instituto Politécnico Nacional, no México.
Para Emília as crianças chegam à
escola sabendo várias coisas sobre a língua. É preciso avaliá-las para
determinar estratégias para sua alfabetização. Apesar da criança construir seu
próprio conhecimento, no que se refere à alfabetização, cabe ao professor, organizar atividades que favoreçam
a reflexão sobre a escrita.
A contribuição de Emília Ferreiro ocorre
especialmente no que se refere à alfabetização. Para ela é preciso respeitar o
nível de desenvolvimento dos estudantes, verificando em primeiro lugar em que
altura do processo da leitura e da escrita eles estão.
Diagnosticar quanto os alunos já
sabem antes de iniciar o processo de alfabetização é um preceito básico do
livro Psicogênese da Língua Escrita, que Emília escreveu com Ana Teberosky em 1979. A obra, um marco na
área, mostra que as crianças não chegam à escola vazias, sem saber nada sobre a
língua. De acordo com a teoria, toda criança passa por quatro fases até que
esteja alfabetizada. A estas fases, Emília dá o nome de hipóteses (justamente
porque a criança constrói hipóteses sobre a sua compreensão da escrita):
pré-silábica: não consegue
relacionar as letras com os sons da língua falada;
silábica: interpreta a letra à
sua maneira, atribuindo valor de sílaba a cada letra;
silábico-alfabética: mistura a
lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas;
alfabética: domina, enfim, o
valor das letras e sílabas.
Há uma tentativa de se estruturar
essa metodologia em torno de princípios que organizam a prática do professor. O
fato de a criança aprender a ler e escrever lendo e escrevendo, mesmo sem saber
fazer isso, é um desses princípios. Nas escolas verdadeiramente
construtivistas, os alunos se alfabetizam participando de práticas sociais de
leitura e de escrita. A referência de texto para eles não é mais uma cartilha,
mas textos às vezes complexos.
Hoje, o conhecimento sobre esse processo continua avançando. Apesar de ter proporcionado aos educadores uma nova maneira de analisar a aprendizagem da língua escrita, o trabalho da pesquisadora argentina não dá indicações de como produzir ensino. Não existe o "método Emilia Ferreiro", com passos predeterminados, como muitos ainda possam pensar. Mas existem indicações de como se processar a construção do conhecimento. No entanto, há polêmica em torno do trabalho da psicolinguista. Os professores não têm à disposição uma metodologia de ensino da língua escrita coerente com as mudanças apontadas pela psicolinguista. E hoje ainda se reacendem os debates sobre qual é o caminho mais adequado e rápido para se alfabetizar uma criança: se o caminho global apontado por Emília (do todo para as partes) ou, por exemplo, se caminhos fônicos, silábico-alfabéticos, apontados por outros estudiosos da alfabetização em diferentes países (das partes para o todo), ou mesmo a utilização de vários caminhos ao mesmo tempo.
Referências:
FERREIRO, Emilia e TEBEROSKY,
Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Artmed Editora. Porto Alegre. 1999.
Link: http://novaescola.org.br/conteudo/338/emilia-ferreiro-estudiosa-que-revolucionou-alfabetizacao
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