E no final da vida, o que fica?
Pensando sobre esta questão, que de fato é fundamental ao humano,
Bronnie Ware, uma enfermeira que durante vários anos cuidou de pessoas que eram
muito idosas ou estavam enfermas em suas casas - escreveu “The Top Five Regrets
of the Dying - A Life Transformed by the Dearly Departing”, que, como o título
diz, trata dos cinco arrependimentos mais comuns manifestados pelas pessoas
antes de morrerem. Interessante é que quando cursei teologia, tive duas
experiências assemelhadas a essa: visitei várias vezes o asilo que funcionava
no Bairro da Alvorada, próximo ao portão principal do UNASP. Entre uma música e
outra (eu tocava músicas ao violão para eles), fazia perguntas e ouvi tantas
vezes os velhinhos relatarem coisas semelhantes; a outra foi quando fiz uma
série de visitas ao longo de um semestre ao setor de queimados de um grande hospital
de São Paulo.
A enfermeira Bronnie Ware passou muitos anos trabalhando com cuidados
paliativos, cuidando de pacientes em seus últimos três meses de vida. Ela conta
que os pacientes ganharam uma clareza de pensamento incrível no fim de suas
vidas e que podemos aprender muito desta sabedoria. "Quando questionados
sobre desejos e arrependimentos, alguns temas comuns surgiam
repetidamente", disse Bronnie ao jornal britânico "The
Guardian".
No livro da Bronnie aparecem essas ideias, e os comentários dela:
1. Eu gostaria de ter tido a coragem de viver a vida que eu quisesse,
não a vida que os outros esperavam que eu vivesse.
"Esse foi o arrependimento mais comum. Quando as pessoas percebem
que a vida delas está quase no fim e olham para trás, é fácil ver quantos
sonhos não foram realizados. A maioria das pessoas não realizou nem metade dos
seus sonhos e têm de morrer sabendo que isso aconteceu por causa de decisões
que tomaram, ou não tomaram. A saúde traz uma liberdade que poucos conseguem
perceber, até que eles não a têm mais."
2. Eu gostaria de não ter trabalhado tanto.
"Eu ouvi isso de todo paciente masculino que eu trabalhei. Eles
sentiam falta de ter vivido mais a juventude dos filhos e a companhia de seus
parceiros. As mulheres também falaram desse arrependimento, mas como a maioria
era de uma geração mais antiga, muitas não tiveram uma carreira. Todos os
homens com quem eu conversei se arrependeram de passar tanto tempo de suas
vidas no ambiente de trabalho."
3. Eu queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos.
"Muitas pessoas suprimiram seus sentimentos para ficar em paz com
os outros. Como resultado, ele se acomodaram em uma existência medíocre e nunca
se tornaram quem eles realmente eram capazes de ser. Muitos desenvolveram
doenças relacionadas à amargura e ressentimento que eles carregavam."
4. Eu gostaria de ter ficado em contato com os meus amigos.
"Frequentemente eles não percebiam as vantagens de ter velhos
amigos até eles chegarem em suas últimas semanas de vida e não era sempre
possível rastrear essas pessoas. Muitos ficaram tão envolvidos em suas próprias
vidas que eles deixaram amizades de ouro se perderem ao longo dos anos. Tiveram
muito arrependimentos profundos sobre não ter dedicado tempo e esforço às
amizades. Todo mundo sente falta dos amigos quando está morrendo."
5. Eu gostaria de ter me permitido ser mais feliz.
"Esse é um arrependimento surpreendentemente comum. Muitos só
percebem isso no fim da vida que a felicidade é uma escolha. As pessoas ficam
presas em antigos hábitos e padrões. O famoso 'conforto' com as coisas que são
familiares O medo da mudança fez com que eles fingissem para os outros e para
si mesmos que eles estavam contentes quando, no fundo, eles ansiavam por rir de
verdade e aproveitar as coisas bobas em suas vidas de novo."
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