terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A Maior Picaretagem da História do Capitalismo - Agências de Classificação de Risco

A Maior Picaretagem da História do Capitalismo
Frank Viana Carvalho
Imagine quantos países há no mundo...
Imagine quantas grandes empresas há...
Imagine quantos grandes bancos há...

Pois bem, agora pense você que três agências particulares com aproximadamente 20 funcionários graduados (cada uma) se propõem a avaliar e dar notas a todos os países, grandes empresas e bancos. E para complicar, todos (ou quase todos) dão valor a avaliação dessas agências.

Pois bem, resolvi falar daquilo que me incomoda desde 2008, a avaliação de risco (ou rating) feito pelas agências Standard & Poor's, Fitch Ratings e Moody's Investors Service.

Essas agências são contratadas e trabalham por solicitação de empresas e eventualmente de países (Estados) que desejam ser classificados. A atribuição de notas (ou notação) e classificação de países ou empresas segue um padrão que expressa o grau de risco de que essas empresas ou países ('risco soberano') não paguem suas dívidas no prazo fixado.

Temos aqui inicialmente dois problemas: primeiro, os clientes das agências (ou, os classificados) são os responsáveis pelo faturamento delas (um evidente conflito de interesses) e segundo, para classificar uma empresa (ou país) é necessário compará-la com outras, mesmo que essas outras não tenham contratado tal serviço (conflito ético).

Essas agências dão notas ruins a países que enfrentam dificuldades, e isso, por sua vez, leva investidores a se afastarem desses países, piorando ainda mais a situação deles (dos países). O mesmo se aplica às empresas.

É como se uma pessoa estivesse vivendo bem financeiramente e, mesmo não precisando de crédito, recebesse notas altas de um avaliador (a agência). Mas quando as dificuldades batessem à sua porta, o avaliador rebaixaria a nota dela. E seguindo essa lógica, sendo evidente que ela precisa de dinheiro emprestado (crédito), o avaliador iria dizer às pessoas (que têm recursos) que não é seguro emprestar dinheiro para ela.

E para complicar a história, essas agências às vezes erram, como no caso do Banco Lehman Brothers que tinha recebido notação AAA dias antes pelas agências (nota máxima), e faliu. Este caso foi o estopim da crise financeira mundial de 2008, onde muita gente perdeu tudo o que tinha por acreditar nos conselhos das agências de rating.

Quem regula, avalia e fiscaliza as ações dessas agências que se deliciam em avaliar e prever o destino de sete bilhões de pessoas?

Após a crise de 2008 muito se falou de regulamentação das atividades das agências, mas nada foi feito. Seus executivos continuam ganhando salários astronômicos fruto da esperteza dos clientes e da especulação dos investidores que utilizam as avaliações (muitas vezes tendenciosas).

É irracional ou é picaretagem?

Aonde vai parar esse mundo?

Agora, com a Europa em crise, veja o noticiário do dia 05/12/11:

"A agência de avaliação de risco Standard & Poor's ameaçou na noite desta segunda-feira (5) rebaixar a nota de 15 dos 17 países da zona do euro, refletindo o agravamento da crise da dívida."(1)

Repare no atrevimento da notícia - "A agência... ameaçou...". Pode uma coisa dessas?

Algumas perguntas ficam  no ar:
1. Quando foi que essas agências ajudaram a tirar um país de uma crise?
2. Qual a contribuição ou ajuda que esse rebaixamento levará até a combalida Europa?
3. Qual o sentido de pagar salários milionários para pessoas que fazem o óbvio? É muito fácil rebaixar a nota de um país ou empresa que está em crise. É uma situação óbvia e está na cara de todo mundo. Se eles agissem como previsores de situações, incentivariam as pessoas a não colocar dinheiro em enrascadas como a do Banco Lehman Brothers.
4. Sendo que cometeram um grave erro na crise de 2008, porque os países, empresas e instituições (e a imprensa, por sua vez) dão valor a essas classificações (e continuam pagando por elas)?

O capitalismo tem as suas mazelas, mas essa é incompreensível!!!

Que algum economista (ah, se eu fosse) crie uma Classificação para essas Agências. Dou até uma sugestão:

Classificação 'Frank' para as Agências de Risco

Notas Altas e Explicações
AAA+ Quando a classificação da Agência fez com que fosse erradicada a fome e a miséria de um país.
AAA  Quando a classificação da Agência levou um país rico (ou empresa lucrativa) a investir em um país pobre para melhorar as condições de vida de sua população.
AA+ Quando a classificação da Agência tirou o país (ou empresa) de uma grave crise.
AA   Quando a classificação da Agência levou o país (ou empresa) a emprestar dinheiro para quem mais precisa.
A+    Quando a classificação da Agência trouxe melhorias para a educação e saúde de um país (ou para os funcionários de uma empresa).
   Quando a classificação da Agência levou ao aumentos dos salários de toda uma nação (ou empresa) e melhoria da qualidade de vida de todos.

Notas Medianas e Explicações
B  Quando a classificação da Agência previu que uma empresa caloteira e fraudulenta iria quebrar antes que todos soubessem disso.
Quando a classificação da Agência levou seus economistas, técnicos e dirigentes a repensarem se merecem o que estão ganhando.

Notas Baixas e Explicações
F  Quando a classificação da Agência previu o Óbvio Ululante - que um país (ou empresa) com problemas merece ser rebaixado.
Quando a classificação da Agência afastou investidores de países (e empresas) que fazem o dever de casa e ainda assim estão com dificuldades.
Z-  Quando a classificação da Agência enganou a todos e levou pessoas e instituições a investirem recursos em Bancos fraudulentos e Empresas criminosas (pseudo empresas ou empresas de fachada).

Fica aí a minha contribuição para este mundo louco e irracional das Agências de Rating e seus seguidores.

Fonte da Imagem: mantenedordafe.org

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