Meu amigão postou em seu blog as intrigantes perguntas da Revista Ciência e Vida, na verdade os ‘dez maiores enigmas da ciência’. Achei as perguntas muito interessantes e me desafiei não a respondê-las, mas comentá-las. Vou por etapas. Na sequência aparecem as questões intrigantes sobre a origem da Vida a partir da perspectiva Evolucionista.
Perguntas Intrigantes I
1. Por que há qualquer coisa em vez do nada?
Essa pergunta é desafiadora para quem não acredita em desígnio e propósito. E para quem acredita em propósito, o desafio é outro: entender claramente esse propósito. E observe que é uma pergunta que pede respostas em pensamento divergente, pois a grande questão continua:
por que o Universo existe?
Como a pergunta inicial é de fato difícil e nos remete à origem de tudo, fica aqui outra questão desafiadora. Das duas uma: ou o Universo sempre existiu ou Deus sempre existiu. Intelectual e racionalmente temos que decidir por uma. Mas analise, se o Universo sempre existiu, como explicar a segunda lei da termodinâmica (a entropia), o big bang, o afastamento das galáxias e a própria ‘existência eterna’ do Universo?
2. Como surgiu a vida?
Se a vida provém de Deus, a resposta é suficiente por si mesma e como ela ocorreu passa a ser apenas um detalhe. A questão que não foi feita é ‘como Deus surgiu’? Podemos responder racionalmente com muita limitação e talvez uma das respostas mais inteligentes (e criativas) já foi dada por Agostinho: Deus não ‘surgiu’ ou foi ‘criado’, porque Deus sempre existiu. E sempre existiu porque foi Ele quem criou o tempo e tudo o mais.
Se a vida surgiu ao acaso, a resposta é bem mais difícil, embora alguns cientistas queiram fazê-la parecer fácil. Dadas as impossibilidades e improbabilidades da matéria inorgânica e mesmo orgânica evoluir ao acaso até um ser vivo, e esse ser vivo já surgir como ‘unidade funcional’ e capacidades de auto proteção, auto reprodução, sistemas digestivo e excretor e um não compreendido senso de existência (que o levaria a manter-se e procriar-se), e tudo isso sem ter ‘consciência’ (se é que nós sabemos o que é consciência), a resposta dos evolucionistas ateístas tende mais para um ato de fé religiosa do que de fé na ciência.
3. Há outros Universos?
A expressão ‘multiverso’, destacada no segundo livro de Sthephen Hawking, tem intrigado a comunidade científica, pois além das fronteiras do Universo fica a pergunta: o que haverá? Se o Universo tem o tamanho medido pela distância das estrelas mais distantes (observadas pelos potentes telescópios), começa ali um ‘vazio’, um ‘nada’? Se sim, e depois? E além disso, questões intrigantes da física quântica, que nos remetem a um ‘delicado’ equilíbrio cósmico, sugerem para alguns a necessidade de uma ‘contraposição’ material em outra dimensão para que tudo que aqui existe se mantenha.
E tem ainda a questão dos ‘buracos de minhoca’, verdadeiras passagens ou atalhos entre diferentes dimensões ou Universos – postulados pelas pesquisas de físicos de renome. E se existem outros Universos, quantos eles seriam? E como seriam? Haveria neles outros seres ‘inteligentes’? Se existem ‘vários’ Universos, eles ocupam todo o ‘vazio’ ou o ‘nada’? Até onde vai o ‘nada’? O ‘nada’ é um ‘espaço vazio’ que vai sendo preenchido por ‘coisas’ ou o nada é a absoluta ausência de qualquer coisa, inclusive do espaço? Até onde vai o limite de nossa inteligência em tentar compreender essas coisas?
Temos aqui mais uma antinomia da razão. Imaginar um Universo finito é muito pouco para a nossa inteligência e capacidade racional. Imaginar um Universo infinito vai muito além da nossa razão e não podemos concebê-lo.
Obs. As perguntas que o Ebenézer apresenta estão no endereço do seu blog: http://detextoemtexto.blogspot.com/
Perguntas Intrigantes II
O que penso sobre o Design Inteligente
O Design Inteligente usa de fato verdades científicas, e
onde a Ciência não dá uma explicação para o fenômeno, ou ela não é conclusiva
(desde o ponto de vista da própria comunidade científica), ele (design
inteligente) explica associando a intervenção divina...
Há cientistas que valorizam o DI... mas acertadamente
afirmam que, por incluir elementos metafísicos (espirituais - ação divina) nas
explicações dos fenômenos científicos, que deixa de ser apenas ciência, e entra
no campo da fé, da religião, ou da crença espiritual.
E fé, de acordo com os estudiosos do campo das religiões e
espiritualidade é confiança naquilo que não se pode provar. No cristianismo é a
própria definição de Paulo (Carta aos Hebreus 11: 1): “fé é o firme fundamento
das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem”.
Os defensores do DI, alegam corretamente que a Ciência tem
limites e fronteiras sem explicações, ou com explicações que indicam uma
significativa dose de confiança na teoria (ou teorias) que explica(m) o(s)
fenômeno(s).
Essa confiança depositada numa teoria, que os cientistas de
uma forma geral demonstram, para os aficcionados do DI é equivalente a um ato
de fé. E olha que muitas vezes é uma confiança numa teoria criada por outros,
que se basearam em pesquisas não conclusivas de outros.
Não há dúvidas de que algumas teorias são matematicamente
críveis.
Pois essa confiança dos cientistas é um acreditar (para o
grupo do DI, 'crer') sem que se possa ter provas concretas (irrefutáveis), mas
apenas um modelo teórico que explica o fenômeno. Tanto é assim, que de tempos
em tempos um modelo é substituído por outro (mais crível, melhor embasado, mais
confiável).
Ou seja, o DI é sério e científico, mas para mim ele de fato
ele inclui explicações metafísicas ou sobrenaturais nas lacunas ou limites da
ciência, e por esse motivo, é uma mistura de ciência séria e crenças religiosas.
O Michael Behe, pai do DI, se declara evolucionista
convicto. Ele afirma que Deus dirigiu a evolução. Ou seja, o pai do DI não é
criacionista. Por outro lado, o Francis Collins, evolucionista convicto também,
um dos pais do genoma (pesquisas sobre o DNA), não aceitou o DI, mas escreveu
uma obra dedicada à sua crença religiosa em Deus e à maravilha do GENOMA e seu
processo (o intrincado e complexo sistema e processo de replicação que ocorre
na relação RNA e DNA). Em nenhum momento da explicação, ele apela para a
intervenção divina no processo, mantendo-se apenas nas explicações científicas.
Para o Collins, as leis que Deus criou dão conta do processo da evolução. Para
o Behe, no caso da criação da vida, as leis naturais criadas por Deus não são
suficientes, é necessária a intervenção divina.
O Collins crê que Deus existe, criou tudo lá no passado
imemorial, e estabeleceu as leis que guiam a evolução. O Behe crê que Deus
existe, que criou tudo lá atrás no passado imemorial, e criou as leis... mas no
caso da vida, houve necessidade de intervenção divina nas etapas do processo,
pois há impossibilidades estatísticas e matemáticas para dar conta dos
fenômenos e processos, ou mesmo impossibilidades factuais. Leiam os livros deles.
Dois evolucionistas que acreditam em Deus e continuam
evolucionistas. Um acredita no Design Inteligente, e o outro não. Os dois
acreditam em Deus (ou num Ser superior, transcendente).
Em síntese, pois o assunto é longo, muitos cientistas
evolucionistas convictos creem num Ser
superior, alguns até têm uma religião, e outros vão à igrejas ou algo
assemelhado, e nem por isso acham que as duas coisas estão ligadas.
Ou seja, separam as duas coisas (ciência e fé), seja em
palavras, palestras, escritos, seja na prática da vida mesmo.
Já os adeptos do DI acham que não dá para separar as duas
coisas, pelo menos não na explicação dos fenômenos científicos que apresentam
lacunas ou limites.
Como sou do campo da Filosofia, e tenho admiração por
Descartes e Platão, dois filósofos que entraram com segurança no campo da
metafísica, achei muito interessante o DI. Mas até onde conheço – e olha que li
tanto as obras do Michael Behe, como do Francis Collins, e assisti palestras de
ambos (estão disponíveis na internet) -, concordo com a maioria da comunidade
científica ao dizer que no DI há metafísica e crenças nas explicações. No
entanto, discordo veementemente dos cientistas que dizem que não há ciência no DI.
Tem muita ciência sim, e ciência séria.
Sendo bem sincero, e não quero parecer arrogante ou mal
educado, acho que muitos cientistas não fazem ideia clara ou noção real do que
seja o DI. Como ouviram falar de uma forma crítica, já formaram um
(pré)conceito, e rotularam o DI, sem ler a fundo a própria literatura
disponível. Parece cômico, mas essa crítica sem um conhecimento é apenas
preconceito, não é uma crítica científica.
Sim, é verdade que alguns leram a fundo e fazem críticas
fundamentadas. Mas nesse caso, eles percebem que há ciência, e também, nas
lacunas, o elemento fé e espiritualidade.
O primeiro e principal livro do Michael Behe intitula-se A
Caixa preta de Darwin, e o livro do Collins chama-se A Linguagem de Deus.
O livro A Caixa Preta de Darwin é bastante 'perturbador'
e 'intrigante' ao fundamentar suas
argumentações sobre as lacunas e limites da evolução... naqueles trechos onde a
estatística, a matemática, a lógica, a análise,
a dedução, a indução, a síntese, enfim, o processo todo fica sem
explicação, e nos livros de Ciências aparece uma proposta e a expressão “... a
natureza levou bilhões de anos neste processo”, como se o tempo, por si só,
fosse um fator quase sobrenatural que resolvesse todos os questionamentos. E, cientificamente
e respeitosamente falando, sem querer ofender a inteligência de ninguém, o
tempo não realiza impossibilidades. O Behe, com a ajuda de estatísticos mostra tanto
improbabilidades, quanto impossibilidades.
Bem, é verdade, concordo com o fato de que o DI tem essa
mistura de Ciência séria com crenças metafísicas.
E reforço, é uma injustiça o DI ser chamado de anticientífico.
Não é. Isso, de verdade, ele não é. Mas apenas ciências e tão somente ciências –
no conceito de Ciências da comunidade científica, também não.
O DI é Ciência + Metafísica... ou Ciência + Crenças
religiosas... ou Ciência + Religião.
Obs.
Sobre as lacunas da Ciência, ou ‘elos perdidos’, há vários
exemplos.
Por exemplo, observe na literatura científica recente que há
teorias que sustentam categoricamente o início da vida na Terra. E ao mesmo
tempo há outras, também atuais, que teorizam sobre o início da vida no Espaço
(em outro lugar fora daqui), tendo viajado para cá a bordo de um cometa,
asteroide, meteorito ou algo assemelhado. O fato de ter duas teorias para
explicar um mesmo fenômeno não invalida a ciência. O que ocorre é que, se uma é
cientificamente ‘comprovada’, automaticamente ela invalida a outra. A menos que
a expressão ‘cientificamente comprovado’ se refira apenas a simulações matemáticas
num programa de computador.
No que diz respeito às lacunas, o DI admite que usa a fé
para acreditar que Deus interveio no processo. No caso da ciência, ela não
admite a fé ou a intervenção sobrenatural nas lacunas, ela dá explicações para
essas lacunas e formula teorias que são críveis para a comunidade científica.
Então, cientificamente falando, são teorias, boas teorias,
sobre um tema científico.
Perguntas Intrigantes III
Agora as perguntas Intrigantes sobre a origem da Vida
Teóricos do Design Inteligente que são evolucionistas acreditam numa intervenção transcendental que possibilitaria o modelo em seus pontos críticos. Será que há pontos críticos na teoria evolucionista quando ela trata da origem da vida?
A Atmosfera Primitiva
“Em 1953, Stanley Miller fez passar uma faísca elétrica por uma atmosfera de hidrogênio, metano, amônia e vapor d’água. Isto produziu alguns dos muitos aminoácidos existentes, os quais constituem os blocos de construção das proteínas. No entanto só conseguiu 4 dos 20 aminoácidos necessários para o início da formação de um ser vivo. Até hoje, muitos anos depois, os cientistas ainda não conseguiram produzir experimentalmente, todos os 20 aminoácidos necessários, sob condições plausíveis de Laboratório. (1)
Tanto para Miller como para Oparin, os compostos de interesse biológico (seres vivos primitivos) só ocorreriam na ausência de oxigênio livre na atmosfera.”(2)
Mas, a maioria dos cientistas discorda desta colocação, dizendo que havia a necessidade da presença de oxigênio. Hitching afirma: “Havendo oxigênio no ar, o primeiro aminoácido jamais teria começado; sem oxigênio, ele teria sido extirpado pelos raios cósmicos (radiação ultravioleta)”(3)
O Caldo Orgânico
O ambiente aquoso era necessário para dar proteção às formas orgânicas primitivas da severa radiação que teria lugar na atmosfera primitiva.
“É interessante notar que Miller só poupou os quatro aminoácidos, porque os removeu da área da faísca. Se os deixasse ali, a faísca os teria decomposto.” (4) Presentes na água, os aminoácidos tenderiam a se desagregar e não o contrário. “A desagregação no ambiente aquoso é muito mais provável”(5). “A presença na água favorece a desintegração das moléculas maiores em moléculas menores.”(6)
Ambiente Seco?
Se no ambiente aquoso não poderia ter ocorrido a agregação de aminoácidos para a formação de moléculas maiores, seria necessário então um ambiente seco.
“No começo da década de 70, o biólogo Sidney Fox aqueceu a seco, a 60º C, uma mistura de aminoácidos. Obteve uma pequena mistura de polipeptídeos, aos quais chamou de proteinóides. A água resultante evaporou pelo aquecimento, Fox quis demonstrar que os aminoácidos poderiam se unir apenas com uma fonte de energia, o calor. Faltou esclarecer onde isto poderia ter ocorrido.”(7) Num ambiente seco, os aminoácidos estariam expostos à radiação, que os teria exterminado.
Aminoácidos
Existem mais de 100 aminoácidos, mas somente 20 são necessários para as proteínas presentes nos seres vivos.
As moléculas (aminoácidos) possuem uma característica interessante. Algumas são “destras”, outras são “canhotas”. Formadas ao acaso, como se dá na teoria do caldo orgânico, é muito provável que a metade fosse “destra” e a outra metade “canhota”. Todavia, dentre os 20 aminoácidos necessários nas proteínas da vida, todos são “canhotos”. Sobre isso, J. D. Bernal, evolucionista, reconhece: “É preciso admitir que tal explanação ainda continua sendo uma das partes mais difíceis de explicar quanto aos aspectos estruturais da vida. Talvez jamais consigamos explicá-lo.” (8)
Probabilidades
Considerando que os 20 aminoácidos necessários à vida se tivessem originado ao acaso, seria ainda necessário que eles se reunissem novamente ao acaso, de forma ordenada para formar uma única molécula de proteína. As moléculas necessárias à vida possuem proteínas muito complexas, o que tornam as probabilidades um tanto remotas.
Vejamos: É possível acertar ao acaso 20 números em 100 (20 aminoácidos em 100 aminoácidos). Sim, é possível – uma chance em 150.000 (cento e cinquenta mil). Como ganhar na Loteria Federal. Mas atenção, cada número (aminoácido) deve ocupar um lugar predeterminado e ordenado (na sequência correta) no mesmo instante em que se acertam os 20 números em 100. Isto eleva o cálculo probabilístico para uma chance em 10113 (1 seguido de 113 zeros). Isto para formar uma única molécula simples de proteína. Para os matemáticos, qualquer acontecimento que tenha uma probabilidade em 1050 é rejeitado e considerado como jamais ocorrendo (9). Vale lembrar que uma proteína não é um ser vivo.
O Código Genético
O código genético é uma condição sine qua non (sem a qual não se pode) para a reprodução celular. Como diz Hitching: “as proteínas dependem do DNA para se formarem. Mas o DNA não pode formar-se sem a proteína preexistente.”(10)
No DNA estão envolvidas cinco histonas (as histonas estão envolvidas em determinar as atividades dos genes). Elas são de uma complexidade extraordinária, em função de sua disposição e organização para se formar um ser vivo com suas múltiplas funções. “A probabilidade de se formar a mais simples destas histonas (apenas uma) ao acaso é de uma em 20100.”(11) “Este número expressa mais do que o total de átomos em todas as estrelas e galáxias visíveis através dos maiores telescópios astronômicos.”(12)
Referências
(1) W.T.B.T.S. A Vida, qual a sua origem? , Brooklin, NY, USA. 1985, p. 40
(2) STANLEY L. Miller e Leslie E. ORGEL. The Origin of life on the Earth, USA, 1974, p. 33,.
(3) HITCHING, Francis. The Neck of the Giraffe, USA, p. 68.
(4) W.T.B.T.S, op. Cit., p. 41.
(5) WALD, George. Física e Química da Vida, Editora IBRASA, pp. 16-17
(6) DICKERSON, Richard E. A Evolução química e a origem da vida., Revista Scientific American, setembro de 1978, p. 75
(7) BIOLOGIA VIVA, Editora Ática, p. 291
(8) BERNAL, John D. The Origin of the life (a Origem da vida). USA, 1967, p. 144
(9) W.T., op. Cit., p. 44.
(10) HITCHING, Francis. Op. Cit., p.66
(11) W.T., op. Cit., p. 45.
(12) Hoyle, Fred & Wickkramasinghe,
Evolution from Space, 1981, USA, p. 27
Fonte da Imagem: http://www.scb.org.br/