sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Fico ou não fico?

Mexendo em meus arquivos do passado encontrei uma poesia que escrevi em 1993, há 15 anos. No segundo semestre daquele ano Itamar Franco era presidente do Brasil e mostrava indecisão quanto ao seu futuro político (não havia a reeleição). Afirmava que não tinha apego ao poder e que poderia sair quando bem entendesse. Naquela mesma época, após trabalhar por quase cinco anos em um mesmo colégio, eu começava a visualizar outras oportunidades (uma acabou se concretizando) e estava na dúvida se ficava ou se saía. Eu cursava o último ano de Pedagogia (minha segunda faculdade), e queria uma oportunidade de atuar nas áreas específicas do curso. Eu vivia um momento de pessimismo, tanto em minha visão política, quanto no campo pessoal. Acho que isso contextualiza um pouco do que essa poesia expressou na época.

Recitando


Fico
(Frank Viana Carvalho, setembro de 1993)

Não sei se fico ou se não fico,
não sei se fico ou se vou
Para onde vou se não fico?
Ou se fico: onde estou?

Dom Pedro resolveu ficar:
não sei bem porque ficou.
Se não ficasse, o que ia mudar?
Mas o “fico”, o que mudou?

Mudar, não mudou nada.
Por isso Dom Pedro ficou:
uma colônia escravizada,
É o que o “fico” nos deixou?

Foi a vontade de partir,
do “fico”, a grande herança,
Deixar o Brasil e seguir;
ficar, só na lembrança.

Hoje, com a presidência dividida:
não sabe se fica ou se vai.
Se não fica, se estrumbica,
se fica, acha que cai;

Indeciso, bastou o imperador,
Na dúvida, não precisa ficar.
Certeza, eu tenho do clamor
de alegria, que o povo vai dar.

Mas o fico a muitos desespera,
sem saber se ficam ou se vão.
Assim, no compasso de espera,
para melhorar a situação:

Não sei se fico ou se não fico,
não sei se fico ou se vou
Para onde vou se não fico?
Ou se fico: onde estou?

Um comentário:

Anônimo disse...

muito legal! isso e a minha cara pois sou uma pessoa indecisa, mais muito indecisa...
Gostei muito, dem elaborada.
AIDA

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