Praticando a Interdisciplinaridade
Frank Viana Carvalho
Duzolina Alfredo Filipe de Oliveira
Desde o advento da escola moderna com Comenius (Didática Magna), a prática pedagógica, embora tenha muitas virtudes, ao longo dos anos levou a escola a tratar os conhecimentos e acontecimentos da realidade social de forma fragmentada e desvinculada das experiências significativas do educando, não dando o real valor e unicidade aos contextos culturais, científicos, sociais, políticos econômicos e pessoais. Há necessidade de se trabalhar a abordagem contextualizada fundamentada no ponto de vista globalizador, buscando a operacionalização através do aprendizado da interdisciplinaridade. Ao adotarmos o exercício interdisciplinar na escola, envolvemos todos os educadores de diferentes formações e conseguimos envolver os temas transversais às disciplinas. Só assim professores e alunos compartilham o aprendizado e constroem juntos o conhecimento.
Embora a escola considere que a divisão e subdivisão dos saberes em áreas e disciplinas visava facilitar o ensino, muitos educadores estão certos de que isso em grande medida fragmentou e dificultou a necessária interligação que há no conhecimento. A Interdisciplinaridade parte do pressuposto que a realidade é una e indivisível e concebe o conhecimento como aberto a despeito de suas múltiplas faces, exigindo de educadores e educandos uma maneira de ensinar e aprender que desenvolva a competência de estabelecer relações entre partes e o todo, superando a concepção unidirecional e fragmentada do conhecimento.
A prática pedagógica é uma atividade complexa e dinâmica, que se efetiva em espaços educacionais ou em ambientes voltados a esse fim, voltados à formação do estudante. Para entender a demanda do contexto atual, deve ser organizada de modo que possibilite a formação de um cidadão critico capaz de lidar conscientemente com a realidade cientifica e tecnológica na qual está inserido. A aprendizagem é sempre potencialização de reconstrução de conhecimentos científicos, culturais, sociais e políticos.
A melhor maneira de fazer com que isso aconteça é através da interdisciplinaridade que deve ir além da simples justaposição de disciplinas ao interagimos em busca de objetivos comuns. Mas para isso é necessário ter uma visão do que ocorre em outras áreas e disciplinas. Devemos através do trabalho pedagógico incentivar uma aproximação para envolver docentes, discentes e disciplinas em atividades ou projetos de estudo, projetos de pesquisa e ação. A interdisciplinaridade poderá ser uma prática pedagógica e didática eficaz ao cultivarmos um diálogo constante entre os saberes e desafiarmos os alunos a posturas construtivas de questionamento, de aprovação, de indeferimento, de acréscimo e de transparência sobre a sua compreensão dos conhecimentos. Na interdisciplinaridade os alunos aprendem a visão do mesmo objeto sob prismas distintos.
A prática da interdisciplinaridade possui uma linha de trabalho integradora que pode agregar um objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Quando problematizamos uma situação, o problema causador do projeto pode ser uma experiência, um desencadeamento de ação para interferir na realidade ou aprofundar os conhecimentos de uma área. Por vezes o tema ou assunto unificador propicia várias abordagens e projetos nas diferentes disciplinas, e em outros momentos é o modelo de abordagem ou a estratégia metodológica que permitirá ao aluno visualizar a interação e proximidade dos temas comuns às áreas. Devemos nos conscientizar que os projetos integradores são interdisciplinares em sua compreensão, cumprimento e avaliação.
Em termos pedagógicos, a interdisciplinaridade também pode ser substituída por outros termos como multidisciplinaridade, transdisciplinaridade e pluridisciplinaridade, pois as mesmas permitem compreender a organização dos saberes em áreas e criam contextos para unificar ou aproximar estes conhecimentos.
A interdisciplinaridade envolve a contextualização do conhecimento, que mantém uma relação fundamental entre o sujeito que aprende e o componente a ser aprendido, evocando fatos da vida pessoal, social e cultural, principalmente o trabalho, os valores e a cidadania. Quando os alunos participam da tomada de decisão a respeito de um tema ou na construção de um projeto, é possível que constituam relações entre os novos conteúdos e os conhecimentos que já possuem, conseguindo aprendizagens mais significativas, comparando, criticando, sugerindo ajustes, novas relações e organizações, abrindo portas para a interferência em uma realidade, desencadeamento novas ações e construindo um compromisso com uma cidadania ativa.
Referências:
PERRENOUD, Phillipe. Construir competências desde a escola.
Sites: Nova Escola, Portal Educação, Brasil Escola.
Fonte da Imagem: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/jornal/materias/0440.html
Fonte da Imagem: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/jornal/materias/0440.html